Foto de Leonel Brito |
1. O primeiro lente e o primeiro preparador de Química da
Escola Politécnica de Lisboa
Quando em 1837 se criou a Escola Politécnica de Lisboa,
destinada a apetrechar superiormente os alunos candidatos a oficiais do
Exército e da Marinha, em conhecimentos fundamentais de ciências
físico-naturais e matemáticas, estabeleceu-se desde logo, pela pena do
legislador, que existiria nesta escola, dentro da categoria dos «Empregados que
não exercem o magistério», um Preparador de Química (também um de Física, e
eventualmente mais algum, se de absoluta necessidade).
O primeiro lente da 6.ª cadeira da Escola Politécnica foi
Júlio Máximo de Oliveira Pimentel (1809 – 1884), que a regeu desde finais de
1837 até meados de 1859, altura em que transitou para a nova cadeira, de
Química Orgânica. Oliveira Pimentel pertencia a uma família de tendência
liberal (era sobrinho do General Claudino Pimentel) e fora “apanhado”, ainda
estudante em Coimbra, onde cursava a Faculdade de Matemática, pelos confrontos
entre liberais e absolutistas. Transformado em alferes do Exército, em 1833,
homenagem de D. Pedro IV aos mais bravos na serra do Pilar, foi “reciclado” no
fim da contenda após ter completado o seu curso de Matemática - diz-se que
devido às “mazelas” que lhe ficaram - e integrado no “corpo” de lentes da nova
escola, preparatória para os cursos da Escola do Exército, que, também ela,
nascia em Lisboa.
Ainda não dispomos, para Oliveira Pimentel, do nome do
professor que, na Faculdade de Filosofia, lhe forneceu os conhecimentos da
única cadeira de Química que existia na Universidade, e que integrava o
currículo do curso de Matemática. Sabemos, no entanto, da sua amizade com Tomé
Rodrigues Sobral (o “oráculo” da Química em Portugal, antigo catedrático em
Coimbra, entretanto jubilado na década de 20), e da sua “simpatia” pelas coisas
das ciências naturais – o que talvez explique a cedência de Pimentel face à
pressão de Mota Pegado e de Sá da Bandeira para que assumisse a regência da 6.ª
cadeira – assim como, que considerava a sua preparação nessa ciência
manifestamente insuficiente – muito provavelmente, a razão de ser das
reticências por ele colocadas, à aceitação do cargo e, desta feita sem qualquer
dúvida, o argumento de peso que permitiu “negociá-la”, condicionando-a à
realização de um período probatório, em prática laboratorial e conhecimentos
industriais, no estrangeiro.
Mas não obstante esta insuficiência “congénita” de formação,
Júlio Máximo de Oliveira Pimentel ainda ponteou o período inicial da Química na
Escola Politécnica (de 1837 até 1844, altura em que sai para Paris) com algumas
iniciativas no sentido de um maior desenvolvimento do ensino da Química,
nomeadamente o “arranjo” do primeiro Laboratório de Química da Escola
Politécnica (provavelmente adaptado da cozinha do extinto Colégio dos Nobres,
onde se instalara a Escola), a publicação do seu Curso de Química Elementar
professado na Escola Politécnica (que antecedeu o mais conhecido, Lições de
Química Geral e suas principais aplicações, de 1850-1852), e a elaboração de um
curso prático para a cadeira em questão. Em Dezembro de 1839 – e tal como
determinado pelos trâmites legais, após um período probatório de dois anos - o
Conselho Escolar assumia definitivamente Júlio Máximo de Oliveira Pimentel como
lente de Química, propondo-o para proprietário da 6.ª cadeira. A sua nomeação
oficial surgiu alguns meses depois, em Abril de 1840. A linha em crescendo dos
acontecimentos relacionados com a Química na Politécnica foi contudo
tragicamente interrompida quando, em Abril de 1843, um incêndio de grandes
proporções reduziu a escombros o edifício do Monte Olivete.
Pimentel ausentou-se no estrangeiro cerca de dois anos, mas
na Primavera de 1846 já estava em Portugal, recuperando a regência de Química
das mãos de Fradesso da Silveira. As aulas da 6.ª cadeira funcionavam desde o
incêndio no Laboratório de Química da Casa da Moeda, prontamente
disponibilizado na sequência imediata do desastre, para continuidade das aulas
de Química e de Física. A apoiar o trabalho do regente deverá ter estado
alguém, primeiro designado por Preparador do Laboratório de Química da Casa da
Moeda (1844), e depois 2.º Ensaiador (1846), da mesma instituição - quando
acordou em realizar as análises de minerais, como galenas e minérios de cobre e
de estanho, requeridas mediante inúmeros pedidos que “choviam” no laboratório,
reflexo imediato da reanimação mineira que se começava a manifestar um pouco
por todo o país, e que o pessoal da Casa da Moeda, com prática apenas em
ensaios para o ouro e prata, não conseguia dar vazão. Isto não impedia,
contudo, que o próprio se apresentasse como «Preparador de Química da Escola
Politécnica e da Casa da Moeda» (1845).
ANONIMO DISSE:
ResponderEliminarDesse famoso e ilustrissimo Quimico Tomé Rodrigues,nascido em Felgueiras,ou talvez em Quintas -do-Corisco -Felgueiras-Moncorvo,gostaria de ver publicado no blogue a sua fotografia,pois honraria os seus supostos familiares,ando nesta data à descoberta,mas aguardo que a escritora ISABEL MATEUS ,faça esse Trabalho de pesquisa,pois estamos com muita ansiedade que venha ser publicada a sua
ascendecia familiar.
Fernanda Mateus até breve.