MORTOS NA GUERRA DO ULTRAMAR -CONCELHO DE TORRE DE MONCORVO
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.Notícia enviada por Carina Thibieroz
Torre de Moncorvo: Vamos pedir à câmara municipal que transforme esta lista numa placa memorial a ser colocada nos jardins do Centro de Memória de Moncorvo. Se estás de acordo, afirma-o publicamente aqui no facebook de Torre de Moncorvo. Se a câmara não aceit...ar o nosso pedido, por motivos da crise, proponho que se crie uma comissão para o levar a cabo.
Aconteceu há muito tempo,mas perduram a saudade, a triteza,a dor da perda.E a raiva contra uma guerra estúpida (são todas!) que me roubou o meu melhor amigo.
Falta um nome de Carviçais: Adérito Gonçalves Ferreira, irmão de Acácio dos Santos Ferreira (mencionado na segunda linha). Ambos faleceram no mesmo dia (25/02/1974) em Moçambique. Eram irmãos de Manuel Ferreira, marido da Fátima do comércio (Carviçais).
Este, sim, é um documento histórico que a todos diz respeito. É, sem sombra de dúvida, o documento mais importante que aqui foi publicado. Pela sua importância, devia sair em todos os fóruns e blogues do concelho de Torre de Moncorvo.As noticias” importantes” saem em todos os jornais, rádios e televisões;nós só temos a internet para nos informar e é aí que a lista deve circular.A lista é de todos ,são os nossos mortos ,os nossos filhos,irmãos ,amigos que perdemos. Muitos nem num caixão de pinho regressaram;por lá ficaram, em terra que não era a deles,longe dos seus familiares. Quem lhes leva as flores no dia de finados ?Estão as campas abandonadas ?O que fez a democracia que acabou com a guerra?Nada!Nem o corpo dentro de um caixão de pinho ,como diz a canção .Eram carne para canhão. Morreram jovens ,sem saber porquê ;só dois andaram nas universidades,muitos ,vieram das nossas aldeias ,onde ainda não havia água nem luz eléctrica, só comheciam as fragas da Cardanha ,Lousa,Mós, Felgueras,só conheciam o Roboredo, ,mas nada sabiam das florestas tropicais ,das chuvas diluvianas,de terras onde não havia vinhas ,oliveiras,amendoeiras.”Que estavam eles lá a fazer?”Responderam-lhes com balas e abandono. Malditos sejam os que os levaram vivos para longe da terra dos seus pais. Malditos sejam os que os abandonaram e os deixaram ficar a milhares de quilómetros, em terra desconhecida e longe de quem os recorda com lágrimas.
O Acácio Alípio Mateus,de Felgueiras, foi aluno brilhante na escola primária com a D.Isabel.Era sempre o primeiro a responder às perguntas da professora. Passou depois pelo Colégio Campos Monteiro,onde os seus dotes de inteligência de novo se fizeram notar.Eu e outros seus antigos colegas só agora ,com a publicação desta lista, soubemos da sua morte e lamentamos tão triste fim.(O pai possuía um talho na rua Constantino Rei dos Floristas,perto do café do senhor Basílio,hoje café Vilariça).
Para um conhecimento sério e profundo da guerra colonial, aconselhamos a leitura da notável obra de Aniceto Afonso (transmontano de Vinhais)e Carlos de Matos Gomes,”Os Anos da Guerra Colonial-1961-1975”
in: http://www.facebook.com/utw.ultramarterraweb "Para que as gentes das terras do concelho Torre de Moncorvo não esqueçam os seus filhos ... que um dia partiram ... no cumprimento do dever militar ... e alguns "não regressaram". Infelizmente, foram esquecidos pelas entidades oficiais do concelho, mas ainda há MORCOVENSES que não os esqueceram, por isso, caros veteranos da Guerra do Ultramar façam uma visita ao blogue "Farrapos de Memória" e opinem."
