Fazia 75 anos de idade, no passado
dia 18 de Agosto, se ainda estivesse entre nós, o meu grande amigo Leandro
Vale. Lembrei-me dele, os bons amigos nunca se esquecem, e dos
bons-velhos-tempos, em que fazia-mos tertúlia, primeiro em Bragança, por último
em Torre de Moncorvo, durante os Festivais de Teatro que ele organizava, e mais
frequentemente, quando aí comprou casa.
Conheci há uns bons vinte, trinta anos o
Leandro, por intermédio de um amigo comum. Vinha fumando o seu inseparável cachimbo,
uma bolsa ao tiracolo cheia de livros e uma t-shirt com um motivo
“revolucionário” (não sei se era com uma foice e o martelo, se era com uma
fotografia do Che Guevara), o Leandro era assim, não tinha preconceito ou
problemas de mostrar aquilo que realmente era. Diga-se de passagem, que eu e o
Leandro Vale não tínhamos as mesmas opções políticas, nem de perto, mas apesar
disso nunca discutimos política, nunca nos chateamos, sempre convivemos como
duas pessoas civilizadas, respeitando-nos mutuamente.
Hoje, no aniversário natalício de
Leandro Vale, lembrei-me dele e resolvi escrever-lhe umas breves, mas sentidas
linhas:
“Meu
grande Amigo Leandro…que saudades, que saudades das nossas conversas em
Moncorvo, à volta de um whisky, eu, fumando um havano, tu o teu cachimbo, e
lias-me um teu último texto, uma peça de teatro que acabaste de escrever, ou um
artigo para o “nosso” Zoelae…que saudades amigo…partiste mas estarás sempre no
meu coração, na minha memória. Já não há amigos como tu…Ainda não te fizemos a
homenagem que mereces…, é verdade, mas vamos fazer, prometo…que saudade…hoje,
no dia em que fazes 75 anos, em tua homenagem, vou vestir a t-shirt com o “nosso”
Che, que me trouxeste da tua, da nossa Cuba e vamos fumar um bom havano…até
sempre meu amigo…Vamos ver-nos um dia destes…O teu Amigo, António Pimenta de
Castro”.
Leandro Vale nasceu no dia 18 de
Agosto de 1940, em Travanca de Lagos, concelho de Oliveira do Hospital.
Formou-se no Conservatório de Lisboa e dedicou toda a sua vida ao teatro, a sua
grande paixão. Foi um dos fundadores do CITAC, ou seja, do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, em 1955, e
trabalhou muitos anos no TEP (Teatro
Experimental do Porto). Apesar de não ter nascido em Trás-os-Montes, era um
verdadeiro transmontano, dedicando a esta região quase toda a sua vida. Foi uma
das pessoas a quem o teatro em Trás-os-Montes mais deve, escolhendo para viver
primeiro em Bragança e depois Torre de Moncorvo, onde comprou casa e onde viveu
até quase a fim dos seus dias. Era um moncorvense do coração, aqui deixou basta
memória, e a sua casa, na zona do castelo. Tinha uma biblioteca fabulosa, que
eu consultei não raras vezes. Foi ator, encenador, enfim…fazia de tudo. Como já
referi, a atividade teatral do Nordeste Transmontano muito lhe deve. Partiu, no
dia 2 de Abril (no mês de Abril que ele tanto gostava…) de 2015, mas ficou
sempre gravado no coração de quem teve o privilégio de o conhecer….
Faço daqui um apelo, a quem de
direito, e a todos nós que o conhecemos, para lhe fazer-mos uma grande
homenagem, ele merece…
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