LINHA DO TUA
Construção do troço entre Tua e Mirandela
O concurso público para a instalação do
caminho de ferro entre Foz-Tua e Mirandela foi autorizado por uma lei de
26 de Abril de 1883, e aberto por um decreto de 29 de Setembro do mesmo ano; a
garantia de juro foi fixada nos 5,5%, com um prazo de resgate após 15 anos,
devendo a via ter 1 metro de bitola.8 No entanto, não apareceram
pretendentes, pelo que um decreto de 22 de Novembro lançou um novo concurso em
14 de Dezembro, com condições de resgate mais vantajosas, pois acreditava-se
que tinha sido esta a razão do insucesso do primeiro concurso; só apareceu, no
entanto, uma proposta, do Conde da Foz, que foi aceite, tendo o contrato
provisório sido assinado em 24 de Dezembro.8 Após ter sido autorizado pela lei
de 26 de Março do ano seguinte, o contrato tornou-se definitivo em 30 de Junho;
no entanto, a concessão foi trespassada à Companhia
Nacional de Caminhos de Ferro em 1 de Outubro de 1885, tendo
esta empresa construído e aberto o troço entre Foz-Tua e Mirandela, denominado de Linha de
Mirandela, à exploração em 29 de Setembro de 1887 , tendo assistido à cerimónia o
rei D. Luís
Troço entre Mirandela e Bragança
Entretanto, já se tinha iniciado o
planeamento para prolongar a Linha, entre Mirandela e Bragança,
para atenuar o problema das vias de comunicação nesta região, que apresentava
uma elevada importância económica, devido à sua produção de gado, cereais e
minérios, especialmente estanho; com efeito, em
1902, já tinham sido exportados, pelo troço aberto da Linha do Tua, atéMirandela, mais de 4 mil toneladas de cereais
por ano.10 Em 1900, o número de passageiros
no troço entre Tua e Mirandela foi de 33.928, valor que
ascendeu a 35.920 em 1901; no mesmo troço, foram movimentadas, em regime de
Grande Velocidade, 625 toneladas de carga em 1900, e 694 toneladas em 1901,
tendo-se verificado apenas uma redução ligeira no movimento de mercadorias em
Pequena Velocidade, de 26.153 toneladas em 1900, para 26.017 em 1901.
O orçamento do Caminho de Ferro de
Mirandella a Bragança, efectuado em 1888 pela Direcção d'Estudo da Rêde
Complementar ao Norte do Mondego, estabelecia um custo quilométrico de
19:680$000 réis; no entanto, este orçamento teve de ser revisto, devido a
alterações cambiais, e ao aumento dos custos da mão de obra e dos materiais,
resultando num valor não inferior a 22:000$000 réis por quilómetro.
O engenheiro José Ferro Madureira Beça,
que exercia como deputado pelo Distrito de Bragança,
foi um dos principais defensores da continuação da linha até Bragança,
tendo apoiado o ministro das Obras Públicas, José Gonçalves Pereira dos Santos,
no planeamento deste projecto; baseado numa proposta, feita por Moses Zagury e
apresentada por Madureira Beça, foi aberto um concurso público, com uma
garantia de 4½%.12 Este processo, organizado pelo
conselho de Administração dos Caminhos de
Ferro do Estado, terminou no dia 14 de Fevereiro de 1902, tendo
havido uma única proposta, do empresário João Lopes da Cruz,
que pediu que o estado assegurasse o complemento do rendimento líquido de
4½ %, em relação ao preço quilométrico de 26:880$000 réis.10 Nesse ano, o Governador Civil de Bragança deslocou-se
até Lisboa, para falar com o presidente do Conselho e
com o Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria,
com o propósito de apoiar a candidatura de João da Cruz, visto que foi o único
concorrente que se apresentou; neste convénio, falou-se em aprovar e legalizar
a proposta, o que provocou várias manifestações de apoio por todo o Distrito de Bragança,
tendo sido realizado, em Macedo de Cavaleiros,
um comício de todos os partidos políticos, para a formação de uma comissão que
iria pedir ao Rei e ao governo para as obras se iniciarem o mais rapidamente
possível.13 Este projecto também foi
defendido pelo par do reino Eduardo José Coelho, que informou o ministro das
Obras Públicas que o empresário João da Cruz detinha o apoio de um importante
grupo de financiadores, e que esta linha seria um melhoramento indispensável
para todo o Distrito.13 No entanto, este processo
provocou vários protestos da parte do autor da proposta original, Moses Zagury,
apesar deste não ter participado no concurso; o ministro, abriu, então, um novo
concurso, para eliminar quaisquer suspeitas de favoritismo.12 O empresário João Lopes da Cruz
foi, de novo, o único concorrente, tendo-lhe sido atribuída, de forma
provisória a concessão; enquanto isso, Madureira Beça procurava reunir apoios
financeiros para este projecto, tarefa que não pôde concluir devido ao seu
falecimento.
