quarta-feira, 8 de maio de 2013

OLHOS ENTRE TRANÇAS, por Luís Borges e Amadeu Ferreira

[Castro Laboreiro]

o champô é a água do ribeiro, a cor aquela que o tempo dá, cioso cabeleireiro são os dedos; virgem de tesoura o cabelo, ajeitam-se as tranças a moldura do rostro, marcado pelo ferro da vida, e a varandim dos olhos, onde se debruça um desprezo por espelhos e por céus, a boca larga de mais para lá caberem palavras; a indiferença não vai além da fotografia, que aquelas tranças são feitas com cabelo e afagos do coração, num gesto singelo que em breves instantes acorda eternidades e o belo outra coisa não visa que ele próprio.


Luís Borges  e Amadeu Ferreira

Para desfrutar:

2 comentários:

  1. Maria Luísa Aguiar escreveu: Olhos cansados de tanto trabalho árduo no campo

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  2. Se eu quisesse comentar os textos todos do Amadeu e as fotos do Luis Borges, o meu léxico seria muito pobre para tal tarefa. Portanto, não vou pôr-me a adjectivar. Digo-vos apenas que cada vez que leio mais um texto e miro a fotografia que o acompanha, inunda-me um encantamento, uma quietude, e até um espanto que não sei explicar. Releio. Sim, releio. Porque quero mergulhar mais uma vez no prazer sentido. Então parece-me que entendo: é a plenitude.
    Penso que será extremamente difícil fazer-se melhor do que o escritor e o fotógrafo fizeram.

    Um grande abraço para ambos. Outro para o Lelo.
    Júlia

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