E os velhos, esses reservatórios…
A
esperança de vida aumentou, a natalidade decresceu, os velhos começam a ser
predominantes nas inquietações demográficas. Transportam sabedoria e memórias.
E muitas mazelas e doenças. Mas os tempos são outros e os filhos e as filhas
têm emprego, o que os remete, aos velhos, para a solidão da casa.
E então floresceram (não para a flor da idade, mas
para as folhas cadentes) os lares ou centros de dia, numa leitura de eufemismo
recolhido. Propagaram-se pelas aldeias e pela Vila, como espaços de
solidariedade mas também de lucro, com cuidados médicos, mesmo cabeleireira, e
contos e leituras de lazer para recuperar a memória, tentar serenar o espírito
e mitigar a solidão.
Há 25 anos estes espaços de recolha e recolhimento
eram inimagináveis, na sua vulgarização e na sua presença em espaços tão desabitados
como algumas aldeias onde se instalaram.
Moncorvo
terá tido mudanças radicais, na sua paisagem e no seu ordenamento. Porventura,
excepto nas pessoas.
O repórter regressa de uma aldeia, de visita a um lar.
Padecentes
da senitude, encostados à bengala, olham o horizonte, de vista baça e esquiva à
claridade. Já não pedem o futuro nem a morte.
Conformam-se:
o presente, ao menos.
RR
In TORRE DE MONCORVO , Março
de 1974 a 2009. De Fernando Assis Pacheco ,Leonel Brito, Rogério
Rodrigues. Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo
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