As
investigações arqueológicas que estão a decorrer há dois anos na região do
Baixo Sabor trouxeram aos olhos dos especialistas achados "únicos" em
toda a Península Ibérica. As descobertas foram apresentadas durante o 1º
Encontro de Arqueologia, que decorreu esta sexta-feira na vila transmontana de
Mogadouro e contou com especialistas e professores universitários.
Medal. Foto A.F.F.M. |
"Estamos
a terminar os trabalhos de campo que abrangeram mais de uma centena de sítios
arqueológicos com uma cronologia estabelecida entre o Paleolítico Inferior e a
Idade Moderna", contou à agência Lusa a arqueóloga Rita Gaspar, do
Agrupamento de Empresas do Baixo Sabor.
De acordo
com a cientista existem três sítios "excecionais" no Vale do Sabor,
em que a intervenção será prolongada por mais uns meses, e outros onde os
trabalhos já estão praticamente concluídos e em que as equipas já estão a
desmobilizar.
Crestelos. Foto A.F.F.M. |
Entre os
pontos de interesse, desvendou Rita Gaspar, está um local situado na foz da
ribeira do Medal, freguesia de Meirinhos, concelho de Mogadouro, onde foram
descobertas milhares de placas de pedras com gravuras de "arte rupestre
móvel".
Os
arqueólogos afirmam que se trata de uma área que ultrapassa os 400 metros
quadrados e que tem vindo a revelar-se um importante ponto arqueológico do
Paleolítico Superior na Península Ibérica.
"Esta
é, atualmente, a maior escavação do Paleolítico Superior em Portugal, num
contexto de arte rupestre móvel, sendo a única do seu género ao ar livre na
Península Ibérica. Muito poucas na Europa têm mais de 300 mil peças para serem
estudadas", revelou a arqueóloga.
Outro dos
locais mais importantes para os investigadores é o Sítio de Crestelos, também
no concelho de Mogadouro, que atesta a existência de uma ocupação
"contínua" de mais de dois milhões de anos.
"Aqui
descobrimos estruturas da Idade do Ferro que ainda não foram encontradas em
outros pontos da região", destacou Rita Gaspar, que acrescentou que
"todo o material recolhido nos sítios arqueológicos está a ser
analisado" nos laboratórios "e compilado para, no fim, ser publicada
uma monografia", o que deverá acontecer, "ao que tudo indica, em
2014/2015".
2.300 sítios arqueológicos já sinalizados
2.300 sítios arqueológicos já sinalizados
Antes do
início das obras de construção da barragem do Baixo Sabor, os especialistas
tinham sinalizados 300 sítios arqueológicos. Depois destes trabalhos, o número
"saltou" para os 2.300, o que, segundo Rita Gaspar, se traduz
"num enorme incremento nos trabalhos arqueológicos", com uma grande
concentração de meios humanos e materiais, "que deu frutos
fabulosos".
A
especialista salientou, portanto, que, no decurso dos trabalhos arqueológicos,
todas as expetativas "foram ultrapassadas" na região do Vale do
Sabor.
De
realçar que os trabalhos estão a decorrer na área da albufeira que abrange os
quatro concelhos da região do Baixo Sabor (Mogadouro, Macedo de Cavaleiros,
Alfandega da Fé e Torre de Moncorvo), que ficará submersa aquando do enchimento
da albufeira da barragem do Baixo Sabor, programado para 2013.
Sábado, 20
de Abril de 2013
«(...) todas as expetativas "foram ultrapassadas" na região do Vale do Sabor. ».
ResponderEliminarResta-nos esperar que não surjam mais postes de alta tensão na vez de postos de armazenamento do espólio. A não ser assim, mais valia enterrar de novo.
A publicação de monografias, se reprime o campo da ignorância, não abarca o universo de potenciais destinatários das marcas dessa herança cultural.
Seria preciso um armazém, que com certeza já está em vista, a fim de guardar e depois mostrar amplamente esses achados todos e outros que venham a aparecer fora da zona que entretanto será alagada. Isto implica, porém, contrariar algumas práticas "centralizadoras", instaladas por vezes e por vias particularíssimas, em face dos que em geral vivem nas suas casas e terras.
Carlos Sambade