Mais 15 dias sem chover será "muito dramático" no Vale da Vilariça
Os agricultores do Vale da Vilariça, no Nordeste Transmontano, esperaram meio século pelas barragens necessárias para o regadio, mas a falta de água continua a assombrar as culturas sem chuva há mais de cinco meses.
Rui Tadeu, empresário agrícola, lembra-se bem da última vez que viu "cair chuva, chuva do céu". "Foi no dia 01 de setembro, na abertura da caça à perdiz", contou. Desde essa data, "um ou outro dia" tem havia uns chuviscos, "uma pequena coisinha". A falta de pastos é onde o problema da seca é já mais visível, também para este homem com mais de 300 ovelhas churras da Terra Quente Transmontana, que ajudam a produzir um dos queijos de marca da região, o Terrincho. "Nesta altura, isto devia estar verde, devia estar com água e o rebentamento natural (dos pastos) e está completamente seco, completamente queimado", observou. Rui Tadeu ainda tem "alguma fé que efetivamente a chuva tem de aparecer", mas "poderá ser muito dramático se demorar mais do que quinze dias". Embora a situação presente ainda não seja tão dramática como na época de 2004/2005, os agricultores já começam a recorrer às reservas para o verão para alimentar o gado e temem o inflacionamento dos preços se tiverem de comprar mais alimento para substituir os pastos naturais. A falta de água sempre foi o principal drama dos agricultores deste vale transmontano que esperaram quase meio século pela construção de todas as barragens do plano de regadio, mas que continuam dependentes dos "caprichos de São Pedro" A principal barragem, a da Burga, que rega a parte mais significativa da produção do vale, está a "30 por cento da sua capacidade", segundo o presidente da Associação de Regantes, Fernando Brás. Este é o caso mais preocupante, como porque, como sempre acontece em períodos de seca prolongada, os agricultores arriscam perder a produção e o investimento feito. O problema maior são as árvores de fruto, os pomares da Vilariça, nomeadamente a produção de pêssego que, "se não tiver água, não há crescimento e não ganha calibre para ir para o mercado", frisou. Não chovendo, "a necessidade de regar tem de ser antecipada" e as reservas vão acabando. A associação que representa cerca de 800 beneficiários, tem um projeto para minimizar a situação que já tem assegurado financiamento do PRODER para os 2,2 milhões de euros necessários, e que consiste na construção de um dique para reforço do caudal da barragem da Burga. O projeto contempla ainda a instalação de contadores para racionalizar o uso da água e faz parte de um plano de investimentos da organização agrícola que contempla também a atualização do cadastro, a elaboração de um sistema de informação geográfica e a reorganização cultural do vale para adequar o tipo de cultura ao clima e solo. Nos planos estão também a criação de um agrupamento de produtores para comercializar os produtos da zona, nomeadamente a fruta. O presidente da associação defende, no entanto que a solução para o problema de armazenamento de água terá de passar pela construção de mais uma pequena barragem no caudal da Burga. A pretensão foi transmitida à ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que visitou hoje aquela zona e acrescentou as preocupações locais com a seca a outras que tem recebido de todo o país. A ministra pode observar "aquilo que é o efeito do PRODER, dos fundos da agricultura" nos novos sucalcos e explorações resultado de um investimento de 38 milhões de euros neste vale.
10 -02-2012
ResponderEliminarMais 15 dias sem chover será "muito dramático" no Vale da Vilariça
Os agricultores do Vale da Vilariça, no Nordeste Transmontano, esperaram meio século pelas barragens necessárias para o regadio, mas a falta de água continua a assombrar as culturas sem chuva há mais de cinco meses.
Rui Tadeu, empresário agrícola, lembra-se bem da última vez que viu "cair chuva, chuva do céu". "Foi no dia 01 de setembro, na abertura da caça à perdiz", contou.
Desde essa data, "um ou outro dia" tem havia uns chuviscos, "uma pequena coisinha".
A falta de pastos é onde o problema da seca é já mais visível, também para este homem com mais de 300 ovelhas churras da Terra Quente Transmontana, que ajudam a produzir um dos queijos de marca da região, o Terrincho.
"Nesta altura, isto devia estar verde, devia estar com água e o rebentamento natural (dos pastos) e está completamente seco, completamente queimado", observou.
Rui Tadeu ainda tem "alguma fé que efetivamente a chuva tem de aparecer", mas "poderá ser muito dramático se demorar mais do que quinze dias".
Embora a situação presente ainda não seja tão dramática como na época de 2004/2005, os agricultores já começam a recorrer às reservas para o verão para alimentar o gado e temem o inflacionamento dos preços se tiverem de comprar mais alimento para substituir os pastos naturais.
A falta de água sempre foi o principal drama dos agricultores deste vale transmontano que esperaram quase meio século pela construção de todas as barragens do plano de regadio, mas que continuam dependentes dos "caprichos de São Pedro"
A principal barragem, a da Burga, que rega a parte mais significativa da produção do vale, está a "30 por cento da sua capacidade", segundo o presidente da Associação de Regantes, Fernando Brás.
Este é o caso mais preocupante, como porque, como sempre acontece em períodos de seca prolongada, os agricultores arriscam perder a produção e o investimento feito.
O problema maior são as árvores de fruto, os pomares da Vilariça, nomeadamente a produção de pêssego que, "se não tiver água, não há crescimento e não ganha calibre para ir para o mercado", frisou.
Não chovendo, "a necessidade de regar tem de ser antecipada" e as reservas vão acabando.
A associação que representa cerca de 800 beneficiários, tem um projeto para minimizar a situação que já tem assegurado financiamento do PRODER para os 2,2 milhões de euros necessários, e que consiste na construção de um dique para reforço do caudal da barragem da Burga.
O projeto contempla ainda a instalação de contadores para racionalizar o uso da água e faz parte de um plano de investimentos da organização agrícola que contempla também a atualização do cadastro, a elaboração de um sistema de informação geográfica e a reorganização cultural do vale para adequar o tipo de cultura ao clima e solo.
Nos planos estão também a criação de um agrupamento de produtores para comercializar os produtos da zona, nomeadamente a fruta.
O presidente da associação defende, no entanto que a solução para o problema de armazenamento de água terá de passar pela construção de mais uma pequena barragem no caudal da Burga.
A pretensão foi transmitida à ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que visitou hoje aquela zona e acrescentou as preocupações locais com a seca a outras que tem recebido de todo o país.
A ministra pode observar "aquilo que é o efeito do PRODER, dos fundos da agricultura" nos novos sucalcos e explorações resultado de um investimento de 38 milhões de euros neste vale.
Lusa