Adília Fernandes nasceu no Felgar, concelho de Torre de Moncorvo. Iniciou aqui os seus estudos.É licenciada em História pela Universidade do Porto e mestre na mesma área pela Universidade do Minho, em Braga,à qual continua ligada como investigadora. Tem vários trabalhos publicados, com particular incidência no âmbito da sua especialidade, História das Mulheres .É fundadora e elemento da direcção do CEPIHS– Centro de Estudos e Promoção da Investigação Histórica e Social – com sede em Torre de Moncorvo.
Publicou,além de DE ASYLO A FUNDAÇÃO – 100 ANOS DE UM AGIR SOLIDÁRIO EM TORRE DE MONCORVO,2008,O LUGAR FEMININO NO LICEU DE SÁ DE MIRANDA, BRAGA (1930 – 1947),2009,e,em 2010,HISTÓRIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA EM TORRE DE MONCORVO 1910 – 1926.
- NA CONTRA CAPA:
Os tempos são de mudança, como o são todos os tempos. Não nos podemos limitar a adaptar, a aceitar. Devemos, antes, ser visionários e tentar conduzir os sonhos à realidade. Numa Instituição de solidariedade social os desafios são constantes e todos os dias, num permanente combate à exclusão, surgem-nos estímulos diferentes. Este livro é um documento de reflexão que nos deixa uma palavra de esperança ao demonstrar que, apesar da riqueza continuar muito mal distribuída, se evoluiu nestes últimos cem anos de uma forma abismal, passando-se da "esmola" ao "direito". O ser humano tem, hoje, outros recursos e a dignidade não é uma palavra vã, porque a sociedade democrática assume as suas responsabilidades para com os menos favorecidos e os mais vulneráveis. No que a nós respeita, tudo faremos para que a nossa Instituição possa, cada vez mais, dignificar Moncorvo. Procuraremos estar à altura daquilo que nos é exigido, tendo em conta os desafios do futuro e as expectativas de um Portugal moderno.
António Olímpio Moreira
Presidente da Fundação Francisco António Meireles - Introdução
Este trabalho não é resultado de um acto individual. Materializou-se graças aos estímulos e às ajudas de que beneficiei. Quero exarar, junto das pessoas que os disponibilizaram, o meu agradecimento. Menciono, em primeiro lugar, o presidente da Fundação Francisco António Meireles, Sr. António Moreira, pelo convite que me dirigiu no sentido de escrever sobre esta obra de beneficência e os seus cem anos de vida. Tal gesto veio na sequência do interesse que manifestei pelo estudo desta Instituição. Aceitei, honrada e entusiasmada, o seu convite. Afinal não era, apenas, o desafio colocado à historiadora a reivindicar a frieza dos factos. Era, ainda, propor a uma filha da terra a incumbência de trazer ao conhecimento de todos a grandeza de uma Instituição corporizada na intemporalidade dos seus actos de bem-fazer.
A dimensão humana, subjacente às realizações do passado, por ser este construído por mulheres e por homens, é profundamente vincada nesta análise histórica. Variáveis empíricas (políticas, económicas e sociais) entrecruzam-se com sentimentos, vivências, atitudes. Este aspecto revela bem a essência da missão desta Casa e reforça-a como uma referência afectiva que tem acompanhado cada Moncorvense, cada habitante do Felgar, do Larinho, da Horta e de tantos outros lugares.
Se este dado se patenteou de forma fácil o mesmo não aconteceu com a maioria deles, como resultado da escassez de fontes primárias. Esta realidade é mais evidente para os anos de existência do Asilo, concretamente, para os primeiros. Dispondo de alguns documentos fundamentais relacionados com a sua fundação, procurei descrevê-los de forma minuciosa e enquadrá-los no contexto mental da época. Tracei, assim, as motivações dos actos de benemerência, a percepção da pobreza e das suas representações, as práticas de assistência e de combate, os seus intervenientes. Teci, de seguida, considerações sobre a Região Transmontana e Moncorvo, no final do século XIX e início do XX, de forma a apreender, aqui, a dimensão da miséria e o significado do legado de Francisco António Meireles. Preocupei-me em compreender a espiritualidade franciscana e acompanhei as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas desde a sua chegada à Instituição até à sua partida. Percorri o complexo processo de obras a partir do primeiro momento e, graças ao recurso às actas existentes desde 1974 até aos dias de hoje, o que conduziu à transformação do Asilo em Lar e deste em Fundação. Percebi, enfim, neste longo caminhar, as inúmeras dificuldades vividas mas, também, as muitas alegrias pelas pequenas e grandes realizações, os anseios, as esperanças.
