O colégio O leitor não julgue que o Colégio, importante como era, tinha uma grande e donairosa fachada, alegre, de azulejos floreados, de frestões amainelados emoldurados em nobre granito, alindados com varandins de ferro forjado, frontão na grande porta de entrada elevada por um bonito patim em cantaria cinzelada, cornijas frisadas, carrancas nas goteiras, e um grande letreiro de néon com o nome inscrito, a denotar as suas origens: COLÉGIO NOSSA SENHORA DE FÁTIMA. Não! Nada disso! O Colégio era um paralelogramo, de dois andares, cuja frontaria principal era a face mais estreita, e não media mais que vinte curtas canchas. Uma porta de duas folhas, centrada no rés-de-chão, quatro janelas no piso superior dispostas duas a duas, a fazer lembrar olhos rasgados, inteligentes, um par de escadas curvadas subiam ao primeiro piso, como se fossem as hastes de um bigode descaído, encontrando-se no primeiro andar, num pequeno varandim, com acesso a uma porta, também ela bífore, que bem podia ser o nariz daquele estranho ser de cútis esbranquiçada. Os dizeres COLÉGIO NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, de furco e meio de altura, escritos na testa, em letra de imprensa maiúscula a todo o cumprimento, a avisar os passantes da sua importância, semelhante a uma gelha permanentemente encrespada, dava-lhe um ar encanecido, sapiente e prazenteiro. Mas nem todos o sentiam assim. Para muitos, e principalmente para o Toino Silvestre, aquela ruga transmitia antes um ar carrancudo, que se adensava com aquelas janelas rasgadas, envidraçadas, em permanente atalaia, como se olhasse de uma forma penetrante, intimidativa e com uma certa sobranceria para com o maralhal e também para com a sua irmã de casta inferior, que ficava defronte. Não vamos ficar pelas meias palavras. Não! Ele e a Escola rivalizavam, embora se suportassem. O Colégio olhava-a sempre com desdém. Ponto. Não era pela sua grandeza ou volumetria, que por aí não tinha hipótese de competir, mas porque era mais velho, mais erudito, e nos seus pensamentos mais íntimos tinha até pretensões a Liceu. No seu ideário, o ser Liceu era atingir os píncaros da pedagogia, era ser grande como o Liceu Aristotélico do grande filósofo grego. E nela denotava-se uma certa inveja, não digo que fosse uma inveja mesquinha, era, se assim se pode chamar, uma inveja benigna, quer dizer, gostava de ser adulta como o era o Colégio.
António Sá Gué In: Contos dos Montes Ermos.E no blogue: http://antoniosague.blogspot.com/
Sinto "pena" de quem hoje desdenha dessa Instituição que permitiu a todos os Carviçaenses (e não só) ter acesso à Cultura, lhes proporcionou profissões, estatuto..., que nunca teriam conseguido, num meio, em que poucos tinham condições financeiras, atrevo-me a dizer, nem capacidade intelectual para sonhar. Foi este acesso à Cultura que "nos" proporcionou oportunidades impensáveis para a grande maioria de todos nós.
Só do concelho? Nem de Lagoaça...E do concelho de que freguesias? Carviçais era a maior freguesia do distrito de Bragança!!! Sá Gué,Victor Barros, Carina ,Rui....MAIS...
O Colégio Campos Monteiro encerrou em 1972 e o de Carviçais em 2002.Trinta anos os separa, o de Moncorvo nem chegou à democracia ,morreu na primavera marcelista.O colégio da Nossa Senhora de Fátima (milagre?) atravessou todas as convulsões do ensino e morreu por falta de alunos.Carviçais tem menos de metade da população que tinha nos anos 60.O Campos Monteiro não aguentou a concorrência da nova escola comercial,industrial e liceal que se estableceu no edificio do velho hospital.Professores e alunos "passaram " para a escola.Ler o texto sobre o ensino em Torre de Moncorvo de Alberto Areosa (publicado na revista colégio campos monteiro) e o texto de Rogério Rodrigues sobre o dr.Ramiro Salgado, que li aqui.
Só soube que em Carviçais havia funcionado um Colégio por leituras aqui neste blog e em outros. Grande Colégio que ainda entrou no séc. XXI ! E grande texto o do Sá Gué !
José Sobral: No colégio, não conheço ninguém que lá tenha estudado, que eu saiba, mas em Moncorvo conheço alguns. Há o padrinho de minha filha e meu primo, que é de Lagoaça e mora em Mirandela, José Manuel Fidalgo, ele poderá dar umas dicas. Também dois irmãos dele á estudaram.
