Missionário em Nampula, Moçambique,
e profundo conhecedor das letras, escreveu livros e proferiu variadíssimas palestras. Dos seus estudos e
respetivas publicações, há a destacar “ Contos Macuas”, de 1935; “ Apontamentos
sobre A Língua Émakúa ”, de 1933; e “ Catecismo Português-Émakúa”, de 1944,
entre muitas obras impressas, manuscritas e datilografadas.
Já em 1966 se questionava, com
toda a propriedade, em escrito publicado em Editorial de um jornal, a identificar oportunamente,
sobre o que fazer a todo o espólio literário. Os responsáveis da Câmara
Municipal de Moncorvo não lhe deram
importância suficiente para, em tempo, adquirirem todos os seus escritos e os
álbuns fotográficos. Há um par de anos, aquando da compra de um bandolim, pelo
módico preço de 100 contos, fabricado por António Alberto Canteiro, Felgueiras
de Torre de Moncorvo, também tive conhecimento dos manuscritos e escritos
datilografados, assim como vários exemplares dos livros publicados, e ainda
dois álbuns de fotografias, estas subordinadas aos registos dos feitos em
missão.
Como de depreenderá, adquiri todo
o espólio, o possível, do Padre Castro. E agora?
Ele tem que ser amplamente
divulgado e acolhido num local mais coletivo, estando disponível aos seus
investigadores. Como tal, proponho que seja nomeado uma Comissão competente,
talvez da iniciativa da Câmara Municipal,
para efetuar o levantamento e o estudo do espólio do Padre Castro. Se
isso vier a acontecer, ofereço tudo aquilo que se tenho em arquivo.
Portanto, há que movimentar
sinergias e, como diz o povo, botar as mãos à obra do homem que combateu com a
palavra, tornando-se um verdadeiro soldado da Cruz. Moncorvo deve-lhe uma
grande homenagem.
Arnaldo Silva
Muitíssimo interessante este belo apontamento do prof. Arnaldo Silva e o seu gesto, raro nos tempos de ganância e egoísmo que correm, espelha generosidade e grandeza de carácter.
ResponderEliminarUm abraço
Júlia Ribeiro
Julio Remondes escreveu:
ResponderEliminarMaldito feitio português! Regra geral e salvo poucas e raras excepções, os génios subestimam-se em vida, morrem e depois então, valorizam-se. Ainda bem que há pessoas que remam contra essa maré e dão todo o seu empenho para que da poeira dos escaparates de algumas bibliotecas e afins, saltem para o conhecimento público, conteúdos injustamente esquecidos mas de elevada importância! Para estes, o meu grande apreço e muitos parabéns. Em criança, conheci muito bem o Sr. Padre Castro. Parece que ainda estou a vê-lo, com as suas enormes barbas brancas, olhar doce e andar calmo, vindo da Igreja para a sua linda mansão, sita ali bem perto! Lembro-me também do seu funeral. Não me lembro é ter ouvido a quem quer que fosse alguma referência sobre a sua actividade literária. Mais tarde, na disciplina de Português, lembro-me de ter lido um texto extraído de um livro da sua autoria, cujo conteúdo não me recordo mas sei que falava de milhafres.