terça-feira, 21 de janeiro de 2014

NORDESTE - ROCA, Uma aldeia abandonada













Roca, uma aldeia fantasma, onde o tempo parou há muito e os habitantes partiram para mais não voltar. Não sendo afectada pela albufeira da Barragem do Sabor, não será alvo de estudo. A albufeira do escalão de montante será visível da aldeia.
Roca, Valverde, Mogadouro, dezembro de 2013.
Fotos e texto de José Rodrigues.

11 comentários:

  1. HISTÓRIA

    Muito perto da margem esquerda do rio Sabor (quatro quilómetros), Valverde dista dez quilómetros da vila de Mogadouro. Num dos pontos mais afastados da sede do concelho, quase no limite com o de Alfândega da Fé, é atravessada pela estrada municipal número 593 e tem uma extensão de 2397 hectares, que corresponde a 3,16% do total do concelho.

    A sua origem toponímica é claramente topográfica. Valverde é o pequeno vale, muito verdejante, de um ribeiro que passa na povoação e termina para sudoeste, num afluente do rio Sabor. Valverde fez parte da comenda hospitalária de Santa Maria do
    Castelo. Compõe-se dos lugares de Roca, Santo André, Souto e Valverde.

    Em relação à fundação da freguesia, corre entre a população, ainda hoje, uma lenda curiosa e plena de significado religioso. Refere o abade de Baçal: “Quilómetro e meio a noroeste da aldeia de Castelo Branco, concelho do Mogadouro, no sítio chamado Cabeço dos Mouros, onde têm aparecido moedas e várias antigualhas, logo inutilizadas pelo vulgo insano, mas bastantes para demonstrar que ali houve povoado arcaico, está situada a capela da Senhora da Vila Velha, como o povo lhe chama, santuário de certo renome que talvez cristianize as ruínas do castro luso-romano ali existente, a julgar pelo espólio encontrado.

    A lenda, como sucede em todas as ruínas de civilizações extintas, poetizou-as. Assim, segundo ela, os povos de Alfândega da Fé, vinte e cinco quilómetros distantes, vinham ouvir missa à capela da Senhora da Vila Velha, e, como a viagem era longa, descansavam e comiam as merendas num ameno vale, onde depois alguns dos devotos estabeleceram residência, dando-se assim origem a actual povoação de Valverde, Concelho de Mogadouro. (...)

    Nos primeiros tempos da sua história, existiu em Valverde vida castreja. A posição topográfica da freguesia, perto de altas e declivosas cumeadas, proporcionaram a essas primitivas populações os meios de defesa indispensáveis à sua fixação no local. Um desses cumes chama-se Fraga da Serra, a sul da povoação, e aí terá existido muito provavelmente um castro, do qual hoje não há informações. Noutro local, conhecido como o Cabeço do Castelo, existem ruínas, fossos e restos de muros que também deviam ser provenientes de um castro.

    CONTINUA

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  2. A seguir à Reconquista Cristã, o território começou a ser repovoado através da instituição de casais. Desse período remoto, ficam as notícias de A. A. de Almeida Fernandes: "Dada a falta de notícias com que luta ainda no século Xlll o território do actual Concelho de Mogadouro, nada se Sabe dos inícios da povoação de Valverde. Sendo esta, porém, das poucas que nesta parte do Concelho existem, e estendendo-se por aqui, no século Xl ainda, um dos “pagi" cuja cristianização foi distribuída a Sé bracarense então, é de crer que neste lugar existisse alguma população, tratando-se de algum "villar” desse "pagus" (Aliste??)"

    Valverde pertenceu ao termo de Santa Maria de Castelo Branco, então uma notável e desenvolvida comenda hospitalária, desde que o rei D. Sancho I doou o castelo de Mogadouro e o de Penas Róias à Ordem do Hospital. Mesmo depois da desejada independência administrativa, a nível eclesiástico o cura continuou a ser apresentado, com uma renda de oito mil réis, pelo abade de Castelo Branco. Passou posteriormente a vigairiaria. A freguesia é mencionada na carta de foral concedida por D. Manuel à Bemposta, em 4 de Maio de 1512.

    O grande sentimento de religiosidade da população de Valverde está bem patente através dos seus principais cultos. Tanto S. Sebastião, o orago da freguesia, como Santo André, eram aqui venerados desde a Idade Média. Mais um exemplo da sua religiosidade, é-nos dado através do património edificado. Acima de tudo, está a igreja matriz, que inicialmente foi apenas uma capela, transformando-se na sede da paróquia a partir do século XVI, a capela de Santo André localizada em local afastado já da povoação, numa vertente do rio Sabor.

    Referência ainda para as capelas de Santo Apolinário, Divino Espírito Santo e S. Francisco. No centro da freguesia, existe um fontanário público, do tipo mergulho, muito interessante, e no seu extremo um marco geodésico de delimitação com a povoação vizinha.
    http://valverde.jfreguesia.com/historia.php

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  3. Aldeias “esquecidas”

