Capielha de San Martinico, ne l termo de Paradela |
A capela de São Martinico fica situada no termo de Paradela, quase nos limites com Aldeia Nova. Por isso, a festa é/era feita pelas duas aldeias. Está implantada num pequeno prado baldio que é também uma encruzilhada de caminhos, ainda no Planalto, mas já quase no início das Arribas do Douro. É uma capelinha tão pequena que mal lá caberão duas ou três pessoas em simultâneo, e talvez daí venha o nome que lhe dão, colocando o santo no diminutivo, o que é coisa pouco usual.
Dizem-nos que esta capela será dos princípios do século XX, e lá está a data de 1918, mandada construir por uma família que tinha devoção a São Martinho, e na fachada surgem as letras M. F. P. J. // J. P. O tempo disponível não permitiu melhor informação retirar sobre essa história. Mas um dia destes haverá que o fazer, e até talvez algum dos nossos leitores nos possa ajudar, nessa importante empresa. Seja como for, fica já aqui uma ideia essencial: porquê uma família, no início do século XX, manda construir uma capelinha no meio do termo? A resposta não pode ser outra além desta: porque ali já era um local de culto antes disso. Como aqui iremos apresentando, são muitos os locais de culto espalhados pelo termo das aldeias, uns já apenas umas ruínas e outros nem isso, apenas um simples topónimo, como sucede em Sendim e Cicouro com o topónimo “A Capela”, onde já nem vestígios existem de que ali tivesse existido uma construção dessas.
Mesmo assim conseguimos saber que ainda hoje se realiza a festa de São Martinho, o dia 11 de novembro ou no domingo seguinte, envolvendo as duas aldeias. De Paradela e Aldeia Nova. Essa tradição mostra que a festa já virá de muito tempo antes desta capelinha ali ter sido construída. Sabemos que São Martinho é um dos primeiros santos do cristianismo e é muito possível que venha desses tempos também este culto aqui celebrado.
Tratando-se de um culto no campo e ainda hoje vivo, tudo indica que naquele local ou ali muito próximo teria sido praticado um culto pagão que depois foi substituído pelo de São Martinho, santo da nova religião, possivelmente antes do século VIII. O local é adequado a isso, seja como encruzilhada de caminhos, seja porque sempre foi o caminho de paradela para São João das Arribas, seja porque existe um pasto baldio largo na encruzilhada onde haveria sempre existido alguma construção, nem que fosse um simples altar.
O que acabamos de dizer sai ainda reforçado pelo espanto que tivemos, quando vimos a capelinha pela primeira vez, Óscar, Alcides e eu. É que os quatro pilaretes que encimam os quatro cantos da capela são nem mais nem menos que ‘citotes’, ‘falos’, muito bonitos e bem feitos. O meu espanto foi tão grande que fiquei quase com um aperto no coração. Olhai bem para eles e deixai-vos encantar, como a nós nos sucedeu. Quem construiu a capelinha ou os transportou de outro local ou estavam já ali parte integrante de construção mais antiga. O que parece certo e seguro é que não foram construídos para aquela capelinha, mas reaproveitados como sempre sucede a muitas pedras antigas e, possivelmente, a outras pedras da mesma capela.
O facto de se tratar de ‘citotes’ ou ‘falos’ é mais um elemento que vem reforçar a presença do culto fálico na terra de Miranda e do qual já aqui mencionámos quando falámos do citote da Especiosa. Voltaremos a falar deste assunto quando aqui tratarmos da capela de Santa Marinha em Cércio. O culto fálico está ligado ao culto da fertilidade, da gestação e reprodução da vida e existiu em todas as culturas e mitologias antigas. Também pela terra de Aliste existem vários citotes, sendo muitos deles de origem romana, que os terão espalhado pelo seu império. Príapo e outros deuses romanos como Hermes, apresentam-se com falos erectos, estando também ligado ao culto de Baco e de Ceres. O falo era adorado e utilizado mesmo como amuleto pois também era considerado um símbolo de poder mágico. Por mim, tenho muitas dúvidas que o culto fálico na nossa região não seja anterior aos romanos, mas outros sobre isso melhor poderão dizer e com mais fundamento.
