Neckar-River,-Heidelberg,-Germany |
Penso que toda a gente tem episódios, mais ou menos
curiosos, mais ou menos engraçados, para
contar de alguma(s) viagen(s) que tenha feito. Eu tenho.
A primeira vez vez que fui à Alemanha (corria o ano de
1957), com uma bolsa de estudos atribuida pelo Goethe Institut pela nota obtida no exame de Alemão do
antiquíssimo 7º Ano, fui acompanhada pelo meu pai.
Eu estava já no 1º ano de Filologia Germânica em
Coimbra, quando a notícia me chegou à mão, em carta assinada pelo Chefe da
Secretaria do Liceu de Bragança, o bondoso Sr.Manuel Maurício. Acompanhava a
carta um impresso que eu tinha de assinar sobre um selo de vinte e cinco
tostões, ou seja, um selo de 2$50. (Hoje nem chegaria a dois cêntimos).
Obviamente fiquei muito feliz, telefonei ao meu pai que
ficou todo babado, e fui logo comprar o dito selo, colei-o no lugar devido,
assinei, escrevi o envelope e enviei a carta ao Sr.Maurício, que me respondeu
na volta do correio, dizendo que o Liceu já enviara todos os papéis para o
Goethe Institut e acrescentava que o
selo sobre o qual eu assinara, deveria ter sido fiscal e não um selo dos
correios, mas que ele havia resolvido o problema.
Santo Deus! Imaginem só: tinha 17 anos e não sabia que devia
utilizar um selo fiscal. Claro que já vira documentos selados, mas eram coisas de
tribunal ou de notário, como cédulas, certidões de nascimento, BI, e estava
convencida que só essas entidades oficiais é que utilizavam os tais selos.
Não há dúvida, vinha lá das berças: passara da
Corredoura, de empréstimo para a Vila, daí para Bragança, e estava há dois
meses em Coimbra (num Lar de Freiras Franciscanas) , mas continuava a pertencer
às Berças.
Ah, pois, o meu pai foi comigo até Heidelberg ...
(Continua – como os folhetins antigos...)
Leiria, 12 de Abril de 2013.
Júlia Ribeiro
Quando cheguei a Paris, nem quero que me lembre. Eu ia mesmo das berças. Estava a espera de um amigo que se atrazou, mas veio logo um tipo a falar português e perguntou se eu estava à espera do Manuel e eu disse que estava a espera do Armindo. Ele disse que ia chamar outro gajo que conhecia o Armindo. Depois veio ele mais o outro que ia-me levar ao Armindo pensava eu e num beco robaram-me tudo. Vá lá não me aguerdiram e deixaram-me os papeis. Voltei para trás e depois de voltas e mais voltas lá encontrei o Armindo. Não conto mais que até tenho vergonha.
ResponderEliminarVejo que a Júlia, num trajeto bem transmontano, também trilhou a demanda do seu ideal.
ResponderEliminarLevou-a a Heidelberg, um paraíso. Pena a saudade que nos leva sempre de volta ao torrão.
Um abraço.
Senhora Dona Julia Ribeiro
ResponderEliminarGostei da sua franquesa,vinha das berças esta senhora mas ademite e outros se envergonham das suas origems.
E este sr.anónimo devia dizer o seu nome. Vergonha é roubar e os nossos menistros não tem vergonha nenhuma.
Naria Elena