Relativamente ao post de Carina Teixeira, informamos que a listagem dos mortos em campanha e naturais do concelho de Torre de Moncorvo durante a Guerra do Ultramar foi rectificada: http://ultramar.terraweb.biz/03Mortos%20na%20Guerra%20do%20Ultramar/LetraT/MEC_266n.pdf A equipa do UTW
O soldado que tombou na Guerra Colonial, em África, em 1971, natural de Mós, foi sepultado, com honras militares, no cemitério velho da sua freguesia. É a campa ao lado da do meu avô paterno que também foi combatente mas na Grande Guerra. Este, porém, veio a falecer de morte natural em 1974. Carlos Sambade
E vem à memória a despedida do Jé Amador como nós lhe chamávamos, do Souto da Velha, muita vezes me lembro do dia em que ele se despediu de nós quando com tanta triteza nos disse a mim e à Céu Nabiço: "raparigas, eu nunca mais cá volto!!" Nós tentámos animá-lo dizendo-lhe, que sim que voltaria e nós estariamos ali à sua espera. Era um rapaz do melhor que havia naquela terra, como todos os outros, não merecia ter morrido naquela guerra estúpida e sem sentido, estou com lágrimas nos olhos, ao ler esta lista veio tudo à memória novamente.Concordo com alguns leitores deste blog, deviam colocar uma placa com estes nomes em Moncorvo.
Sou do Larinho e vivo no Brasil, e acho justo que se faça justiça a esses Heróis.Já tinha pedido ao meu irmâo, para falar com o Presidente da Câmara. Fui Comando em Moçambique.Boas-Festas pra todos os Comandos Portugueses-Mame Summeeeeeeeeee--Alberto Dinis
O Anísio Rodrigues foi outro aluno brilhante que frequentou o nosso colégio.Inteligente,aplicado,sequioso de saber,honesto e,sobretudo,amigo do seu amigo,sempre presente, tanto nos bons como nos maus momentos. "Humilhados e Ofendidos"de Dostoievski era o seu livro preferido.Ele (e também nós,os amigos) lá sabia porquê.
sou do Larinho,estive na guerra de 63-66 ,em angola e è para lembrar que dessa linda terra morreram tres camaradas meus. Que o monumento seja feito para memoria deles..
Fui combatente em Moçambique e louvo a v/ideia. Pois se todos aqueles que partiram, merecem o respeito de uma Nação(Povo), penso que todos aqueles que não regressaram ainda devem ter mais respeito, pois deram a vida por uma causa que muito poucos sabia qual era.Não desanimem da v/ideia e eu aqui no Porto faço votos que a v/Câmara dê seguimento à v/ideia. Bem hajam e um grande abraço
Já agora também quero recordar as lágrimas derramadas por minha e outras mães quando nos dias de Festa nas aldeias falta " alguém" Na mesa melhorada. Sim recordo como se fosse hoje! Após a saída da Procissão de Nossa Senhora do Amparo, pelas 17 horas daqueles terceiros domingos de Agosto,em tempos de guerra,e quando a procissão passava junto de nossa casa,com a melhor colcha estendida na varanda e a minha mãe lançava de uma bandeja, daquelas de imitar prata,pétalas para o rosto da Santa enquanto as lágrimas lhe escorriam, abundantemente, de uma crença à prova de bala, pedindo que as balas não fossem visitar seus filhos que andaram na Guerra colonial. Eu petiz,embora já fizesse meu nome,imaginava no recôndito da minha alma onde ficariam tais matas e tais " terroristas" que o regime nos ia impondo sem dó nem piedade.Imagino as angústias de minha e de outras mães que nunca foram a Lisboa a quererem saber que terras eram e onde eram aquelas onde mais de cento e cinquenta mil perderam suas vidas e outras dezenas de milhar, entre doentes e estropiados,transportam consigo marcas de fazer doer a alma.. Depois no Fim da Procissão,cujo andor da Santa, era quase sempre transportada por homens do Felgar fardados com suas fardas " esverdeadas e seu boné preso no ombro, em sinal de respeito pela transportada. Seguia -se depois sermão dominicano ou outro relevando as qualidades de nossos soldados e agradecendo a Senhora do Amparo por nenhum dos filhos de Felgar ter morrido em tão estúpida guerra que se iniciou a 4 de Fevereiro de 1961 até ao 25 de Abril de 1974.." Em força já para Angola"; " Angola é nossa", dizia o Ditador sem filhos, que nuca morreriam lá enquanto os ultras do regime não davam ouvidos às deliberações da ONU...Viva o " orgulhosamente sós", como defendiam os salazaristas.As contas estarão por fazer o que custou em termos de desenvolvimento e de ganhos para uns poucos..Que aqueles que integram a lista dos mortos no Ultramar estejam em Paz e que seus nomes em letra dourada possam ser esculpidos por canteiros de Moncorvo ou outros e seja afixada ou no átrio da Casa da Memória ou na entrada dos Paços do Concelho..Não custará nenhuma fortuna e suas familias e amigos agradecerão gesto singelo e de agradecimento..Viva Paz..
caro Artur, trabalho sobre a Guerra Colonial e gostava de ter a sua autorização para usar uma parte do texto acima escrito. deixo o meu site onde poderá responder (espero que esta mensagem o encontre...) nos contactos.
