Um dos arguidos confessou. Paguei 6300 euros mais ovelhas e fardos de palha a um angariador. No total, a carta do meu filho ficou em 7500 euros." Antónia Rodrigues, de 73 anos, contou assim ao CM a razão por que faz parte do grupo de 111 arguidos que começaram ontem a ser julgados em Bragança, no Centro Empresarial da cidade, num processo de corrupção com cartas de condução. Antónia, residente em Vilar Tropim, Figueira de Castelo Rodrigo, lembra que foi abordada pelo angariador. O filho foi quatro vezes a uma escola de condução em Torre de Moncorvo. "Ele tem a carta mas nunca conduziu porque não chegou a aprender, sinto-me enganada", concluiu a arguida. No banco dos réus estão examinadores, angariadores, instrutores, escolas de condução, médicos e candidatos à carta de condução de norte a sul do País que se dirigiram a Bragança e a Mirandela, locais onde conseguiram obter a carta de forma ilícita. Muitos deles não sabem ler nem escrever e alguns têm deficiências incapacitantes para a condução. Na manhã da primeira sessão, foram identificados os arguidos. Começaram a ser ouvidos à tarde, mas apenas cinco prestaram declarações: quatro negaram os factos constantes da acusação e um confessou. "É verdade, paguei 2000 euros para ter a carta. Não tive nenhuma aula teórica nem prática, apenas me apresentei em Moncorvo no dia dos exames. No de código, o examinador disse-me as respostas com os dedos", disse Raul Teixeira, natural de Gaia. Cinco dos arguidos, quatro examinadores e um instrutor, estão em prisão preventiva.
Fonte:
http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/dei_6300__e_ovelhas_por_carta_do_meu_filho.html
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