CARLOS CIPRIANO
13/12/2015 - 10:15
Estação de Sanábria fica a 35 quilómetros de Bragança e
poderá pôr a capital de Trás-os-Montes a duas horas e meia de Madrid
“Consideramos que a estação do AVE servirá dois territórios
e duas povoações. Por isso, deverá chamar-se Porta Sanabria/Trás-os-Montes”.
José Rodriguez Ballesteros, porta-voz da Associação de Defesa da Sanabria e
Carballeda, entende que dois territórios desertificados juntos têm mais força e
justificam a construção de uma estação do comboio de alta velocidade que lhes
seja dedicada.
A linha do AVE (Alta Velocidade Espanhola) que ligará Madrid
à Galiza quase toca a fronteira portuguesa, perto de Rio de Onor e Bragança,
quando atravessa a zona de Sanabria. O projecto desta linha prevê a construção
em Otero de Sanabria de uma estação que servirá os comboios que circulam a 300
Km/hora, mas são os próprios habitantes locais que vêem vantagens em que a sua
estação inclua o nome de Trás-os-Montes.
“Sanabria e Carballeda têm 7000 habitantes, mas
Trás-os-Montes é um território de 40 mil habitantes, pelo que faz todo o
sentido que a estação sirva toda esta região fronteiriça”, disse José Rodriguez
Ballesteros ao PÚBLICO.
Bragança fica a 35 quilómetros da futura estação do TGV
espanhol, numa estrada com muitas curvas, mas aquele dirigente associativo não
defende uma auto-estrada a ligar a capital transmontana a Sanabria para não
interferir com o Parque Nacional de Montesinho. Em sua opinião, basta melhorar
a estrada existente a fim de encurtar o tempo de viagem até à estação
ferroviária. A partir daí, os transmontanos chegarão mais depressa a Madrid do
que a Lisboa, porque bastarão duas horas e meia sobre carris para chegar ao
centro da Meseta Ibérica.
Em Maio deste ano realizou-se uma manifestação
reivindicativa no local onde ficará situada a estação de Otero de Sanabria,
organizada pela Associação de Defesa da Sanabria e Carballeda à qual se juntou
também um movimento cívico português — o DART (Defender, Autonomizar e
Rejuvenescer Trás-os-Montes).
Francisco Alves, deste movimento, disse ao PÚBLICO que o
importante é que a estação do AVE se construa em Sanabria e que depois os
comboios lá parem. “É que, do lado sanabrés, a estação não se justifica, com
excepção talvez do Verão em que há mais gente, mas, contando com
Trás-os-Montes, o cenário muda de figura”.
O documento entregue ao governo espanhol reivindicando a
paragem do comboio de alta velocidade em Sanabria assume um claro divórcio da
região transmontana com o resto de Portugal no que concerne às acessibilidades:
“a estação de Puebla/Bragança [nome alternativo a Sanabria/Trás-os-Montes]
permitirá aos residentes da região o acesso ao aeroporto de Madrid pelo facto
de encurtar o tempo de viagem, constituindo assim uma alternativa mais rápida e
mais segura relativamente ao terminal do Porto, para já não falar no de Lisboa”.
Esta proximidade de Barajas, dizem, “representa um potencial
inestimável para todos quantos pretendem visitar a região, ou para os
residentes viajarem para outras partes do mundo”.
Esta apetência do Nordeste português para Madrid é ainda
potenciada pelo facto de se constar que a TAP vai acabar com os voos de longo
curso a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Mas, para chegar à estação do AVE que levaria os
transmontanos para o mundo, é necessário uma via rápida entre Bragança e
Sanabria, que encurtaria a viagem dos actuais 45 minutos para 20 minutos.
Francisco Alves diz que, desta forma, a capital de Trás-os-Montes ficaria a
poucas horas das principais cidades do centro e norte de Espanha.
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