Orientei, naturalmente, o discurso pelos meus próprios valores. Afinal, toda a produção histórica tem algo de subjectivo. Que esta situação não impeça, quem ler estas linhas, de sentir a autenticidade e a fecundidade desta Instituição no desvelo para com os mais necessitados e de como são merecedores do nosso respeito aqueles que, abnegada e generosamente, a esta causa se têm dedicado.
Saliento todas as facilidades que me foram facultadas quer pelo presidente da Fundação, quer pelas responsáveis do Arquivo Municipal e da Câmara Municipal, nomeadamente, a Dra. Maria João Moita e a Dra. Helena Pontes, no acesso à informação disponível. Aqui lhes deixo o meu profundo reconhecimento que estendo, por idêntica razão, à Sra. D. Graça Félix, Sr. António Alberto Carvalho, Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas, Srs. Padres António Araújo e Henrique Rema e Sr. Antero de Castro.
À Conceição Salgado e aos meus amigos Odete Paiva, José Alfredo Sousa e Abílio Dengucho, um terno obrigada.
Adília Fernandes- Título: De Asylo a Fundação. 100 Anos de um Agir Solidário em Torre de Moncorvo
- Autora: Adília Fernandes
Capa: Palimage
Fotografias: Acervos documentais: Fundação Francisco António Meireles, presidente da Fundação - António Moreira, Graça Félix e autora
© 2008 Adília Fernandes
Direitos reservados por Terra Ocre - unip. Ida.
Apartado 10032
3031-601 Coimbra
Telef./Faxe: 239087720
palimage@palimage.pt
www.palimage.pt
Depósito Legal: 277938/08
ISBN: 978-972-8999-55-1
Data da Edição: Junho de 2008
Execução Gráfica: Palimage / Publito
Apoios: Câmara Municipal de Torre de Moncorvo e Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo
NA CONTRACAPA:
ResponderEliminarOs tempos são de mudança, como o são todos os tempos. Não nos podemos limitar a adaptar, a aceitar. Devemos, antes, ser visionários e tentar conduzir os sonhos à realidade. Numa Instituição de solidariedade social os desafios são constantes e todos os dias, num permanente combate à exclusão, surgem-nos estímulos diferentes. Este livro é um documento de reflexão que nos deixa uma palavra de esperança ao demonstrar que, apesar da riqueza continuar muito mal distribuída, se evoluiu nestes últimos cem anos de uma forma abismal, passando-se da "esmola" ao "direito". O ser humano tem, hoje, outros recursos e a dignidade não é uma palavra vã, porque a sociedade democrática assume as suas responsabilidades para com os menos favorecidos e os mais vulneráveis. No que a nós respeita, tudo faremos para que a nossa Instituição possa, cada vez mais, dignificar Moncorvo. Procuraremos estar à altura daquilo que nos é exigido, tendo em conta os desafios do futuro e as expectativas de um Portugal moderno.
António Olímpio Moreira
Presidente da Fundação Francisco António Meireles
Introdução
ResponderEliminarEste trabalho não é resultado de um acto individual. Materializou-se graças aos estímulos e às ajudas de que beneficiei. Quero exarar, junto das pessoas que os disponibilizaram, o meu agradecimento. Menciono, em primeiro lugar, o presidente da Fundação Francisco António Meireles, Sr. António Moreira, pelo convite que me dirigiu no sentido de escrever sobre esta obra de beneficência e os seus cem anos de vida. Tal gesto veio na sequência do interesse que manifestei pelo estudo desta Instituição. Aceitei, honrada e entusiasmada, o seu convite. Afinal não era, apenas, o desafio colocado à historiadora a reivindicar a frieza dos factos. Era, ainda, propor a uma filha da terra a incumbência de trazer ao conhecimento de todos a grandeza de uma Instituição corporizada na intemporalidade dos seus actos de bem-fazer.
A dimensão humana, subjacente às realizações do passado, por ser este construído por mulheres e por homens, é profundamente vincada nesta análise histórica. Variáveis empíricas (políticas, económicas e sociais) entrecruzam-se com sentimentos, vivências, atitudes. Este aspecto revela bem a essência da missão desta Casa e reforça-a como uma referência afectiva que tem acompanhado cada Moncorvense, cada habitante do Felgar, do Larinho, da Horta e de tantos outros lugares.
