Existe algum reino cujo monarca
não tenha sido designado? Que as leis que o regem provenham apenas da harmonia,
do sentimento, da vontade de viver em paz? Cujas fronteiras nunca foram impostas
e os seus limites chegam onde nos leva a saudade?
Um reino onde um dia aportamos, do
qual o cordão umbilical nunca cortámos. Mas, desditoso o desígnio desse fado,
mal paridas essas pedras que te formam e que não há meio de por lá fixarem os
que te amam.
Crispou-se então a lealdade,
esfumou-se a sensação de pertença, em desilusão encalhou o orgulho da origem?
Não, Não, Não.
Por mais cintilantes as avenidas
onde hoje perdes os teus passos, por mais belas que sejam as torres que homens
criaram, as pontes, estátuas e arranha-céus, sempre é a tua luz que nos atrai,
as tuas cores, cheiros e matizes, a sensação de que aí fomos felizes.
Um dia, que a certeza não é um
dom humano, voltaremos, colheremos amoras na beira do caminho que coberto de
sombras frescas nos levará ao ribeiro. Aí sentados, invadidos pela brisa que de
longe nos trás cheiros a feno e a saudade, beberemos sofregamente os momentos
que nos restam, até ao por do sol. Um sol que só em ti tem essas cores, o
vermelho ardente do fim de uma tarde de verão.
Então, expurgados da angústia da
distância, saciados com a leveza que só um moinho ermo, onde lendas de bruxas e
feitiços tinham origem, pode proporcionar, refeitos, reconstruídos,
reabilitados e reconhecidos, retomaremos esses trilhos que de novo serão
percorridos por aqueles que por ventura tiveram que te deixar.
Armando Sena
Reedição de posts desde o início do blogue.
Reedição de posts desde o início do blogue.
Texto bem escrito, rigoroso e com autenticidade.
ResponderEliminarLeitor
Um texto excelente.
ResponderEliminarParabéns amigo A.Sena
Obrigado Amigos. É sempre um prazer regressar aos Farrapos.
ResponderEliminarUm abraço.
Armando Sena