quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Freixo de Espada à Cinta - Associação Humanitária de Bombeiros de Freixo de Espada à Cinta celebra 88º aniversário


No sábado, dia 5 de Dezembro, a Corporação de Bombeiros de Freixo de Espada à Cinta assinalou de forma especial a comemoração do seu 88º aniversário, aproveitando a ocasião para instituir esta data como o dia do Bombeiro de Freixo. Há mais de dez anos que esta Associação não celebrava o seu aniversário, e este era um dos objetivos da nova direção. “Esta Direção foi eleita com dois objetivos, dinamizar a Associação e dignificar o corpo de Bombeiros, e, através desta iniciativa, esperamos conseguir aproximar os Bombeiros da população, para que esta se lembre que eles estão dispostos a ajudá-la”, referiu Edgar Gata, Presidente da Associação de Bombeiros de Freixo. 
A concentração dos homens, mulheres e crianças que representavam a instituição começou bem cedo, em frente ao Quartel, enquanto a comunidade freixenista assistia às diversas manobras de formatura que o Comandante António Sá Lopes e o seu Adjunto de Comando, Nuno Almeida, iam ordenando. A cerimónia prosseguiu com o hastear das bandeiras do Município de Freixo de Espada à Cinta, da Associação Humanitária de Bombeiros e de Portugal. A corporação seguiu em marcha até à Praça Jorge Álvares, concentrando-se junto à Igreja Matriz antes de rumar ao cemitério, onde estava prevista a colocação de coroas de flores em três campas de bombeiros já falecidos. Os homenageados foram o Comandante Manuel Rocha, o Comandante António Pinto e o Presidente Manuel Joaquim Pintado. A colocação de flores nestas três campas é apenas um ato simbólico. “Todos os bombeiros falecidos merecem a nossa homenagem”, referiu Edgar Gata. Ficou um silêncio. Depois, a maior das homenagens para esta gente ao serviço do povo, o toque da sirene.
Os Bombeiros seguiram novamente em direção à Praça Jorge Álvares para receber as entidades presentes no evento: José Fernandes, Representante da Liga Portuguesa de Bombeiros, Comandante Rómulo Pinto, 2º CODIS, Patrício Ramalho, Dirigente Nacional do INEM, os Presidentes das Juntas de Freguesia de Freixo-Mazouco, Raul Ferreira, de Lagoaça-Fornos, Carlos Novais, de Poiares, Rui Portela e de Ligares, Ademar Bento e, por último, Maria do Céu Quintas, Presidente da Câmara Municipal de Freixo.
Seguiu-se a celebração da Missa com a presença dos bombeiros, entidades representativas e restante comunidade. O Padre Francisco Pimparel, pároco do concelho de Freixo, dirigiu-se aos Bombeiros, invocando a palavra “misericórdia” e dizendo que  “os Bombeiros vivem gratuitamente” em prol dos outros, vêem-nos como irmãos e não esperam nada em troca. Envolta neste espírito de missão, que para os Bombeiros não é nova, a celebração seguiu com a leitura de alguns textos por parte de membros da corporação, e todos cantaram em conjunto os parabéns a uma instituição que é de todos. O Padre Francisco lançou também o desafio de se celebrar uma missa, um domingo por mês, que conte com a presença dos Bombeiros a fim de aproximar a comunidade freixenista desta instituição.
Quem há mais de 40 anos está próximo desta Associação é António Dias. É o elemento mais antigo da corporação e é com a paixão própria de quem segue por estes caminhos que fala daquela que já é a “sua casa”. “Desde 1973 que estou aqui e só queria que os que entrassem para aqui estivessem cá tanto tempo como estive eu”. É esta mensagem que a mais “pequenina” vai escutando e sabe, ainda que com a inocência dos 6 anos, que pertencer aos Bombeiros é, antes de tudo, uma missão. Dércia Pires é a mais “pequenina” da casa. Além de pertencer aos Bombeiros, tem uma “família” deles lá em casa. “O mano e a mamã são dos Bombeiros e eu também queria ser para apagar os incêndios”. A pequena voluntária faz ainda um apelo ao Pai Natal.  “No Natal, para os Bombeiros mais pequenos, queria pedir um camião de brincar, e para os grandes, um jipe”. Espera, ansiosa, como todas as crianças nesta idade, que o seu pedido tenha retorno. Um dia vai saber que o maior presente para os Bombeiros é existirem meninos e meninas como ela que reconheçam o verdadeiro valor desta instituição.
Na cerimónia, estiveram a representar a Associação, cerca de 20 crianças e mais de 20 jovens que recentemente se associaram aos Bombeiros. A importância deste facto não fica ao acaso, uma vez que serão os mais novos de agora,  o futuro desta corporação, como lembra  António Sá Lopes, “esta celebração tem uma particularidade, que foi o recrutamento de gente nova que mais tarde poderá dar o seu contributo para esta Associação, e a grandiosidade que o corpo de Bombeiros necessita”.
Maria do Céu Quintas, Presidente da Câmara de Freixo, destacou também a importância da celebração anual do aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros, referindo que “é importante dar a conhecer que a instituição existe e que ela tem um propósito que é fundamental para a comunidade”.
O trabalho dos Bombeiros Voluntários ao serviço da comunidade é muitas vezes visto e direcionado apenas para o combate aos incêndios, mas o papel destes homens e mulheres abrange um vasto número de valências, que muitas vezes todos nós esquecemos. “Se olharmos ao número de ocorrências nos Bombeiros, o combate aos fogos florestais é talvez a parte menor do nosso trabalho, porque ao longo do ano todas as atividades em termos de socorro estão centradas no corpo de Bombeiros”. O Comandante considera que os Bombeiros, são de facto, o braço armado da Proteção Civil na prestação de serviços de auxílio e de socorro e que, na maioria das vezes, o seu papel é relegado para um nível inferior do que efetivamente merecem, sobretudo por parte das instituições governativas. “A nível nacional, os Bombeiros deviam estar no topo do reconhecimento das instituições, porque somos a instituição mais abrangente no apoio às populações, e lamento que esse reconhecimento ainda não aconteça”. 
A cerimónia encerrou com um almoço de comemoração dos 88 anos desta Associação Humanitária. Ali já eram só homens, mulheres e crianças, reunidos em família num ambiente de festa, a contar boas histórias e a rir das coisas mais simples como qualquer pessoa comum. O trabalho ficou lá fora, mas o seu lema “Somos Soldados da Paz e damos Vida por Vida” há-de sempre acompanhá-los e, mais do que saber-se a frase de cor, é importante que se lhe reconheça o devido valor e a incomparável humanidade que transporta.  

Joana Vargas

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