Se este dado se patenteou de forma fácil o mesmo não aconteceu com a maioria deles, como resultado da escassez de fontes primárias. Esta realidade é mais evidente para os anos de existência do Asilo, concretamente, para os primeiros. Dispondo de alguns documentos fundamentais relacionados com a sua fundação, procurei descrevê-los de forma minuciosa e enquadrá-los no contexto mental da época. Tracei, assim, as motivações dos actos de benemerência, a percepção da pobreza e das suas representações, as práticas de assistência e de combate, os seus intervenientes. Teci, de seguida, considerações sobre a Região Transmontana e Moncorvo, no final do século XIX e início do XX, de forma a apreender, aqui, a dimensão da miséria e o significado do legado de Francisco António Meireles. Preocupei-me em compreender a espiritualidade franciscana e acompanhei as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas desde a sua chegada à Instituição até à sua partida. Percorri o complexo processo de obras a partir do primeiro momento e, graças ao recurso às actas existentes desde 1974 até aos dias de hoje, o que conduziu à transformação do Asilo em Lar e deste em Fundação. Percebi, enfim, neste longo caminhar, as inúmeras dificuldades vividas mas, também, as muitas alegrias pelas pequenas e grandes realizações, os anseios, as esperanças.
Orientei, naturalmente, o discurso pelos meus próprios valores. Afinal, toda a produção histórica tem algo de subjectivo. Que esta situação não impeça, quem ler estas linhas, de sentir a autenticidade e a fecundidade desta Instituição no desvelo para com os mais necessitados e de como são merecedores do nosso respeito aqueles que, abnegada e generosamente, a esta causa se têm dedicado.
Saliento todas as facilidades que me foram facultadas quer pelo presidente da Fundação, quer pelas responsáveis do Arquivo Municipal e da Câmara Municipal, nomeadamente, a Dra. Maria João Moita e a Dra. Helena Pontes, no acesso à informação disponível. Aqui lhes deixo o meu profundo reconhecimento que estendo, por idêntica razão, à Sra. D. Graça Félix, Sr. António Alberto Carvalho, Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas, Srs. Padres António Araújo e Henrique Rema e Sr. Antero de Castro.
À Conceição Salgado e aos meus amigos Odete Paiva, José Alfredo Sousa e Abílio Dengucho, um terno obrigada.
Adília Fernandes
Ficha Técnica:
ResponderEliminarTítulo: De Asylo a Fundação. 100 Anos de um Agir Solidário em Torre de Moncorvo
Autora: Adília Fernandes
Capa: Palimage
Fotografias: Acervos documentais: Fundação Francisco António Meireles, presidente da Fundação - António Moreira, Graça Félix e autora
© 2008 Adília Fernandes
Direitos reservados por Terra Ocre - unip. Ida.
Apartado 10032
3031-601 Coimbra
Telef./Faxe: 239087720
palimage@palimage.pt
www.palimage.pt
Depósito Legal: 277938/08
ISBN: 978-972-8999-55-1
Data da Edição: Junho de 2008
Execução Gráfica: Palimage / Publito
Apoios: Câmara Municipal de Torre de Moncorvo e Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo
Bem-vinda, Lila.
ResponderEliminarTenho a certeza que os seus trabalhos irão enriquecer o blog.
Abraço
Júlia
Onde posso comprar este livro? Denuncia os abusos às meninas asiladas? Foi uma vergonha para Moncorvo e para todos nós.
ResponderEliminarO livro encontra-se na Biblioteca Municipal para consulta e na Fundação há exemplares.
ResponderEliminarO livro é um documento rigoroso da história do asilo e do seu fundador.Os abusos,se os houve,às meninas ,já aqui foram abordados.Lembro-me de ter lido neste blogue vários textos sobre esse tema.Se sabe algo que aqui ainda não foi abordado,escreva,pois pelo que sei este blog está aberto a todos e a todos os temas.
Leitor assíduo do blog
No dia 30 de Abril de 2013, defendi provas de doutoramento na UM. A tese intitula-se: O Recolhimento de Santo António do Sacramento de Torre de Moncorvo (1661-1814) - clausura e destinos femininos. A sua publicação está prevista para o corrente ano. Penso ser um bom contributo para o conhecimento da História da nossa terra e é um valioso (assim reconhecido) estudo da assistência, nomeadamente às mulheres, num contexto nacional, regional e ibérico. É resultado do tratamento de centenas de documentos ligados ao Recolhimento, existentes nos arquivos de Moncorvo, Bragança (distrital e do Paço Episcopal), Braga, Torre do Tombo, Biblioteca Nacional da Ajuda, Arq. Histórico Militar e outros. O livro sobre a criação do asilo e da Fundação actual é o feliz desfecho do empenho do Sr. Presidente António Moreira em deixar escrita a memória das instituições e do meu interesse como investigadora. Desejo-lhe outros sucessos, como a reabilitação do antigo edifício.
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