quinta-feira, 11 de abril de 2013

Júlio Máximo de Oliveira Pimentel,Tomé Rodrigues Sobral e a cadeira de Quimica

Foto de Leonel Brito

1. O primeiro lente e o primeiro preparador de Química da Escola Politécnica de Lisboa
Quando em 1837 se criou a Escola Politécnica de Lisboa, destinada a apetrechar superiormente os alunos candidatos a oficiais do Exército e da Marinha, em conhecimentos fundamentais de ciências físico-naturais e matemáticas, estabeleceu-se desde logo, pela pena do legislador, que existiria nesta escola, dentro da categoria dos «Empregados que não exercem o magistério», um Preparador de Química (também um de Física, e eventualmente mais algum, se de absoluta necessidade).
O primeiro lente da 6.ª cadeira da Escola Politécnica foi Júlio Máximo de Oliveira Pimentel (1809 – 1884), que a regeu desde finais de 1837 até meados de 1859, altura em que transitou para a nova cadeira, de Química Orgânica. Oliveira Pimentel pertencia a uma família de tendência liberal (era sobrinho do General Claudino Pimentel) e fora “apanhado”, ainda estudante em Coimbra, onde cursava a Faculdade de Matemática, pelos confrontos entre liberais e absolutistas. Transformado em alferes do Exército, em 1833, homenagem de D. Pedro IV aos mais bravos na serra do Pilar, foi “reciclado” no fim da contenda após ter completado o seu curso de Matemática - diz-se que devido às “mazelas” que lhe ficaram - e integrado no “corpo” de lentes da nova escola, preparatória para os cursos da Escola do Exército, que, também ela, nascia em Lisboa.
Ainda não dispomos, para Oliveira Pimentel, do nome do professor que, na Faculdade de Filosofia, lhe forneceu os conhecimentos da única cadeira de Química que existia na Universidade, e que integrava o currículo do curso de Matemática. Sabemos, no entanto, da sua amizade com Tomé Rodrigues Sobral (o “oráculo” da Química em Portugal, antigo catedrático em Coimbra, entretanto jubilado na década de 20), e da sua “simpatia” pelas coisas das ciências naturais – o que talvez explique a cedência de Pimentel face à pressão de Mota Pegado e de Sá da Bandeira para que assumisse a regência da 6.ª cadeira – assim como, que considerava a sua preparação nessa ciência manifestamente insuficiente – muito provavelmente, a razão de ser das reticências por ele colocadas, à aceitação do cargo e, desta feita sem qualquer dúvida, o argumento de peso que permitiu “negociá-la”, condicionando-a à realização de um período probatório, em prática laboratorial e conhecimentos industriais, no estrangeiro.
Mas não obstante esta insuficiência “congénita” de formação, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel ainda ponteou o período inicial da Química na Escola Politécnica (de 1837 até 1844, altura em que sai para Paris) com algumas iniciativas no sentido de um maior desenvolvimento do ensino da Química, nomeadamente o “arranjo” do primeiro Laboratório de Química da Escola Politécnica (provavelmente adaptado da cozinha do extinto Colégio dos Nobres, onde se instalara a Escola), a publicação do seu Curso de Química Elementar professado na Escola Politécnica (que antecedeu o mais conhecido, Lições de Química Geral e suas principais aplicações, de 1850-1852), e a elaboração de um curso prático para a cadeira em questão. Em Dezembro de 1839 – e tal como determinado pelos trâmites legais, após um período probatório de dois anos - o Conselho Escolar assumia definitivamente Júlio Máximo de Oliveira Pimentel como lente de Química, propondo-o para proprietário da 6.ª cadeira. A sua nomeação oficial surgiu alguns meses depois, em Abril de 1840. A linha em crescendo dos acontecimentos relacionados com a Química na Politécnica foi contudo tragicamente interrompida quando, em Abril de 1843, um incêndio de grandes proporções reduziu a escombros o edifício do Monte Olivete.
Pimentel ausentou-se no estrangeiro cerca de dois anos, mas na Primavera de 1846 já estava em Portugal, recuperando a regência de Química das mãos de Fradesso da Silveira. As aulas da 6.ª cadeira funcionavam desde o incêndio no Laboratório de Química da Casa da Moeda, prontamente disponibilizado na sequência imediata do desastre, para continuidade das aulas de Química e de Física. A apoiar o trabalho do regente deverá ter estado alguém, primeiro designado por Preparador do Laboratório de Química da Casa da Moeda (1844), e depois 2.º Ensaiador (1846), da mesma instituição - quando acordou em realizar as análises de minerais, como galenas e minérios de cobre e de estanho, requeridas mediante inúmeros pedidos que “choviam” no laboratório, reflexo imediato da reanimação mineira que se começava a manifestar um pouco por todo o país, e que o pessoal da Casa da Moeda, com prática apenas em ensaios para o ouro e prata, não conseguia dar vazão. Isto não impedia, contudo, que o próprio se apresentasse como «Preparador de Química da Escola Politécnica e da Casa da Moeda» (1845).

 Excerto de um texto de  Isabel cruz  CICTSUL

1 comentário:

  1. ANONIMO DISSE:

    Desse famoso e ilustrissimo Quimico Tomé Rodrigues,nascido em Felgueiras,ou talvez em Quintas -do-Corisco -Felgueiras-Moncorvo,gostaria de ver publicado no blogue a sua fotografia,pois honraria os seus supostos familiares,ando nesta data à descoberta,mas aguardo que a escritora ISABEL MATEUS ,faça esse Trabalho de pesquisa,pois estamos com muita ansiedade que venha ser publicada a sua
    ascendecia familiar.
    Fernanda Mateus até breve.

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