Caro Artur, trabalho sobre a guerra Colonial e gostava de ter a sua autorização para usar uma parte do texto acima escrito. deixo o meu site onde em contactos pode ver o meu trabalho.
Lembro-me dessa guerra que nunca compreendi, lembro-me do choro das mães pelos filhos que partiam para ela, lembro-me das rezas diárias por eles, enquanto estavam ausentes e lembro-me dos seus rostos enviuvados, à espera dos seus rebentos. Naquele tempo, ter um filho macho, representava ter mais um ser à disposição de ditadores que recebiam a sua vida numa bandeja, como se fosse apenas mais uma peça de fruta para deitar fora. Recordo-me de choros estridentes e eternos, de mães que nunca mais viram o filho que lhe levaram e mataram, tal como me recordo de esposas enviuvadas por essa calamidade. Ninguém, a não ser quem sentiu na "pele", sabe avaliar a dor, a angústia, o desespero, a solidão, a amargura, a revolta e a infâmia provocadas por essa guerra sem sentido. Cada vez que falo ou penso nesta matéria e vejo combatentes sem braços, sem pernas, invisuais e me apercebo dos horrores mentais por que passaram, transformando-os em inconstantes e marginalizados um pouco em todo o lado, tal como saber que foram abandonados corpos na selva, como se fossem animais, à mercê de animais, tudo o que sinto, de negativo, toda a revolta, não cabem em espaço algum, porque eles, serão sempre os meus heróis e tudo o que possamos fazer em sua homenagem, é pouco, comparado com o muito que deram; deram tudo de si, incluíndo a sua vida. Bem hajam estes meus heróis e "mal hajam", quem os esquece, quem os ignora e quem não consegue valorizá-los. A dor é eterna e a saudade sempre viva!
Torre de Moncorvo: Vamos pedir à câmara municipal que transforme esta lista numa placa memorial a ser colocada nos jardins do Centro de Memória de Moncorvo. Se estás de acordo, afirma-o publicamente aqui no facebook de Torre de Moncorvo.
ResponderEliminarSe a câmara não aceit...ar o nosso pedido, por motivos da crise, proponho que se crie uma comissão para o levar a cabo.
Aconteceu há muito tempo,mas perduram a saudade, a triteza,a dor da perda.E a raiva contra uma guerra estúpida (são todas!) que me roubou o meu melhor amigo.
ResponderEliminarUma moncorvense
Menina Dos Olhos Tristes
ResponderEliminarJosé Afonso
Composição: José Afonso
Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar
Falta um nome de Carviçais: Adérito Gonçalves Ferreira, irmão de Acácio dos Santos Ferreira (mencionado na segunda linha). Ambos faleceram no mesmo dia (25/02/1974) em Moçambique. Eram irmãos de Manuel Ferreira, marido da Fátima do comércio (Carviçais).
ResponderEliminarEste, sim, é um documento histórico que a todos diz respeito. É, sem sombra de dúvida, o documento mais importante que aqui foi publicado. Pela sua importância, devia sair em todos os fóruns e blogues do concelho de Torre de Moncorvo.As noticias” importantes” saem em todos os jornais, rádios e televisões;nós só temos a internet para nos informar e é aí que a lista deve circular.A lista é de todos ,são os nossos mortos ,os nossos filhos,irmãos ,amigos que perdemos. Muitos nem num caixão de pinho regressaram;por lá ficaram, em terra que não era a deles,longe dos seus familiares. Quem lhes leva as flores no dia de finados ?Estão as campas abandonadas ?O que fez a democracia que acabou com a guerra?Nada!Nem o corpo dentro de um caixão de pinho ,como diz a canção .Eram carne para canhão. Morreram jovens ,sem saber porquê ;só dois andaram nas universidades,muitos ,vieram das nossas aldeias ,onde ainda não havia água nem luz eléctrica, só comheciam as fragas da Cardanha ,Lousa,Mós, Felgueras,só conheciam o Roboredo, ,mas nada sabiam das florestas tropicais ,das chuvas diluvianas,de terras onde não havia vinhas ,oliveiras,amendoeiras.”Que estavam eles lá a fazer?”Responderam-lhes com balas e abandono. Malditos sejam os que os levaram vivos para longe da terra dos seus pais. Malditos sejam os que os abandonaram e os deixaram ficar a milhares de quilómetros, em terra desconhecida e longe de quem os recorda com lágrimas.
