quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Conferência “Violência Doméstica” decorreu em Freixo de Espada à Cinta


Decorreu no passado sábado uma conferência sobre violência doméstica no Auditório Municipal de Freixo de Espada à Cinta que contou com a presença da investigadora do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Teresa Marques Martins que recentemente escreveu “A Mulher que venceu Don Juan”, que precisamente aborda essa temática.

A Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas, abriu a sessão alertando para consciencialização global da problemática da violência doméstica referindo que “as comunidades não podem fugir do tema nem podem olhar com distanciamento cobarde para um problema que toca a todos”.
Como o tema é recorrente, a problemática da violência doméstica deve ser discutida a montante, ou seja, devem ser analisados os contextos e agir antes de o crime ocorrer, como foi de uma forma geral defendido por todos os intervenientes. “Informar e sensibilizar a cidadania para esta problemática”, deverá ser o objetivo primeiro, como referiu Maria do Céu Quintas, insistindo que “não basta haver mecanismos jurídicos ou leis de combate ao crime, tem de existir uma formatação de consciência.”
Na ajuda no combate a este crime público estão naturalmente as forças de segurança e as instituições destinadas a esse fim como a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Maria Elisa Calvão, Presidente da CPCJ de Freixo de Espada à Cinta insistiu de igual forma na consciencialização dos cidadãos para o problema dizendo que “o acesso à informação é importante pois o conhecimento dos casos põe-nos de sobreaviso e os alertas podem salvar vidas”. Neste processo o grande volume de informação nos meios electrónicos pode ser, segundo a Presidente da CPCJ, uma ajuda na denúncia dos vários crimes. 



Maria Elisa Calvão alertou ainda para a alienação parental onde na maioria das vezes são as crianças as maiores vítimas do crime de violência doméstica alertando consciências no sentido de “estar atentos ao que se passa na nossa casa mas também ao que se passa a nossa volta e não ter medo de denunciar porque ao ignorar estamos a ser cúmplices”.
A investigadora e escritora Teresa Martins Marques iniciou a sua intervenção explicando de uma forma geral um pouco do enredo da sua obra recém publicada “A mulher que venceu Don Juan” para chegar à sua principal conclusão quando aborda o tema “Violência Doméstica”: não apostar em relações incompatíveis. A professora notou ainda que a grande tese do seu livro é a instrução, “uma pedra angular” segundo a autora, quer para mulheres quer para homens, por considerar que é essencial que as pessoas tenham conhecimentos para se “desamarrarem” de situações de agressões que podem surgir numa relação, quer físicas quer psicológicas. 
Segundo Teresa Martins Marques é também urgente “ensinar comportamentos, ensinar as pessoas para a palavra adequação”, para que os casais distingam se aquela relação resulta sob pena de começarem a surgir episódios de violência. No seu discurso defendeu assim que a violência doméstica tem que começar a resolver-se antes porque segundo ela “a solução para relações que não resultam não é o crime mas sim o divórcio”, remetendo para o que a própria defende que é a questão da adequação de personalidades dos dois elementos do casal. 
A eliminação de determinados preconceitos na sociedade como a tese “do casamento ser para a vida” pode ser também uma resolução para esta problemática. Segundo Teresa Martins Marques o importante é centrarmos-nos, na grande frase de Pascal “nascemos para sermos felizes” pondo a tónica também nas relações entre pais e filhos dizendo que estes não têm, nunca o direito, de usar as crianças como arma de arremesso pois “os pais jamais se deverão divorciar dos filhos”. 
Em representação das forças de segurança estava a Comandante do posto da G.N.R de Freixo de Espada à Cinta, Cátia Costa e o Comandante do Destacamento Territorial de Torre de Moncorvo, Victor Remoaldo. A Sargento Costa fez questão de reforçar que as pessoas que sofrerem com este drama não estão sozinhas e que podem a qualquer momento denunciar estas situações. “É ainda um drama muito escondido, no entanto já existem núcleos de militares com formação específica nessas áreas da violência domestica”, referiu a Sargento.
Como força importante da mobilização de sinergias no combate deste crime a G.N.R reforçou que é preciso também investir “no respeito pelo próximo” essencialmente dentro das escolas para aí também evitar situações de violência. 
Segundo a Comandante Costa é também importante acabar com a ideia que a violência só acontece em determinados contextos sociais e económicos, pelo contrário é um “fenómeno” transversal e por outro lado defende que quem se divorcia devia também pedir apoio psicológico para que os agressores não persigam as vítimas depois de estarem separados.
A sessão encerrou com um dado importante referido por Teresa Martins Marques de que até Agosto do presente ano já morreram em Portugal 19 mulheres vítimas de violência doméstica e que mais uma vez é urgente refletir nos pressupostos que existem antes de os crimes ocorrerem.  


Gabinete de Comunicação da CM de Freixo de Espada à Cinta, 14 de Setembro de 2015
Joana Vargas

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