“Grande é a poesia, a bondade e as danças ... Mas o melhor do mundo são as crianças “
Fernando Pessoa
Mães e avós têm sempre muitas estorinhas de filhos e netos e deliciam -se a contá-las. E quando as mães e avós foram professoras, então as estórias multiplicam-se. Não sei é se os ouvintes, neste caso, leitores, se deliciarão de igual maneira.
...ia ensiná-los à irmã ... |
O meu filho foi para a escola aos 6 anos e meio. Na 1ª semana aprendeu asneiras de todo o tamanho e feitio e palavrões da pesada. Mas não os repetia em casa: ia ensiná-los à irmã que tinha 3 anos e pouco. A miúda repetia-os todos. Eu fingia que não ouvia, mas a empregada ralhava a ambos. O garoto até se partia a rir e a miúda ainda repetia mais . Uma tarde, estava eu a corrigir testes (nessa altura dizia-se “pontos”, pois a notação era em pontos que, no total, correspondia a n valores, entre 0 e 20, e através da cotação obtida, aluno e professor faziam o ‘ponto da situação’ ). Estava eu, pois, embrenhada naquele tão atractivo trabalho, enquanto a pequenita brincava sentada no chão. A certa altura, decidiu desbobinar os palavrões todos que o irmão lhe havia ensinado. E repetiu... e repetiu... mais de uma hora. Cansada da ladainha , eu disse: “Pára com isso, que já me dói a cabeça”. Resposta imediata : “Ai, não queres que eu diga? Mas penso”. E ficou de lábios bem cerrados, zumbindo : “Hum, hum...hum, hum...” , enquanto abanava a cabeça e as costas para a frente e para trás. Eu pensei: “Claro, liberdade de pensamento”.
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Júlia RibeiroReedição de posts desde o inicio do blogue
Mais uma história, bem contada, da JÚLIA! A espontaneidade, a graça infantil, a a presença que se adivinha das crianças, de uma cena familiar, dão um sabor muito especial a este texto, que nos faz pensar, de imediato, noutras situações semelhantes; tudo isto a entrelaçar-se com o cómico de uma cena que se repetiu com todas as crianças: A minha filha mais velha também trazia assim umas palavras pesadonas de conteúdo e graça; e uma vez, à mesa consegui engolir a sopa sem me engasgar, simulando naturalidade e indiferença, com muita dificuldade; ela auscultou atentamenta a assintência, perscrutou todos os olhares e disse, cheia de tristeza:Eu não sei contar... todos os meus amigos se riram tanto...Vocês não se riram. Ao que a minha mãe, sempre, incondicionalmente ao lado ds netas, respondeu, prontamente:Ora essa é que tu ma hás-de voltar a contar p´ra eu a aprender e contá-la lá na terra!
ResponderEliminarO que fazem os avós!
A.A.
Ora, nem mais. Pelo menos liberdade de pensamento.
ResponderEliminarJ.M.
Lá diz o senhor padre: filho,o homem peca por pensamentos ,palavras e obras.As PPS foram pensadas,negociadas e feitas, e os autores foram para paraísos (fiscais).Fiquei eu e mais 9.999 milhões neste inferninho à beira das fragas incrustado com o mar ao fundo.
ResponderEliminarLeitor
Acho que o sr. Leitor tem toda a razão. O céu e o inferno vivem-se neste mundo. Só que está tudo às aveças. Os ladrões e os corruptos estão em paraisos altamente , os trabalhadores e as pessoas honestas estão a arder porque tem de pagar as dívidas que não fizeram.
ResponderEliminarSou um dos que estão a apertar o cinto.
De uma estorinha realmente bem contada, e da liberdade de pensamento, já vamos na ladroeira e na corrupção.
ResponderEliminarEu também não devo nada a ninguém, mas vou ter de pagar com língua de palmo. Por isso é que devía-mos todos gritar bem alto:
-Seus ladrões, seus vampirios, que nos sugais até á medula.
Uma Maria que não vai com as outras
E do Camané? Não há mais estórias ?
ResponderEliminarEsse gajo tem um porradão delas. E a dra. Júlia sabe contar extra superaltamente.
V.S.
"Vais ter relações sexuais? O governo dá-te preservativos! Já tiveste? O governo dá-te a pílula do dia seguinte! Engravidaste? O governo oferece o aborto! Tiveste filhos? O governo dá-te o abono de família e, em breve, 200 euros! Estas desempregado? O governo dá-te subsidio de desemprego! ... ... ... ... ... Estas na escola e não aprendes nada? O governo dá-te novas oportunidades! És viciado? O governo troca-te a seringa! Detestas Trabalhar? O governo dá-te o rendimento social de inserção. Agora experimenta estudar, trabalhar, produzir e andar na linha para ver o que acontece! O Governo oferece-te uma carrada de impostos e responsabilidades..." Cola no teu mural se concordas..
ResponderEliminarOlá, Amigos blogueiros e visitantes.
ResponderEliminarObrigada pela vossa gentileza e sobretudo pela vossa Amizade.
O nosso Amigo A.A. até se ia engasgando com o dito da menina , mas a avó acabou por remediar a situação.
Se não existissem, as avós tinham de ser inventadas.
O nosso Amigo V.S.(presumo que seja um homem , pois a frase "Esse gajo tem um porradão delas" é mais de homem ... bem, no meu tempo era.) vai ler mais uma do Camané.
Abraços
Júlia