Nem sol, nem mar. O maior potencial turístico de Portugal e
o produto que deve ser divulgado a nível internacional para vender o país como
destino é o vinho. Num inquérito conduzido pelo IPDT, Instituto de Turismo,
divulgado nesta sexta-feira, 37% dos operadores estrangeiros questionados dizem
que este é o melhor argumento de promoção do país fora de portas, e 31% dizem
mesmo que associa o vinho ao turismo nacional.
Em 2012, este produto só era relacionado a Portugal por
apenas 7% dos inquiridos e, um ano antes, por 10%. Destronados, o sol e o mar
captam, agora, o interesse de 17% dos especialistas (37% em 2012 e 45% em
2011).
António Jorge Costa, presidente do IPDT, explica que este
resultado é o fruto de uma “qualificação do destino que os empresários do
sector têm vindo a desenvolver, tal como os próprios decisores políticos”. “Não
podemos esquecer que o sol e o mar continuam a captar a grande fatia dos
turistas que nos visitam, mas são visitantes sazonais”, disse ao PÚBLICO,
acrescentando que são precisos produtos complementares.
“Temos visto o sucesso que o Porto e Lisboa têm tido no
segmento das viagens city break [de curta duração]. Estas respostas também são
o resultado de novas apostas e conceitos associados ao design e aos produtos
gourmet”, sublinha.
As praias extensas e o bom tempo mantêm-se como âncora
essencial para segurar turistas, mas as duas principais cidades do país
passaram a estar no mapa dos grandes operadores. São o que António Jorge Costa
chama “irmãos” do sol e mar.Outro resultado que se destaca neste estudo,
conduzido pelo IPDT junto de um painel de membros filiados na Organização
Mundial de Turismo, é o peso que a história de Portugal pode ter na hora de
promover o destino. Em 2013, 16% dos inquiridos disseram associar Portugal a
“história”, valor que em 2012 era de 9% e de 5% em 2011.
O contexto de crise e o programa de ajuda financeira não são
alheios a estes indicadores. “O facto de Portugal se estar a tornar mais
dinâmico a nível internacional leva a que os turistas queiram saber mais sobre
a história do país. Estamos a passar a crise sem grandes sobressaltos de paz
social, apesar das dificuldades sentidas pelos portugueses. Cá dentro, é óbvio
que não pensamos da mesma forma, mas quem está de fora compara com o que se
passa na Grécia ou em Espanha”, analisa António Costa.
Talvez seja por isso que 75% dos especialistas afirmem que a
crise financeira não afectou negativamente a imagem de Portugal (55% em 2012).
O presidente do IPDT diz que há uma “conjuntura internacional que acredita” no
país e na forma como está a ultrapassar a turbulência financeira. Artigos como
o que o Financial Times publicou nesta segunda-feira, dizendo que Portugal era
o herói surpresa da retoma na zona euro, ajudam a construir uma imagem
positiva, apesar da austeridade. E isso, diz António Costa, acaba por ter
impacto na decisão de um turista quando escolhe o próximo destino. “Não tenho
dúvida de que esta conjuntura terá impacto ao nível da decisão de pessoas que,
antes, nem tinham em conta Portugal como destino”, afirma, concluindo que no
meio de uma “grande turbulência, há oportunidades”.
No inquérito conduzido durante o mês de Dezembro, 32% dos
especialistas que já estiveram no país escolheram-no por ser “agradável e
especial”. Cerca de 28% vieram pelas “cidades, história e cultura”.
Questionados sobre a qualidade das campanhas promocionais nos mercados
internacionais, 20% dão 8, numa escala de 1 a 10. Quanto à experiência de
férias, 16% dá nota máxima (8% em 2012). Nenhum dos inquiridos dá uma
classificação abaixo dos seis valores.
http://www.publico.pt/economia/noticia/vinho-apontado-como-o-maior-potencial-turistico-de-portugal-1624Fotografias do Arquivo do blogue.
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