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Foto retirada da net |
É bem sabido que estão em curso um conjunto de reformas dos
serviços da administração pública que resultarão num ainda maior isolamento do
interior do país. Necessárias ou não, deveriam ser complementadas com uma maior
acessibilidade das populações aos centros maiores, algo que não se vislumbra,
como se percebe pelo que aconteceu às ligações aéreas entre Lisboa, Vila Real e
Bragança.
Os cidadãos do interior têm sido tratados como portugueses
de segunda. Veem, impotentes, todos os dias o Estado a fugir-lhe entre os
dedos, como se tivesse sido posta em marcha uma “solução final para o seu
problema”. Fecharam as escolas primárias, as maternidades, os centros de saúde,
as juntas de freguesia, as estações de correios. As linhas férreas foram
desativadas. Foi-se o pouco emprego público que existia. Apareceram as
portagens nas autoestradas, mais caras no Nordeste do que em Cascais. Os
transportes públicos reduziram a sua frequência, nalguns casos até à extinção.
Os voos para Vila Real e Bragança foram suspensos. O helicóptero do INEM
muda-se para o centro urbano maior. Vão fechar as repartições de finanças. Vão
fechar os tribunais.
Tomando como certo o direito de todos os cidadãos de aceder
aos serviços da administração, sempre que se retira algum desses direitos deveriam
ser anunciados os necessários investimentos na melhoria da acessibilidade.
Obrigar as pessoas a deslocar-se à cidade maior mais próxima, ao Porto ou a
Lisboa não é o mesmo no interior ou no Litoral.
O que aconteceu em relação à supressão do transporte aéreo
entre a capital e as duas cidades transmontanas de Vila Real e de Bragança revela a
insensibilidade do governo. Esta ligação aérea foi suspensa em 27 de novembro
de 2012, tendo o governo invocado a ilegalidade, à luz dos ditames da Comissão
Europeia, da ajuda prestada à prestação do serviço. Trata-se de um
financiamento de 2,5 milhões de euros e de um volume anual de passageiros da
ordem dos 10 mil.
Em Janeiro de 2013, em reunião entre o então presidente da
Câmara de Bragança, o Secretário de Estado dos transportes e o próprio Primeiro
Ministro, foi prometido que até final de Fevereiro seria divulgado o novo
modelo de financiamento, para que as ligações pudessem ser retomadas. Por fim,
com atraso, o Governo remeteu à Comissão Europeia uma proposta em 26 de Março,
que supostamente apontava para a subsidiação das viagens dos passageiros e não
do serviço propriamente dito. Significa que as pessoas teriam de pagar
integralmente as suas passagens aéreas e seriam depois reembolsadas da ajuda.
Surpreendentemente, o Governo retirou a proposta de
Bruxelas, sem nada dizer aos transmontanos, a 30 de Setembro, justamente no dia
seguinte ao das eleições autárquicas. Desde então, nada. Nem serviço, nem
esclarecimentos. Estamos na presença de um triste episódio e de uma forma de
lidar com os pagadores de impostos que é, no mínimo, indecorosa.
Posso estar errado, mas a minha percepção é de que
acontecerá algo semelhante em relação ao túnel do Marão, remetendo as
populações do interior transmontano para um nível de isolamento ímpar no
território nacional. Neste contexto, reter pessoas, nomeadamente jovens, e
atrair empresas para aquele território não é mais do que uma miragem.
José F. G. Mendes
Beatriz Cardoso :Sr. Lelo até que enfim, que põem a NU as carências e dificuldades da nossa região ,pois os tempos eruditos e de grandes personagens enriquecem a região e claro está não se podem dissociar da nossa génese.Mas o hoje o amanhã da nossa terra da nossa gente? Do Nosso Nordeste Transmontano?
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