A instalação de um Laboratório de Conservação e Restauro na região de
Macedo de Cavaleiros tornou-se uma realidade impreterível!!
Através de um olhar atento ao concelho de Macedo de Cavaleiros (que se insere
num contexto do Nordeste Transmontano) e ao seu património, trabalho que tem
vindo a ser desenvolvido pelos colaboradores da Associação, revelou um vasto
espólio, riquíssimo e diversificado, abrangendo um amplo leque cronológico. Mas
também evidenciou uma realidade de abandono e negligência.
Esta região oferece-nos desde, artefactos arqueológicos - líticos, ossos,
cerâmicas, metais, entre outros (recolhidos pela Associação Terras Quentes na
sua actividade sistemática de prospecção e escavação nos mais diversos locais
arqueológicos), a arquitectura civil e religiosa, escultura e pintura, que são
um elemento vivo, um testemunho histórico para as gerações futuras de uma
cultura e tradições seculares, mas que permanecem muitas vezes colocadas à
margem, no esquecimento.
A observação do desaparecimento eminente do nosso património, quer seja pelas
vicissitudes do tempo, fruto de uma degradação natural, quer por negligência,
vandalismo, furto, ou por ter sido colocado nas mãos de pessoas não qualificadas
para uma correcta intervenção, tornou urgente a criação de um laboratório de
conservação e restauro, que possa servir esta região. Macedo de Cavaleiros por
ser uma zona central de toda esta região do nordeste transmontano, tornou-se
assim o local ideal para a localização deste laboratório de conservação e
restauro.
É urgente recuperar o tempo perdido, não esquecer que é nosso dever
salvaguardar com integridade o nosso património. Recorrer à opinião de um
profissional na área com aptidões para lidar com as obras ou peças é
imprescindível, uma vez que uma má intervenção é por vezes mais lesiva do que a
ausência desta, podendo mesmo provocar danos irreversíveis.
Nesta primeira fase o laboratório de conservação e restauro da
Associação Terras Quentes tem como principal objectivo a conservação e restauro
do espólio arqueológico existente, proveniente das várias escavações
arqueológicas que têm vindo a ser realizadas pela Associação. Contando também
com uma importante acção de preservação deste mesmo espólio, no sentido de criar
as melhores condições de acondicionamento, armazenamento e de condições
climáticas, dentro das limitações existentes.
As intervenções que têm vindo a ser executadas nos bens arqueológicos (na
área de metais e cerâmica) seja de conservação, seja de restauro, regem-se por
princípios éticos e deontológicos. Não estando perante um código rígido, uma vez
que cada obra tem características próprias inalienáveis, podem-se considerar
três princípios básicos que se aplicam a qualquer intervenção: princípio da
reversibilidade (aplicação de materiais reversíveis que não irão danificar o
original), embora neste ponto existam limitações práticas incontornáveis;
compatibilidade dos materiais aplicados com os originais e o princípio de
intervenção mínima.
O procedimento de intervenção também será influenciado consoante a
“finalidade” da peça, se esta for uma peça museológica que será exposta ao
público (museu) ou que será devidamente acondicionada e armazenada em depósito,
terá diferentes formas de tratamento.
A elaboração de um projecto de conservação e restauro implica uma série de
decisões técnicas e científicas, escolhas essas que vão influenciar
permanentemente a peça, assim sendo deve-se privilegiar o diálogo e cooperação
interdisciplinar, para que a intervenção se possa processar com o maior respeito
pela história, estética e integridade física da peça.
Anverso de uma moeda romana em bronze do
Baixo-Império. Antes da intervenção.
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Reverso de uma moeda romana em bronze do
Baixo-Império. Antes da intervenção.
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Anverso de uma moeda romana em bronze do
baixo-império. Após a intervenção.
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Reverso de uma moeda romana em bronze do
Baixo-Império. Após a intervenção.
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Elvira Tavares escreveu:Muito bem, trabalho meritório, convém mesmo divulgar e ampliar o leque de espólio a conservar e restaurar. Parabéns á Associação.
ResponderEliminarHelena Ferreira escreveu: extraordinário !
ResponderEliminarFernanda Branquinho escreveu: notavél....
ResponderEliminarQuando li este texto percebi a diferença que hoje há entre Torre de Moncorvo e Macedo de Cavaleiros.
ResponderEliminarO nosso GDM joga contra o Morais,clube de uma aldeia do concelho de Macedo.
o PARM publicou uma revista no outro milénio.
M.C.