Em 24 de Março, o Rei D. Carlos I,
após ter verificado os resultados do concurso efectuado em Fevereiro, recusou
as propostas e ordenou que fosse aberto um novo concurso para este troço, no
dia 15 de Abril; a linha deveria passar por Macedo de Cavaleiros e
terminar em Bragança,
e a empresa responsável pela construção poderia fazer a sua exploração durante
99 anos.
A concessão provisória foi consignada a
João Lopes da Cruz em 19 de Abril, e oficializada no dia 24 de Maio; no
entanto, e tal como acontecera com o troço até Mirandela, a Companhia
Nacional de Caminhos de Ferro conseguiu obter a concessão em 30
de Junho de 1903.8 Assim, a linha foi construída até Romeu em 2 de Agosto de 1905, Macedo de Cavaleiros em
15 de Outubro,Sendas em 18 de Dezembro, e a Rossas em
14 de Agosto de 1906.8 O primeiro comboio chegou a Bragança em
26 de Outubro do mesmo ano1 , tendo este troço sido
oficialmente inaugurado em 31 de Dezembro.
A linha durante o Século XX
Em 1979, uma das automotoras da Série 9300 que operavam nesta linha foi
destruída num incêndio.
No mesmo ano, um dos nove concorrentes
apurados para o Festival RTP da
Canção foi o tema “O comboio do Tua”, interpretado por Florência, que recebeu 63 pontos, sendo
classificado em oitavo lugar.
Declínio e encerramento
O troço Carvalhais - Bragança encontra-se
encerrado a todo o tráfego ferroviário desde 1992. Esta data está envolta em
controvérsia, uma vez que em Dezembro de 1991 se encerrou o troço Mirandela - Macedo de Cavaleiros,
deixando o troço atéBragança isolado
da rede ferroviária nacional. Poucos dias depois, um descarrilamento em Sortes veio ditar o encerramento do troço Macedo de Cavaleiros - Bragança,
de forma indeterminada, finalmente confirmada em 1992.
A operação de encerramento definitivo do
troço Mirandela - Bragança ocorreu
durante a noite, sem aviso prévio, e simultaneamente em Bragança e Macedo de Cavaleiros.
Foi registada a presença de forças policiais, tanto para evitar ao máximo o
registo de imagens, como para afastar a população, que ao saber da operação
acorreu às estações destas localidades. O material circulante estacionado
nestas foi retirado não por via ferroviária, mas via rodoviária. Foi relatado
nessa noite um súbito corte nas telecomunicações. Devido a estes
acontecimentos, o evento é recordado como A Noite do Roubo.
Grande parte do material de tracção
utilizado foi vendido ou parqueado, tendo sido, por exemplo, estacionadas
várias carruagens da Década de 1930 nas vias de resguardo daEstação de Tua.
Em 1995, estavam a ser planeadas viagens
turísticas nesta linha, no âmbito de um programa de turismo ferroviário nas
redes do Douro e Minho, por parte dos Caminhos de
Ferro Portugueses.
Parte do trajecto da Linha do
Tua encontra-se neste momento ameaçado de submersão pela albufeira prevista
para a Barragem do Tua.
Se for concretizada a construção, será submergida parte da linha, deixando-a
isolada da restante rede nacional ferroviáriaFONTE:http://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_do_Tua
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