Não tinham a pele fina,
Nem tingiam os lábios de cor purpurina.
As mulheres da minha terra,
Não punham flores na cabeça,
Dobravam-se ao peso da guerra e à dor da tristeza.
E quando a vida era noite, cobriam-se de merino preto;
Sumiam-se nas sombras pardas do monte,E de passadas largas, traziam água da fonte.
Vinham mesmo de manhãzinha,
Mesmo antes de romper o amanhecer;
De rodilha na cabeça; o cântaro de água fresca para beber.
Traziam água, traziam rosas, sonhos e ilusões,
No ribeiro ficava a mágoa, e na roupa bem lavada,
As mulheres da minha terra, de pele fina e acetinada, trazem rios de emoções!
Postado em 16/7/11
Bonita homenagem às mulheres da sua terra,Tininha.
ResponderEliminarBeijinho.
Uma moncorvense
Gosto imenso da sua escrita. Embora eu não seja de Urros, até parece que participei nas cenas que descreve e conheço as pessoas que cita. As mulheres de Urros podiam ser as mulheres da minha aldeia. J. Andrade
ResponderEliminarMuito bonito mesmo! Parece que fala na minha aldeia, como diz o Sr. Júlio.
ResponderEliminarObrigada aos que apreciam e partilham as memórias de um passado rural, que temos de preservar!
ResponderEliminarA.Andrés
GRANDES LAVADEIRAS !Saiam demanhã com um cibinho de pão com queijo e passavam o dia a cantar, de mãos branquinhas e pele encarquilhada pelo o frio e pela água do ribeiro. Mora ainda na minha memória o cheirinho que essa roupa trazia... A "cora" e a secagem nas giestas e noutras plantas únicas da nossa vegetação eram as responsáveis por esse perfume que atuava como bálsamo quando nos vestiam as tais "vestimentas" cheias de folhinhos e bordados que as nossas mães faziam com tanto carinho! E por falar em vestidos...recordas-te como caprichavamos na escolha dos vestidos para a fotografia que tiravamos nas passeatas pela aldeia quando o Sr Comandante da Marinha ia visitar os nossos pais? É com grande contentamento que leio todas as tuas prosas e poesias. Continua!Obrigada por me fazeres recordar tantas vivências da nossa infância. Urros não pode ser só passado porque existe e dele todos fazemos parte !Um abraço especial para ti e para todos que continuam a ter a nossa terra no coração.C Canijo
ResponderEliminarOlá Letinha!
ResponderEliminarOlha o teu comentário trouxe-me tantas, tantas recordações! e tão gratas ! Ah! como fomos felizes! E tão mimadas, meu Deus!Se calhar demais, no meu caso. Se tivesse que fazer o comentário, iria fazer este, igual ao eu, tal qual.Lembro-me tão bem de tudo isso. Falar das toilettes era uma história, cheia de requinte, de bordados e de rendas!E falar do esmero, do cuidado da roupa, oh! isso era uma linda história! Um tratado de cuidados e de sonhos.Agora até me estou a rir:se saíamos,olha lá ia o tapetinho!E lá ia o chapelinho! Ainda há dias encontrei um dos meus. E gorros, lembras-te, Letinha, a minha mãe fazia-me gorros tão lindos!Era um com um buraco para sair o cabelo, outro para as trancinhas; o meu cabelo tinha muitos caracóis, era difícil de pentear e o meu Pai,"Deus me livre! ora que uma destas, corta- se-lhe o cabelo e pronto!E lá me levaram a Moncorvo cortar o cabelo pela primeira vez. E ra tudo tão diferente! Olha Letinha e do Senhor Comandante de MAR E GURRA! Eu, cada vez que o meu Pai enfatizava, de Mar e Guerra!, eu ficava assim equivocada, como é que seria comanandar assim tanta coisa grandioa e estrnha! Eu sentia-me assim pequenina;ele, também era muito alto, lembras-te? Hoje dou comigo a rir-me de tanta criancice. Obrigada por me lembrares coisas que nos fizeram tão felizes! um xi-coração para todos.
Tininha
Ainda bem que o Lelo trouxe esta poesia da Tininha de novo à luz do dia dos Farrapos de Memória. Em Julho de 2011 andava eu de viagem pelo Volga. E depois do regresso, não vi. Passou-me.
ResponderEliminarAproveitei agora para ler e deliciar-me e para deixar aqui um abração à Tininha.
Júlia
Olá Tininha!
ResponderEliminarEsta tua homenagem às mulheres da nossa terra passou-me despercebida.
Ainda bem que o Sr. Lelo a publicou de novo nos nossos queridos Farrapos.
Gostei muito como deves calcular!Como diz a nossa querida Létinha,saíam de manhã com um cibinho de queijo para acompanhar o pão e taziam a roupa com cheirinho perfumado ,que ainda tenho na memória.
No rigor do Inverno a Sra. Maria de Deus ia para o Arroio,No Verão para a Nogueira.
Muito obrigada por partilhares connosco esta recordações.
Beijinhos da tua sempre amiga
Ireninha