− Olha, papá!
Enfim, um vocativo bem calhado. Por adequação, ou falta desta,retirara o colar de ouro fino.
− É teu, mamã.
− Não. Passou o tempo.
− O tempo não passa por ti – galanteio.
− É teu, minha filha.
Clotilde seguia a cena como jornalista que era, para refazer a peça,incluindo a prosa do velho Afonso Rodrigues, e a minha, tão precisada de revisão. Só assim, como acabava de se dar com ela, adquiríamos uma identidade. Se eu e homónimo, narradores, nos tornávamos suas personagens, ela sabia bem como eu distinguia jornalismo e literatura, mau grado as relações entre as duas artes. No meio, cuidado com as contingências da História.
Respondo à interjeição:
− Homens bons e boas donas vêm festejar quinhentos e cinquenta anos de cidade na Domus Municipalis.
Convergiam para aqui mil povos, longe do fato preto, da gravata preta,dos sapatos pretos, da camisa branca de 1964.
Entre Inês e Clotilde, dona Inês à direita, enlaçamo-nos. E, num rompante,eufórico:
− Parabéns, filha, minha nova cidade, pelo teu aniversário!
Todos, em coro:
− Parabéns, Bragança!
In A Casa de Bragança, de Ernesto Rodrigues.
Ver: http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2014/01/roteiro-inesianopor-ernesto-rodrigues.html
http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2013/11/ernesto-rodrigues-na-livraria-ferin.html
Nem pedido por boca: quero pôr esse final do meu romance no dia certo, 20, quando perfazemos 550 anos de cidade. Os amigos antecipam-se. Um abraço.
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