Arte ,Sabor e Douro.Foto L.b. |
Desde que em 1886
apareceram na Exposição Universal de Paris e na Feira Internacional de
Filadélfia, onde foram celebradas pela crítica da especialidade, [são os factos
documentados], não mais deixaram de fazer parte da tradição doceira dos
moncorvenses. Eram usadas como guloseima, na época pascal e nas boas bodas,
embrulhadas em tule para oferta ou espalhadas pelas mesas para consumo
imediato.
Apresentam-se no
mercado em três tipos: «bicudas brancas» quando são só cobertas de açúcar,
«morenas» se também levam chocolate e canela (ou só chocolate) e «peladinhas»
quando o grão é revestido apenas por uma ligeiríssima camada de açúcar. Até há
bem pouco tempo também se aproveitava alguma amêndoa amarga para cobrir, a
«amara», que era utilizada para atenuar o efeito de uns "copitos a
mais" (!).
Escalde os grãos,
descasque-os e, em seguida, torre-os no forno em latas apropriadas. Finda esta
operação, espalhe-os numa bacia de cobre redonda assente num alguidar de barro
cheio de rescaldo e, pouco a pouco, remexa-os, cuidadosamente, com os dedos
adedalados, regando-os de açúcar em ponto, com ou sem aromas, a intervalos de
colheradas de sopa. Era assim que a minha tia Rosa - ilustre doceira
moncorvense - as fazia. Os "confétis", os biquinhos que se partiam,
ficavam para mim e para os meus companheiros. Que bem sabiam com uma golada de
licor de canela! Até com aquela xaropada gaseificada – o pirolito, para o saque
de mais um berlinde! [Diziam que o licor de canela da Ti Antoninha Biló era o
melhor! Talvez!]
Fico-me por aqui...
Antes que o aroma destas delícias inofensivas, destas doces delicadezas de sabor
amendoado, desmoralizantes da lealdade fingida às dietas dos argumentos
remendados, me activem imoderadamente a circulação e promovam apetites mais
descuidados e bem mais ferozes.
António Monteiro
In:https://www.facebook.com/antonio.monteiro.140?fref=ts
Um texto simples , claro e bem escrito.
ResponderEliminarClaro que o licor da Tia Antoninha Biló, minha mãe, era o melhor.
Um grande abraço
Júlia Ribeiro