ResponderEliminarO Acácio Alípio Mateus,de Felgueiras, foi aluno brilhante na escola primária com a D.Isabel.Era sempre o primeiro a responder às perguntas da professora. Passou depois pelo Colégio Campos Monteiro,onde os seus dotes de inteligência de novo se fizeram notar.Eu e outros seus antigos colegas só agora ,com a publicação desta lista, soubemos da sua morte e lamentamos tão triste fim.(O pai possuía um talho na rua Constantino Rei dos Floristas,perto do café do senhor Basílio,hoje café Vilariça).
ResponderEliminarPara um conhecimento sério e profundo da guerra colonial, aconselhamos a leitura da notável obra de Aniceto Afonso (transmontano de Vinhais)e Carlos de Matos Gomes,”Os Anos da Guerra Colonial-1961-1975”
ResponderEliminarin: http://www.facebook.com/utw.ultramarterraweb
ResponderEliminar"Para que as gentes das terras do concelho Torre de Moncorvo não esqueçam os seus filhos ... que um dia partiram ... no cumprimento do dever militar ... e alguns "não regressaram". Infelizmente, foram esquecidos pelas entidades oficiais do concelho, mas ainda há MORCOVENSES que não os esqueceram, por isso, caros veteranos da Guerra do Ultramar façam uma visita ao blogue "Farrapos de Memória" e opinem."
Relativamente ao post de Carina Teixeira, informamos que a listagem dos mortos em campanha e naturais do concelho de Torre de Moncorvo durante a Guerra do Ultramar foi rectificada: http://ultramar.terraweb.biz/03Mortos%20na%20Guerra%20do%20Ultramar/LetraT/MEC_266n.pdf
ResponderEliminarA equipa do UTW
O soldado que tombou na Guerra Colonial, em África, em 1971, natural de Mós, foi sepultado, com honras militares, no cemitério velho da sua freguesia. É a campa ao lado da do meu avô paterno que também foi combatente mas na Grande Guerra. Este, porém, veio a falecer de morte natural em 1974.
EliminarCarlos Sambade
Para que não nos esqueçamos daqueles que deram o melhor que tinham....a vida.
ResponderEliminarE vem à memória a despedida do Jé Amador como nós lhe chamávamos, do Souto da Velha, muita vezes me lembro do dia em que ele se despediu de nós quando com tanta triteza nos disse a mim e à Céu Nabiço: "raparigas, eu nunca mais cá volto!!" Nós tentámos animá-lo dizendo-lhe, que sim que voltaria e nós estariamos ali à sua espera. Era um rapaz do melhor que havia naquela terra, como todos os outros, não merecia ter morrido naquela guerra estúpida e sem sentido, estou com lágrimas nos olhos, ao ler esta lista veio tudo à memória novamente.Concordo com alguns leitores deste blog, deviam colocar uma placa com estes nomes em Moncorvo.
ResponderEliminarAtília Lopes
Sou do Larinho e vivo no Brasil, e acho justo que se faça justiça a esses Heróis.Já tinha pedido ao meu irmâo, para falar com o Presidente da Câmara. Fui Comando em Moçambique.Boas-Festas pra todos os Comandos Portugueses-Mame Summeeeeeeeeee--Alberto Dinis
ResponderEliminarO Anísio Rodrigues foi outro aluno brilhante que frequentou o nosso colégio.Inteligente,aplicado,sequioso de saber,honesto e,sobretudo,amigo do seu amigo,sempre presente, tanto nos bons como nos maus momentos.
ResponderEliminar"Humilhados e Ofendidos"de Dostoievski era o seu livro preferido.Ele (e também nós,os amigos)
lá sabia porquê.
Uma moncorvense
sou do Larinho,estive na guerra de 63-66 ,em angola e è para lembrar que dessa linda terra morreram tres camaradas meus. Que o monumento seja feito para memoria deles..
ResponderEliminarSera que conheceu o meu pai la? Antonio Augusto Gil...
EliminarFui combatente em Moçambique e louvo a v/ideia.
ResponderEliminarPois se todos aqueles que partiram, merecem o respeito de uma Nação(Povo), penso que todos aqueles que não regressaram ainda devem ter mais respeito, pois deram a vida por uma causa que muito poucos sabia qual era.Não desanimem da v/ideia e eu aqui no Porto faço votos que a v/Câmara dê seguimento à v/ideia.
Bem hajam e um grande abraço
Minhoto Minhotão: heróis anónimos que tombaram numa guerra que não era sua...
ResponderEliminartem o meu respeito.
Eu não sabia que o acacio tinha partido por causa dessa maldita guerra. Paz a alma do bondoso do acacio...
