André e a Dona Amélia (na Festa da Adeganha,2012) |
Tenho assistido com alguma preocupação ao abandono da chamada doçaria regional e popular. Eu entendo que a doçaria conventual é mais rica e mais sofisticada. Mas esta só existe porque já havia uma tradição doceira popular, e que com o aparecimento do açúcar em abundância a partir do século XVI, foi mais fácil aperfeiçoar. Há locais onde recomeçam a apresentar a doçaria popular, em pastelarias, durante todo o ano e não só durante as romarias que alegram este País.Hoje vou escrever sobre uns bolinhos que se vendiam nas feiras e nas romarias. Ainda se chamam “Económicos” e não têm nada a ver com a crise que atravessamos.
Atualmente, em Bragança, é comum encontrá-los nas pastelarias e continuo a ter bons amigos que me fazem presentes deles. A minha irmã Conceição quis ter a gentileza de copiar o caderno de receitas da nossa Mãe, e oferecer aos irmãos, e lá encontrei a receita. Alguns autores já se têm debruçado sobre este antigo hábito de cadernos de receitas caseiras e de família. O seu conteúdo é curioso, e a forma como está redigido varia de receita para receita. Parece-me que as receitas de maior prática são as que têm menos detalhes e por vezes apenas os ingredientes e estes nem sempre quantificados. Deixemos o caderno para outra ocasião e vamos então à receita.Para meio quilo de açúcar são necessários seis ovos. Ainda meio litro de leite, um cálice de aguardente, uma chávena de café de azeite, uma colher de chá de bicarbonato ou fermento em pó, e farinha “a que precisar”. Textualmente como está na receita. Mas eu desvendo já quanta farinha vai precisar. Sempre mais do que açúcar. Vamos então começar com a mesma quantidade de açúcar e farinha que se colocam num alguidar. Juntam-se os ovos inteiros e amassa-se bem. Depois junta-se a aguardente, o leite, o azeite e o fermento. Continua-se a amassar até sentir uma massa homogénea. E aqui vai o segredo, sem o ser. Vai-se juntando farinha aos poucos até sentir que a massa está mais encorpada… é a sensibilidade de quem está habituado a fazer (Há quem goste de juntar raspa de casca de um limão). Prepara-se um tabuleiro de ir ao forno barrando com manteiga e polvilha-se com farinha, e moldam-se pequenos bolos circulares (Há quem goste de por um pouco de canela sobre os bolinhos). Vai a forno bem quente.Comer estes bolinhos ainda mornos é uma delícia. Por vezes cortam-se a meio e recheiam-se com geleia ou outro doce. Ou comem-se simples, e conservam-se bem em caixas de folha.Os que recebo de presente separo primeiro os suficientes para dois ou três dias. O restante congelo, embrulhados individualmente. Depois quando tenho apetite ou saudades retiro do congelador, embrulho em guardanapo de papel e no micro-ondas em vinte segundos ficam prontos. Desculpem a ousadia, melhor que “scones”!
Atualmente, em Bragança, é comum encontrá-los nas pastelarias e continuo a ter bons amigos que me fazem presentes deles. A minha irmã Conceição quis ter a gentileza de copiar o caderno de receitas da nossa Mãe, e oferecer aos irmãos, e lá encontrei a receita. Alguns autores já se têm debruçado sobre este antigo hábito de cadernos de receitas caseiras e de família. O seu conteúdo é curioso, e a forma como está redigido varia de receita para receita. Parece-me que as receitas de maior prática são as que têm menos detalhes e por vezes apenas os ingredientes e estes nem sempre quantificados. Deixemos o caderno para outra ocasião e vamos então à receita.Para meio quilo de açúcar são necessários seis ovos. Ainda meio litro de leite, um cálice de aguardente, uma chávena de café de azeite, uma colher de chá de bicarbonato ou fermento em pó, e farinha “a que precisar”. Textualmente como está na receita. Mas eu desvendo já quanta farinha vai precisar. Sempre mais do que açúcar. Vamos então começar com a mesma quantidade de açúcar e farinha que se colocam num alguidar. Juntam-se os ovos inteiros e amassa-se bem. Depois junta-se a aguardente, o leite, o azeite e o fermento. Continua-se a amassar até sentir uma massa homogénea. E aqui vai o segredo, sem o ser. Vai-se juntando farinha aos poucos até sentir que a massa está mais encorpada… é a sensibilidade de quem está habituado a fazer (Há quem goste de juntar raspa de casca de um limão). Prepara-se um tabuleiro de ir ao forno barrando com manteiga e polvilha-se com farinha, e moldam-se pequenos bolos circulares (Há quem goste de por um pouco de canela sobre os bolinhos). Vai a forno bem quente.Comer estes bolinhos ainda mornos é uma delícia. Por vezes cortam-se a meio e recheiam-se com geleia ou outro doce. Ou comem-se simples, e conservam-se bem em caixas de folha.Os que recebo de presente separo primeiro os suficientes para dois ou três dias. O restante congelo, embrulhados individualmente. Depois quando tenho apetite ou saudades retiro do congelador, embrulho em guardanapo de papel e no micro-ondas em vinte segundos ficam prontos. Desculpem a ousadia, melhor que “scones”!
António Monteiro escreveu que estes económicos também são conhecidos por "pobrezinhos", "matrafões", "desgovernados" ou "bolos de romaria".
Em força para a nossa doçaria popular.
Boas Férias.
© Virgílio Nogueiro Gomes
Nota: fotografia A.F.F.M.Post publicado a 31/07/2012
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