    Silêncio. Cada pedra tem uma história para contar. Trilhos que recordam quem ali se criou. Ruelas que nasceram às mãos de homens e mulheres que dali partiram rumo a um destino melhor. Das vidas que por ali passaram restam, apenas, as memórias. Não sobrou ninguém.
    Os terrenos, outrora trabalhados e cultivados, foram tomados de assalto pela densa vegetação que cresce livremente sem que alguém o impeça. Aqui, corre-se rua abaixo e aldeia acima sem que vivalma dê os “bons dias”. Não se vêem animais. Não se ouve o bater de portas e janelas. Não se sente o cheiro a lume ou a comida quase pronta. Apenas as casas típicas nos recordam um passado que dificilmente voltará.
    Esta história é, no distrito de Bragança, comum a um sem número de lugares. Aldeias que, em tempos, acolheram dezenas e, mesmo, centenas de pessoas e que, nos últimos anos, ficaram vazias.
    Em Mogadouro, só a freguesia de Valverde integra duas localidades totalmente desabitadas: Santo André e a Roca.
    Santo André, que se divide em dois núcleos habitacionais, acolhia, ainda há poucos anos, cerca de meia centena de habitantes. Aos poucos, e porque as oportunidades de trabalho não eram muitas, aqueles que davam vida à aldeia foram embora. Agora, restam as casas de traçado típico e construídas à base de pedras de tonalidades ocre e bronze que, apesar dos actos de vandalismo perpetrados há cerca de quatro anos, ainda se encontram relativamente bem conservadas. Em pior estado está a capela, classificada de “maravilhosa” por Angélica Bastiano, que viveu em Santo André, já que a destruição e a pilhagem tomaram conta do templo.
    Isolada na margem esquerda do rio Sabor, a aldeia terá com vizinha a barragem do Sabor, actualmente em construção. Um empreendimento que muitos acreditam que poderia ajudar a impulsionar o turismo na região.
    “Santo André vai pertinho do espelho de água da albufeira, pelo que, quem tem poder, podia aproveitar para investir no turismo”, acrescentou Amílcar Freitas, natural daquela aldeia.

    Populações acreditam que turismo pode ser solução para aldeias desertificadas

    Recorde-se que esta localidade, em conjunto com Souto, Roca (na freguesia de Valverde), S. Pedro (Meirinhos) e Salgueiro (Paradela) integram o projecto “Aldeias Típicas”, promovido pela Câmara Municipal de Mogadouro. Trata-se de um roteiro por aldeias “desertificadas”, que propõe uma viagem pelas belezas naturais e tradicionais das localidades sobranceiras ao rio Sabor.
    No concelho de Macedo de Cavaleiros, a aldeia “fantasma” mais conhecida é a de Banrezes, na freguesia de Vale da Porca. Um lugar repleto de ruínas e vestígios de edifícios típicos e que se conjuga na perfeição com o rio Azibo e a paisagem envolvente. Conta-se que uma epidemia dizimou grande parte da população e que aqueles que “sobreviveram” decidiram abandonar o local com medo, pelo que, há cerca de três décadas, que ninguém vive em Banrezes.
    Por: Sandra Canteiro
    http://www.jornalnordeste.com/noticia.asp?idEdicao=313&id=13986&idSeccao=2813&Action=noticia#.Ut6KNxCp3IU

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  4. MManuela Barradas Silva Lebre
    Que delicia!! Não fosse a desertificação!!

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  5. Boas geadas apanhei este ano na Roca, na apanha da Azeitona.
    Nunca tinha apanhado tanto frio e gelo como este ano.
    Eu possuo 2 casas e alguns olivais lá, e tenho pena de ver tudo a cair, pois essa zona é magnifica, seja para acampar, como passear.
    Experimentem visitar depois digam algo...
    Cumprimentos.

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  6. Junto a essa capela está uma fonte, que neste momento está coberta de silvas. É uma água cristalina e pura.
    Tantas foram as vezes que bebi dela em pequeno, com uma conchinha de cortiça....
    Velhos tempos.....

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  7. Durval Forte
    Ainda assim me encanta!

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  8. Armindo Jaime Mesquita
    Concordo, embora dôa, o amor permanece.

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  9. A capela de S. Francisco que se encontra na parte direita desta página, foi construida no séc. XVIII, entre 1729 e 1735; na verdade em 1729 os habitantes da Roca iam enterrar os mortos a Valverde e em 1735, já enterravam na capela de S.Francisco, conforme rezam os registos dos óbitos de Valverde.

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  10. Roca, linda Roca! Quantas vezes, ainda garoto, passei pelo meio daquele pequeno povoado, vindo de Valverde, em cimo dum burrico, para ajudar o meu pai a apanhar a amêndoa e a azeitona; quantos calores e quantos frios por aquelas ladeiras em frente a S.Pedro. Por vezes ainda era de noite quando passávamos na Roca,(que horas seriam quando saíamos de Valverde? No inverno levávamos um lampião para alumiar o caminho até que a aurora despontasse).Parece surreal, não é verdade? Mas não é. E à hora que passávamos já a quinta fervilhava de gente e de animais para irem também à amêndoa ou à azeitona.Bom dia,tio Urbano! Bom dia, tia Adorinda! Era tudo família. Era bonito. Mas tudo isto é passado, é saudade, são os arquivos da memória a recordar e a discorrer... Visitei a Roca há pouco tempo; havia mais de cinquenta anos que não passava lá;matei saudades mas senti uma imensa tristeza: está tudo em ruinas, com a vegetação e as silvas a tomarem conta das casas, das ruas.Que pena! Ninguém, apenas o silêncio. Esta quinta que outrora teve muita gente(os meus bisavós eram de lá), hoje está deserta.É o fluir da história e esta não volta atrás...Abraços.

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  11. Era miúda, e no jornaleco da minha Paróquia,(Rio Caldo-Gerês)lia todas as notícias ( vagas)de todas as aldeias...e lembro-me bem desse nome.Quantas no mesmo estão, outras pouco falta. Estamos a acabar com as nossas tradições, e até a fé dos nossos antepassados.E penso.Será que estamos a caminhar para o progresso???? Tenho as minhas dúvidas.

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