Há uns tempos relatei aqui um roubo, um tanto
rocambolesco, de que fui vítima e prometi que depois, quando calhasse, vos
falaria das peripécias de um outro. Parece que calha agora.
Era um dia de Agosto e decidi ir a Viana do Castelo ver a filha e as netas. Fui comprar-lhes umas predinhas: dois conjuntinhos de top e calções para a praia, mais dois livros. Para mim comprara também uns calções “adidas”. Eu que nunca vou por marcas, nesse dia deu-me para a adidas. E caros, o raio dos calções. Tudo arrumado no pequeno saco de viagem, lá vou eu para a camionagem. Leiria-Coimbra; Coimbra-Porto, onde tinha cerca de uma hora de espera para a última tirada Porto-Viana.
Era um dia de Agosto e decidi ir a Viana do Castelo ver a filha e as netas. Fui comprar-lhes umas predinhas: dois conjuntinhos de top e calções para a praia, mais dois livros. Para mim comprara também uns calções “adidas”. Eu que nunca vou por marcas, nesse dia deu-me para a adidas. E caros, o raio dos calções. Tudo arrumado no pequeno saco de viagem, lá vou eu para a camionagem. Leiria-Coimbra; Coimbra-Porto, onde tinha cerca de uma hora de espera para a última tirada Porto-Viana.
...ali junto do Jardim de S. Lázaro |
Metemo-nos no carro: os dois polícias à frente, eu
atrás. Num repente estávamos junto do Jardim de S.Lázaro. Vimos o ladrão com os
ditos conjuntinhos na mão, a apregoar alto e bom som que eram peças novas e
baratas, depois fazia os meus calções adidas rodopiar no ar: “A-DI-DAS,
calções novinhos, com a etiqueta e o
preço – 30 euros. Vai por 10. Por 10”.
Os polícias sentadinhos no carro a apreciar. Eu a apressá-los, pois perderia o expresso
para Viana. Eles a recomendarem-me calma.
“Ele já não nos escapa. Esteja descansada”. E o ladrão tirou depois os dois livros, mas
pô-los no chão e não os apregoou. Voltei
a pedir aos polícias que o prendessem. E eles continuavam a gozar o espectáculo.
Mas o meu receio agora era que o ladrão começasse a tirar as minhas cuecas e
soutiens e os apregoasse, enquanto os faria rodopiar no ar como bandeirolas.
Então os polícias lá se resolveram a prender o fulano e
eu pude reaver os fatinhos para as netas e os meus malfadados calções A-DI-DAS.
Tive de ir à esquadra assinar os papéis sobre o preso
“em flagrante” , perdi o expresso para Viana e a minha filha teve de vir
buscar-me ao Porto. E vinha furiosa, porque já era a quinta ou sexta vez que eu
me deixava roubar...
Olá, Julinha:
ResponderEliminarÉ preciso estar sempre com um olho no burro e outro no cigano... Que agora os ciganos já não vendem burros .
Maria do Carmo
Já sentia a falta de um momento de descontração neste tempo de desgraça e miséria. Obrigado minha senhora.
ResponderEliminarAntónio Silveira
Os ciganos já não vendem burros e agora os ladrões são outros. Leiam a cronica de Lobo Antunes na Vizão, no passado mês de Abril, não me lembro data ixata, ali com os nomes bem escarrapaxados .......
ResponderEliminarJoão da Torre
Olá minha querida Julinha!
ResponderEliminarChegou e encantou!Essa dos calções A-Di-Das está das melhores que já lhe li(se falar das Ventas de Julio)É sempre um prazer enorme ler as suas "estórias" sem falar nas suas Histórias...
Beijinhos da sua amiga
Ireninha
Os ciganos que o António Lobo Antunes mencionava na Visão,no passado
ResponderEliminarmês de Abril estavam todos nas Nuvens...Eu li a crónica ,pois sou assinante,mas essas são outras "estórias"...
Leitor