do tempo
para o Horácio Espalha Jr. e para Moncorvo
alongou-se, talvez demais, o espaço entre as sílabas
o que prenunciava a mudança
e eu estava ali nesse silêncio compacto e viscosoda espera
digamos desse indefinido pedaço de memória
como uma mera imagem das minhas inquietações
aí então, tal faca no vazio, se revelaram os diversos tempos
o tempo inicial e informe do princípio
milhões de milhões de anos de poeira sideral
até ao tempo do meu passo sobre este mesmo chão
ou o meu tempo interior, sem tempo
do tempo medido do meu gesto
ao tempo sem tempo nenhum da minha ideia de tempo
do universo que flui de mim
ao segundo infinitesimal da ideia
passado presente e futuro são apenas construções
como o tempo da minha vila se constrói naquele fontanário da
praça
que eu vejo
mas podia nem sequer ver
podia apenas imaginar
como as pedras sobrepostas de uma escada
ou o amanhecer através da janela envidraçada deste quarto sobre a serra
aí então a minha memória poderia descobrir o tempo
definitivo que eu vejo
mas podia nem sequer ver
podia apenas imaginar
como as pedras sobrepostas de uma escada
ou o amanhecer através da janela envidraçada deste quarto sobre a serra
http://headandneckdanieldesousa.blogspot.pt/2012/05/do-tempo.html
O Daniel de Sousa é um grande poeta. Também é grande como médico na área de oncologia pediátrica. É Professor Catedrático. E não esqueceu Moncorvo nem as suas gentes.
ResponderEliminarO seu Blog "Head and Neck" é notável. Ler os seu textos e sobretudo os seus poemas faz de nós pessoas mais generosas, mais solidárias e mais tolerantes.
Um grande abraço, amigo Daniel.
Júlia
lindo poema. Mande mais
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