Autarcas, operadores
turísticos e especialistas em Ambiente alertaram, nesta segunda-feira, para a
velocidade excessiva de algumas embarcações que cruzam o rio Douro, provocando
estragos em pequenos cais e barcos, além da degradação das margens.
A Via Navegável do Douro foi inaugurada em toda a sua
extensão em 1990. São 210 quilómetros, desde o Porto até Barca d'Alva.Nos últimos anos tem-se verificado um aumento do tráfego
fluvial e do número de turistas que sobem o rio. S egundo dados da Delegação do Norte e Douro, do Instituto
Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), operam no rio 63 embarcações
turísticas, dos mais diferentes tamanhos e potência
Rui Cortes, especialista em Ambiente e investigador da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), defende que o aumento do
tráfego fluvial no Douro e a velocidade a que navegam algumas embarcações são
fatores que estão a contribuir para a degradação das margens do rio.«Tudo o que é ondulação excessiva junto à margem vai criar
exatamente esse efeito de destruição das margens, derrocada, destruição da
vegetação ribeirinha e perda dos abrigos para os peixes», afirmou, em
declarações à agência Lusa.O presidente da Câmara de São João da Pesqueira, José Tulha,
também salientou que algumas embarcações «andam a velocidades anormais para o
rio» e lembrou o «desmoronamento» de um pequeno cais na Ferradosa, o que
considera ter sido o resultado das ondulações provocadas.«Fazem ondas enormes, destroem tudo a passar e danificam os
barcos que estão atracados nos cais», alertou Alberto Teixeira, um dos
proprietários da empresa DouroVou, que aluga a turistas pequenas embarcações a
motor e à vela.Estes responsáveis reivindicam uma maior fiscalização e um
maior controlo no rio Douro. «Já alertámos por diversas vezes as autoridades
para este assunto», destacou José Tulha.Rui Cortes considerou mesmo que «não existe controle
nenhum», ao contrário do que acontece em rios de outros países, onde se
verifica uma «fiscalização muito rigorosa dos limites de velocidade».Cabe à Delegação do Norte e Douro do IPTM assegurar a
coordenação e fiscalizar as atividades no rio Douro. A fiscalização é também
feita pela Polícia Marítima (PM).Fonte da PM disse à agência Lusa que «não existe nenhum
limite de velocidade estipulado» e que «é quase impossível de controlar um
limite de velocidade no rio».No entanto, o decreto-lei n.º344-A/98, que aprovou o
regulamento da Via Navegável do Douro, diz que «as embarcações devem regular a
sua velocidade e a sua distância à margem, de modo a não criar agitação na água
capaz de causar prejuízos ou dificuldades de navegação a embarcações ou
material flutuante, estacionadas ou em trânsito, nem provocar ondulação
suscetível de causar prejuízos nas margens».Os cinco agentes da Polícia Marítima do posto da Régua
patrulham 142 quilómetros, desde a Barragem de Carrapatelo até Barca d'Alva.
Lusa
Foto :Foz do Sabor (A.F.F.M.)
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