Porque são os falos mais afamados da nossa região, fui com Alcides Meirinhos em busca dos falos de Rabanales e de Ufones, mesmo próximo da fronteira com a terra de Miranda, e fazendo parte da terra de Aliste. Há mesmo quem diga que Rabanales, repleta de restos romanos pelas ruas, seria a velha Curunda, capital dos Zoelas, com centro no local arqueológico conhecido por Castrico. O citote de Rabanales tem aproximadamente dois metros de altura e foi colocado na praça central da povoação, mesmo encostado à igreja, também ela repleta de lages sepulcrais nas paredes, num exemplo de reaproveitamento das pedras de que também se vêm muitos exemplos em várias aldeias de Miranda, como acontece na igreja de Malhadas. Vários outros casos de grandes citotes se podem ver em Ufones, aldeia ao lado de Rabanales, e também em Bellarino Trás la Sierra, que faz fronteira com a terra de Miranda.
Voltando aos falos da capela de São Martinico eles devem passar a fazer parte de uma rota do culto fálico na Terra de Miranda, que há-de incluir vários outros locais, em especial na Especiosa, com seu falo encontrado no sítio de São Lourenço, próximo do Naso, a capela de Santa Marinha em Cércio e, possivelmente, Constantim, com seu menir de perfil fálico próximo da Pedra Redonda e de que falaremos mais tarde. Oxalá estes elementos que aqui vamos deixando, e que são apresentado pela primeira vez, possam servir para novos e pais profundos estudos e ao mesmo tempo para poder deixar as pessoas alerta para a descoberta de novos casos similares.
12 de márcio de 2013
Amadeu Ferreira
Tradução: Alcides Meirinhos
Dizem-nos que esta capela será dos princípios do século XX, e lá está a data de 1918, mandada construir por uma família que tinha devoção a São Martinho, e na fachada surgem as letras M. F. P. J. // J. P. O tempo disponível não permitiu melhor informação retirar sobre essa história. Mas um dia destes haverá que o fazer, e até talvez algum dos nossos leitores nos possa ajudar, nessa importante empresa. Seja como for, fica já aqui uma ideia essencial: porquê uma família, no início do século XX, manda construir uma capelinha no meio do termo? A resposta não pode ser outra além desta: porque ali já era um local de culto antes disso. Como aqui iremos apresentando, são muitos os locais de culto espalhados pelo termo das aldeias, uns já apenas umas ruínas e outros nem isso, apenas um simples topónimo, como sucede em Sendim e Cicouro com o topónimo “A Capela”, onde já nem vestígios existem de que ali tivesse existido uma construção dessas.
Mesmo assim conseguimos saber que ainda hoje se realiza a festa de São Martinho, o dia 11 de novembro ou no domingo seguinte, envolvendo as duas aldeias. De Paradela e Aldeia Nova. Essa tradição mostra que a festa já virá de muito tempo antes desta capelinha ali ter sido construída. Sabemos que São Martinho é um dos primeiros santos do cristianismo e é muito possível que venha desses tempos também este culto aqui celebrado.
Tratando-se de um culto no campo e ainda hoje vivo, tudo indica que naquele local ou ali muito próximo teria sido praticado um culto pagão que depois foi substituído pelo de São Martinho, santo da nova religião, possivelmente antes do século VIII. O local é adequado a isso, seja como encruzilhada de caminhos, seja porque sempre foi o caminho de paradela para São João das Arribas, seja porque existe um pasto baldio largo na encruzilhada onde haveria sempre existido alguma construção, nem que fosse um simples altar.