Restaurantes Em Portugal: Não tenho em memória que alguém de Lagoaça tenha estudado no Colégio de Carviçais. Moncorvo, Bragança e Porto eram os principais destino da comunidade estudantil de Lagoaça
José Sobral: O "Restaurante" tem razão, depoid de me informar há, penso eu, duas pessoas, sem ter a certeza, o Armando Fresco e o irmão, mas, repito, sem certeza.
Em carviçais houve duas grandes personagens que o povo não deverá esquecer. Não quero falar em nomes embora os tenha conhecido pessoalmente, esse povo è que os deve reconhecer e pode levantar-lhe um estatua na freguesia, são: O Sr Director do Extrenato N.S.F. e um Senhor que não deixou que os militares de Carviçais fossem soldados rasos, pois os do meu tempo são todos graduados, parabéns. No que respeita a alunos do Ext. de Fornos também os conheci e lembra-me que um até ia de Bicicleta. Mas também os conheci do Variz e de outras freguesias. Bem hajam.....
Eu ainda sou do tempo que Carviçais tinha um Colégio!!!
ResponderEliminarLá estou pendurado nas escadas... :)
Esta foto foi tirada em 1988/89.
O colégio
ResponderEliminarO leitor não julgue que o Colégio, importante como era, tinha uma grande e donairosa fachada, alegre, de azulejos floreados, de frestões amainelados emoldurados em nobre granito, alindados com varandins de ferro forjado, frontão na grande porta de entrada elevada por um bonito patim em cantaria cinzelada, cornijas frisadas, carrancas nas goteiras, e um grande letreiro de néon com o nome inscrito, a denotar as suas origens: COLÉGIO NOSSA SENHORA DE FÁTIMA. Não! Nada disso! O Colégio era um paralelogramo, de dois andares, cuja frontaria principal era a face mais estreita, e não media mais que vinte curtas canchas. Uma porta de duas folhas, centrada no rés-de-chão, quatro janelas no piso superior dispostas duas a duas, a fazer lembrar olhos rasgados, inteligentes, um par de escadas curvadas subiam ao primeiro piso, como se fossem as hastes de um bigode descaído, encontrando-se no primeiro andar, num pequeno varandim, com acesso a uma porta, também ela bífore, que bem podia ser o nariz daquele estranho ser de cútis esbranquiçada.
Os dizeres COLÉGIO NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, de furco e meio de altura, escritos na testa, em letra de imprensa maiúscula a todo o cumprimento, a avisar os passantes da sua importância, semelhante a uma gelha permanentemente encrespada, dava-lhe um ar encanecido, sapiente e prazenteiro. Mas nem todos o sentiam assim. Para muitos, e principalmente para o Toino Silvestre, aquela ruga transmitia antes um ar carrancudo, que se adensava com aquelas janelas rasgadas, envidraçadas, em permanente atalaia, como se olhasse de uma forma penetrante, intimidativa e com uma certa sobranceria para com o maralhal e também para com a sua irmã de casta inferior, que ficava defronte. Não vamos ficar pelas meias palavras. Não! Ele e a Escola rivalizavam, embora se suportassem. O Colégio olhava-a sempre com desdém. Ponto. Não era pela sua grandeza ou volumetria, que por aí não tinha hipótese de competir, mas porque era mais velho, mais erudito, e nos seus pensamentos mais íntimos tinha até pretensões a Liceu. No seu ideário, o ser Liceu era atingir os píncaros da pedagogia, era ser grande como o Liceu Aristotélico do grande filósofo grego. E nela denotava-se uma certa inveja, não digo que fosse uma inveja mesquinha, era, se assim se pode chamar, uma inveja benigna, quer dizer, gostava de ser adulta como o era o Colégio.
António Sá Gué
In: Contos dos Montes Ermos.E no blogue:
http://antoniosague.blogspot.com/
Sinto "pena" de quem hoje desdenha dessa Instituição que permitiu a todos os Carviçaenses (e não só) ter acesso à Cultura, lhes proporcionou profissões, estatuto..., que nunca teriam conseguido, num meio, em que poucos tinham condições financeiras, atrevo-me a dizer, nem capacidade intelectual para sonhar. Foi este acesso à Cultura que "nos" proporcionou oportunidades impensáveis para a grande maioria de todos nós.
EliminarO Colégio de Carviçais, teve ao longo dos anos alunos de diversas freguesias do concelho.
ResponderEliminarPara saber mais:
ResponderEliminarTORRE DE MONCORVO - CARVIÇAIS (1964)
http://lelodemoncorvo.blogspot.com/2010/09/torre-de-moncorvo-carvicais-1964.html
Só do concelho? Nem de Lagoaça...E do concelho de que freguesias?