ResponderEliminarJá agora também quero recordar as lágrimas derramadas por minha e outras mães quando nos dias de Festa nas aldeias falta " alguém" Na mesa melhorada.
ResponderEliminarSim recordo como se fosse hoje! Após a saída da Procissão de Nossa Senhora do Amparo, pelas 17 horas daqueles terceiros domingos de Agosto,em tempos de guerra,e quando a procissão passava junto de nossa casa,com a melhor colcha estendida na varanda e a minha mãe lançava de uma bandeja, daquelas de imitar prata,pétalas para o rosto da Santa enquanto as lágrimas lhe escorriam, abundantemente, de uma crença à prova de bala, pedindo que as balas não fossem visitar seus filhos que andaram na Guerra colonial. Eu petiz,embora já fizesse meu nome,imaginava no recôndito da minha alma onde ficariam tais matas e tais " terroristas" que o regime nos ia impondo sem dó nem piedade.Imagino as angústias de minha e de outras mães que nunca foram a Lisboa a quererem saber que terras eram e onde eram aquelas onde mais de cento e cinquenta mil perderam suas vidas e outras dezenas de milhar, entre doentes e estropiados,transportam consigo marcas de fazer doer a alma..
Depois no Fim da Procissão,cujo andor da Santa, era quase sempre transportada por homens do Felgar fardados com suas fardas " esverdeadas e seu boné preso no ombro, em sinal de respeito pela transportada. Seguia -se depois sermão dominicano ou outro relevando as qualidades de nossos soldados e agradecendo a Senhora do Amparo por nenhum dos filhos de Felgar ter morrido em tão estúpida guerra que se iniciou a 4 de Fevereiro de 1961 até ao 25 de Abril de 1974.." Em força já para Angola"; " Angola é nossa", dizia o Ditador sem filhos, que nuca morreriam lá enquanto os ultras do regime não davam ouvidos às deliberações da ONU...Viva o " orgulhosamente sós", como defendiam os salazaristas.As contas estarão por fazer o que custou em termos de desenvolvimento e de ganhos para uns poucos..Que aqueles que integram a lista dos mortos no Ultramar estejam em Paz e que seus nomes em letra dourada possam ser esculpidos por canteiros de Moncorvo ou outros e seja afixada ou no átrio da Casa da Memória ou na entrada dos Paços do Concelho..Não custará nenhuma fortuna e suas familias e amigos agradecerão gesto singelo e de agradecimento..Viva Paz..
caro Artur, trabalho sobre a Guerra Colonial e gostava de ter a sua autorização para usar uma parte do texto acima escrito. deixo o meu site onde poderá responder (espero que esta mensagem o encontre...) nos contactos.
Eliminarhttp://www.hermanonoronha.net/#!__perda
Caro Artur, trabalho sobre a guerra Colonial e gostava de ter a sua autorização para usar uma parte do texto acima escrito. deixo o meu site onde em contactos pode ver o meu trabalho.
Eliminarhttp://www.hermanonoronha.net/#!__perda
Lembro-me dessa guerra que nunca compreendi, lembro-me do choro das mães pelos filhos que partiam para ela, lembro-me das rezas diárias por eles, enquanto estavam ausentes e lembro-me dos seus rostos enviuvados, à espera dos seus rebentos. Naquele tempo, ter um filho macho, representava ter mais um ser à disposição de ditadores que recebiam a sua vida numa bandeja, como se fosse apenas mais uma peça de fruta para deitar fora. Recordo-me de choros estridentes e eternos, de mães que nunca mais viram o filho que lhe levaram e mataram, tal como me recordo de esposas enviuvadas por essa calamidade. Ninguém, a não ser quem sentiu na "pele", sabe avaliar a dor, a angústia, o desespero, a solidão, a amargura, a revolta e a infâmia provocadas por essa guerra sem sentido. Cada vez que falo ou penso nesta matéria e vejo combatentes sem braços, sem pernas, invisuais e me apercebo dos horrores mentais por que passaram, transformando-os em inconstantes e marginalizados um pouco em todo o lado, tal como saber que foram abandonados corpos na selva, como se fossem animais, à mercê de animais, tudo o que sinto, de negativo, toda a revolta, não cabem em espaço algum, porque eles, serão sempre os meus heróis e tudo o que possamos fazer em sua homenagem, é pouco, comparado com o muito que deram; deram tudo de si, incluíndo a sua vida. Bem hajam estes meus heróis e "mal hajam", quem os esquece, quem os ignora e quem não consegue valorizá-los. A dor é eterna e a saudade sempre viva!
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