O que acabamos de dizer sai ainda reforçado pelo espanto que tivemos, quando vimos a capelinha pela primeira vez, Óscar, Alcides e eu. É que os quatro pilaretes que encimam os quatro cantos da capela são nem mais nem menos que ‘citotes’, ‘falos’, muito bonitos e bem feitos. O meu espanto foi tão grande que fiquei quase com um aperto no coração. Olhai bem para eles e deixai-vos encantar, como a nós nos sucedeu. Quem construiu a capelinha ou os transportou de outro local ou estavam já ali parte integrante de construção mais antiga. O que parece certo e seguro é que não foram construídos para aquela capelinha, mas reaproveitados como sempre sucede a muitas pedras antigas e, possivelmente, a outras pedras da mesma capela.
O facto de se tratar de ‘citotes’ ou ‘falos’ é mais um elemento que vem reforçar a presença do culto fálico na terra de Miranda e do qual já aqui mencionámos quando falámos do citote da Especiosa. Voltaremos a falar deste assunto quando aqui tratarmos da capela de Santa Marinha em Cércio. O culto fálico está ligado ao culto da fertilidade, da gestação e reprodução da vida e existiu em todas as culturas e mitologias antigas. Também pela terra de Aliste existem vários citotes, sendo muitos deles de origem romana, que os terão espalhado pelo seu império. Príapo e outros deuses romanos como Hermes, apresentam-se com falos erectos, estando também ligado ao culto de Baco e de Ceres. O falo era adorado e utilizado mesmo como amuleto pois também era considerado um símbolo de poder mágico. Por mim, tenho muitas dúvidas que o culto fálico na nossa região não seja anterior aos romanos, mas outros sobre isso melhor poderão dizer e com mais fundamento.
Porque são os falos mais afamados da nossa região, fui com Alcides Meirinhos em busca dos falos de Rabanales e de Ufones, mesmo próximo da fronteira com a terra de Miranda, e fazendo parte da terra de Aliste. Há mesmo quem diga que Rabanales, repleta de restos romanos pelas ruas, seria a velha Curunda, capital dos Zoelas, com centro no local arqueológico conhecido por Castrico. O citote de Rabanales tem aproximadamente dois metros de altura e foi colocado na praça central da povoação, mesmo encostado à igreja, também ela repleta de lages sepulcrais nas paredes, num exemplo de reaproveitamento das pedras de que também se vêm muitos exemplos em várias aldeias de Miranda, como acontece na igreja de Malhadas. Vários outros casos de grandes citotes se podem ver em Ufones, aldeia ao lado de Rabanales, e também em Bellarino Trás la Sierra, que faz fronteira com a terra de Miranda.
Voltando aos falos da capela de São Martinico eles devem passar a fazer parte de uma rota do culto fálico na Terra de Miranda, que há-de incluir vários outros locais, em especial na Especiosa, com seu falo encontrado no sítio de São Lourenço, próximo do Naso, a capela de Santa Marinha em Cércio e, possivelmente, Constantim, com seu menir de perfil fálico próximo da Pedra Redonda e de que falaremos mais tarde. Oxalá estes elementos que aqui vamos deixando, e que são apresentado pela primeira vez, possam servir para novos e pais profundos estudos e ao mesmo tempo para poder deixar as pessoas alerta para a descoberta de novos casos similares.
12 de márcio de 2013
Amadeu Ferreira
Tradução: Alcides Meirinhos
Texto original em mirandês:
Capielha de San Martinico, ne l termo de Paradela
La capielha de San Martinico queda ne l termo de Paradela, quaije na marra cun Aldé Nuoba. Por esso, la fiesta era/ye feita pulas dues aldés. Stá amplantada nun balhico que ye al mesmo tiempo ua ancruzelhada de caminos, inda ne l Praino, mas yá quaije al ampeço de las Arribas de l Douro. Ye ua capelhica tan pequeinha que mal alhá caberan dues ou trés pessonas al mesmo tiempo, i talbeç dende benga l nome que le dan, ponendo l santo ne l deminutibo, l que ye cousa mui rala.