ResponderEliminarCarviçais era a maior freguesia do distrito de Bragança!!!
Sá Gué,Victor Barros, Carina ,Rui....MAIS...
Até que ponto a abertura do Colégio em Carviçais "ajudou" ao encerramento do Colégio Campos Monteiro???
ResponderEliminarUm bom tema de debate...
O Colégio Campos Monteiro encerrou em 1972 e o de Carviçais em 2002.Trinta anos os separa, o de Moncorvo nem chegou à democracia ,morreu na primavera marcelista.O colégio da Nossa Senhora de Fátima (milagre?) atravessou todas as convulsões do ensino e morreu por falta de alunos.Carviçais tem menos de metade da população que tinha nos anos 60.O Campos Monteiro não aguentou a concorrência da nova escola comercial,industrial e liceal que se estableceu no edificio do velho hospital.Professores e alunos "passaram " para a escola.Ler o texto sobre o ensino em Torre de Moncorvo de Alberto Areosa (publicado na revista colégio campos monteiro) e o texto de Rogério Rodrigues sobre o dr.Ramiro Salgado, que li aqui.
ResponderEliminarPara saber mais: http://forumcarvicais.com/forum/portal.php
ResponderEliminarE os meninos são:
ResponderEliminarManuel António
Manelinho(Goucha)
Dª Cristina Carriço
Tó Ferreira(Fresquinho)
Dª Lurdes
Paula(irmã Carlos Chorão)
Verónica
Alberto
Filomena PIres
Toninha
Bela da ti Tizinha
Cristina Teixeira
Admar (Nino)
- Zé Pistola
- Rui(Bai)
-Sergio( Lobo Russo)
- Angelo Ferreira
- Rui Sebastião
- Rui Gordete(Quintas)
- Tó Menino(Chechas)
- Joel François
-Carlos Mochileiro
- Manuela MArques
- Nuno Salgado ( Artilheiro)
- Graciano Pedro
- Hugo Silva
- Antonio Alberto(Mós)
Talvez das melhores fornadas que passou pelo Colégio.
ResponderEliminarlololololol
Só soube que em Carviçais havia funcionado um Colégio por leituras aqui neste blog e em outros. Grande Colégio que ainda entrou no séc. XXI !
ResponderEliminarE grande texto o do Sá Gué !
Abraços ao maralhal.
Júlia
Pois, eu também não sabia que tinha havido um Colégio Campos Monteiro!!
ResponderEliminarHoje é uma pensão,fica na rua Visconde de Vila Maior.O Campos Monteiro, propriamente dito, tem uma estátua no terreiro com o seu nome (castelo).
ResponderEliminarSá Gué,Victor Barros, Carina ,Rui....MAIS...
ResponderEliminarO Victor Rocha ou fecharam o postigo?
José Sobral: No colégio, não conheço ninguém que lá tenha estudado, que eu saiba, mas em Moncorvo conheço alguns. Há o padrinho de minha filha e meu primo, que é de Lagoaça e mora em Mirandela, José Manuel Fidalgo, ele poderá dar umas dicas. Também dois irmãos dele á estudaram.
ResponderEliminarRestaurantes Em Portugal: Não tenho em memória que alguém de Lagoaça tenha estudado no Colégio de Carviçais. Moncorvo, Bragança e Porto eram os principais destino da comunidade estudantil de Lagoaça
ResponderEliminarOs Frescos de Lagoaca estudaram no colegio de Carvicais
EliminarJosé Sobral: O "Restaurante" tem razão, depoid de me informar há, penso eu, duas pessoas, sem ter a certeza, o Armando Fresco e o irmão, mas, repito, sem certeza.
ResponderEliminarEm carviçais houve duas grandes personagens que o povo não deverá esquecer. Não quero falar em nomes embora os tenha conhecido pessoalmente, esse povo è que os deve reconhecer e pode levantar-lhe um estatua na freguesia, são: O Sr Director do Extrenato N.S.F. e um Senhor que não deixou que os militares de Carviçais fossem soldados rasos, pois os do meu tempo são todos graduados, parabéns. No que respeita a alunos do Ext. de Fornos também os conheci e lembra-me que um até ia de Bicicleta. Mas também os conheci do Variz e de outras freguesias. Bem hajam.....
ResponderEliminare quem se lembra das padeirinhas (lindas) que faziam pao na padaria atras do colegio?
ResponderEliminarola eu era uma das padeirinhas
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