Dízen mos que esta capielha será de ls ampeços de seclo XX, i alhá stá la era de 1918, mandada fazer por ua família que le tenie deboçon a San Martino, i delantre aparécen las letras M. F. P. J. // J. P. L tiempo çponible nun dou para melhor anformaçon sacar subre essa stória. Mas un die destes haberá que lo fazer, i até talbeç algun de ls nuossos leitores mos puoda ajudar, nessa amportante ampresa. Seia cumo fur, queda yá eiqui ua eideia eissencial: porquei ua família, al ampeço de l seclo XX, manda fazer ua capelhica al meio de l termo? La repuosta nun puode ser outra que esta: porque eilhi yá era un sítio de culto antes desso. Cumo eiqui eiremos apersentando, son muitos ls sítios de culto sparbados pul termo de las aldés, uns yá solo uns sbarrulhos i outros nien esso, solo un simples chamadeiro, cumo se passa an Sendin i CIcuiro cun l chamadeiro “La Capielha”, adonde yá nien seinhas hai de que eilhi tubira habido ua custrucion dessas.
Assi i todo conseguimos saber que inda hoije se faç la fiesta de San Martino, die 11 de Nobembre ou l demingo apuis, ambolbendo las dues aldés, de Paradela i de Aldé Nuoba. Essa tradiçon amostra que la fiesta yá benirá de muito tiempo antes de esta capelhica eilhi haber sido feita. Sabemos que San Martino ye un de ls purmeiros santos de l cristianismo i ye mui possible que benga desses tempos tamien este culto eiqui celebrado.
Tratando-se de un culto ne l campo i inda hoije bibo, todo andica que naquel sítio ou eilhi mui acerca haberie sido praticado un culto pagano que apuis fui sustitído pul de San Martino, santo de la nuoba relegion, possiblemente antes de seclo VIII. L sítio ye apropriado a esso, seia cumo ancruzelhada de caminos, seia porque siempre fui l camino de Paradela para San Juan de las Arribas, seia porque hai un balhico ancho na ancruzelhada adonde haberie siempre stado algue custrucion, nien que fura un simples altar.
L que acabamos de dezir inda sal reforçado pul spanto que tubimos, quando bimos la capelhica pula purmeira beç, Óscar, Alcides i you. Ye que ls quatro pilaretes que stan antiba las quatro squinas de la capielha son nien mais nien menos que ‘citotes’, ‘falos’, mesmo guapos i bien feitos. L miu spanto fui tan grande que até quaije quedei cun un aperto ne l coraçon. Mirai bien para eilhes i deixai bos encantar, cumo a nós mos passou. Quien fizo la capelhica ou los trouxo de outro sítio ou stában yá eilhi de serbentie an custrucion mais antiga. L que parece cierto i seguro ye que nun fúrun feitos para aqueilha capellhica, mas reaporbeitados cumo siempre le passa a muitas piedras antigas i, possiblemente, a outras piedras de la mesma capielha.
L tratar-se de ‘citotes’ ou ‘falos’ ye mais un eilemiento que ben a reforçar la perséncia de l culto fálico na tierra de Miranda i an que yá eiqui amentemos quando falemos de l citote de la Speciosa. Tornaremos a falar de l assunto quando eiqui tratarmos de la capielha de Santa Marina an Cérceno. L culto fálico stá lhigado al culto de la fertilidade, de la giraçon i reperduçon de la bida i eisistiu an todas las culturas i mitologies antigas. Tamien pula tierra de Aliste hai bários citotes, sendo muito deilhes de ourige romana, que los haberien sparbado pul sou ampério. Príapo i outros diuses romanos cumo Hermes, aperséntan-se cun falos de punta, stando tamien lhigado al culto de Baco i de Ceres. L Falo era adorado i ousado mesmo cumo pelindrengo de la suorte puis tamien era cunsidrado un símbolo de poder mágico. Por mi, tengo muitas dúbedas que l culto fálico na nuossa region nun seia de antes de ls romanos, mas outros subre esso melhor poderan dezir i cun mais fundamento.
Porque son ls falos mais afamados de la nuossa region, fui-me cun Alcides Meirinhos a saber de ls falos de Rabanales i de Ufones, mesmo acerca de la raia cun la tierra de Miranda, i fazendo parte de la tierra de Aliste. Hai mesmo quien diga que Rabanales, chena de restros romanos pulas rues, serie la bielha Curunda, capital de ls Zoelas, cun centro ne l sítio arqueológico coincido por Castrico. L citote de Rabanales tem arrimado a dous metros de altura i fui puosto na praça central de l pobo, mesmo ancostado a l’eigreija, eilha mesma chena de lajas sepulcrales nas paredes, nun eisemplo de reaprobeitamiento de las piedras de que tamien se béien muitos eisemplos an bárias aldés de Miranda, cumo tal na eigreija de Malhadas. Bários outros causos de grandes citotes se puoden ber an Ufones, aldé al lhado de Rabanales, i tamien an Belharino Trás la Sierra, que faç raia cun la tierra de Miranda.
Tornando als falos de la capielha de San Martinico eilhes dében de passar a fazer parte dua rota de l culto fálico na Tierra de Miranda, que há de ancluir bários outros sítios, an special la Speciosa, cun sou falo achado ne l sítio de San Lourenço, acerca l Naso, la capielha de Santa Marina de Cérceno i, possiblemente, Custantin, cun sou menhir de perfil fálico acerca la Piedra Redonda i de que falaremos mais tarde. Ouxalá estes eilemientos que eiqui bamos deixando, i que son apersentados pula purmeira beç, puodan serbir para nuobos i mais fondos studos i al mesmo tiempo para poder deixar las pessonas alerta pa la çcubierta de nuobos causos aparecidos.
12 de márcio de 2013
Amadeu Ferreira
La capielha de San Martinico queda ne l termo de Paradela, quaije na marra cun Aldé Nuoba. Por esso, la fiesta era/ye feita pulas dues aldés. Stá amplantada nun balhico que ye al mesmo tiempo ua ancruzelhada de caminos, inda ne l Praino, mas yá quaije al ampeço de las Arribas de l Douro. Ye ua capelhica tan pequeinha que mal alhá caberan dues ou trés pessonas al mesmo tiempo, i talbeç dende benga l nome que le dan, ponendo l santo ne l deminutibo, l que ye cousa mui rala.
Dízen mos que esta capielha será de ls ampeços de seclo XX, i alhá stá la era de 1918, mandada fazer por ua família que le tenie deboçon a San Martino, i delantre aparécen las letras M. F. P. J. // J. P. L tiempo çponible nun dou para melhor anformaçon sacar subre essa stória. Mas un die destes haberá que lo fazer, i até talbeç algun de ls nuossos leitores mos puoda ajudar, nessa amportante ampresa. Seia cumo fur, queda yá eiqui ua eideia eissencial: porquei ua família, al ampeço de l seclo XX, manda fazer ua capelhica al meio de l termo? La repuosta nun puode ser outra que esta: porque eilhi yá era un sítio de culto antes desso. Cumo eiqui eiremos apersentando, son muitos ls sítios de culto sparbados pul termo de las aldés, uns yá solo uns sbarrulhos i outros nien esso, solo un simples chamadeiro, cumo se passa an Sendin i CIcuiro cun l chamadeiro “La Capielha”, adonde yá nien seinhas hai de que eilhi tubira habido ua custrucion dessas.
Assi i todo conseguimos saber que inda hoije se faç la fiesta de San Martino, die 11 de Nobembre ou l demingo apuis, ambolbendo las dues aldés, de Paradela i de Aldé Nuoba. Essa tradiçon amostra que la fiesta yá benirá de muito tiempo antes de esta capelhica eilhi haber sido feita. Sabemos que San Martino ye un de ls purmeiros santos de l cristianismo i ye mui possible que benga desses tempos tamien este culto eiqui celebrado.
Tratando-se de un culto ne l campo i inda hoije bibo, todo andica que naquel sítio ou eilhi mui acerca haberie sido praticado un culto pagano que apuis fui sustitído pul de San Martino, santo de la nuoba relegion, possiblemente antes de seclo VIII. L sítio ye apropriado a esso, seia cumo ancruzelhada de caminos, seia porque siempre fui l camino de Paradela para San Juan de las Arribas, seia porque hai un balhico ancho na ancruzelhada adonde haberie siempre stado algue custrucion, nien que fura un simples altar.
L que acabamos de dezir inda sal reforçado pul spanto que tubimos, quando bimos la capelhica pula purmeira beç, Óscar, Alcides i you. Ye que ls quatro pilaretes que stan antiba las quatro squinas de la capielha son nien mais nien menos que ‘citotes’, ‘falos’, mesmo guapos i bien feitos. L miu spanto fui tan grande que até quaije quedei cun un aperto ne l coraçon. Mirai bien para eilhes i deixai bos encantar, cumo a nós mos passou. Quien fizo la capelhica ou los trouxo de outro sítio ou stában yá eilhi de serbentie an custrucion mais antiga. L que parece cierto i seguro ye que nun fúrun feitos para aqueilha capellhica, mas reaporbeitados cumo siempre le passa a muitas piedras antigas i, possiblemente, a outras piedras de la mesma capielha.
L tratar-se de ‘citotes’ ou ‘falos’ ye mais un eilemiento que ben a reforçar la perséncia de l culto fálico na tierra de Miranda i an que yá eiqui amentemos quando falemos de l citote de la Speciosa. Tornaremos a falar de l assunto quando eiqui tratarmos de la capielha de Santa Marina an Cérceno. L culto fálico stá lhigado al culto de la fertilidade, de la giraçon i reperduçon de la bida i eisistiu an todas las culturas i mitologies antigas. Tamien pula tierra de Aliste hai bários citotes, sendo muito deilhes de ourige romana, que los haberien sparbado pul sou ampério. Príapo i outros diuses romanos cumo Hermes, aperséntan-se cun falos de punta, stando tamien lhigado al culto de Baco i de Ceres. L Falo era adorado i ousado mesmo cumo pelindrengo de la suorte puis tamien era cunsidrado un símbolo de poder mágico. Por mi, tengo muitas dúbedas que l culto fálico na nuossa region nun seia de antes de ls romanos, mas outros subre esso melhor poderan dezir i cun mais fundamento.
Porque son ls falos mais afamados de la nuossa region, fui-me cun Alcides Meirinhos a saber de ls falos de Rabanales i de Ufones, mesmo acerca de la raia cun la tierra de Miranda, i fazendo parte de la tierra de Aliste. Hai mesmo quien diga que Rabanales, chena de restros romanos pulas rues, serie la bielha Curunda, capital de ls Zoelas, cun centro ne l sítio arqueológico coincido por Castrico. L citote de Rabanales tem arrimado a dous metros de altura i fui puosto na praça central de l pobo, mesmo ancostado a l’eigreija, eilha mesma chena de lajas sepulcrales nas paredes, nun eisemplo de reaprobeitamiento de las piedras de que tamien se béien muitos eisemplos an bárias aldés de Miranda, cumo tal na eigreija de Malhadas. Bários outros causos de grandes citotes se puoden ber an Ufones, aldé al lhado de Rabanales, i tamien an Belharino Trás la Sierra, que faç raia cun la tierra de Miranda.
Tornando als falos de la capielha de San Martinico eilhes dében de passar a fazer parte dua rota de l culto fálico na Tierra de Miranda, que há de ancluir bários outros sítios, an special la Speciosa, cun sou falo achado ne l sítio de San Lourenço, acerca l Naso, la capielha de Santa Marina de Cérceno i, possiblemente, Custantin, cun sou menhir de perfil fálico acerca la Piedra Redonda i de que falaremos mais tarde. Ouxalá estes eilemientos que eiqui bamos deixando, i que son apersentados pula purmeira beç, puodan serbir para nuobos i mais fondos studos i al mesmo tiempo para poder deixar las pessonas alerta pa la çcubierta de nuobos causos aparecidos.
12 de márcio de 2013
Amadeu Ferreira
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