No dia 21 de Dezembro fui buscar a minha neta mais pequenina ao infantário e, ao entrarmos em minha casa, a miúda comentou : "Na tua casa não há Natal", pois eu não tinha posto enfeites natalícios.
No dia seguinte, resolvi desembrulhar as figurinhas de um presépio mexicano, dos índios de Chiappas e coloquei-as no rebordo da lareira.
Pelas 4 da tarde fui buscar a Joana que então comentou : "Na tua casa já há Natal. Mas o pisépio não tá bem". "Porquê?" perguntei eu. "Não tem musgo". Tinha razão a criança.
No dia 23, logo pela manhã, fui à florista comprar musgo. O musgo natural esgotara. Mas havia musgo artificial . Comprei um euro de musgo de plástico, desejando que a menina o não distinguisse do verdadeiro.
Retirei as figurinhas, espalhei o musgo chinês, voltei a pôr as figuras e às 4 da tarde trouxe a Joana para minha casa. Correu logo à sala e comentou : "O teu pisépio já tem musgo. Mas o meu cheira mais bem" .
Júlia Ribeiro
Monos de Chiapas ,terra do lendário subcomandante Marcos, musgo da China do lendário Mao ,um menino da terra do lendário Arafat e uma menina que os distingue pelo cheiro.Não está mal!O senhor Julio sacristão está num lar em Cerejais(que nome mais bonito para uma aldeia)e nós vamos aos chinos matar saudades.Sabiam que também fazem a Nossa Senhora de Fátima às carradas e a preços imbatíveis?Tenho uma, "Made in Chine",(2€).Quando passar por Freixo penduro-a numa oliveira da quinta da Batoca.
ResponderEliminarL.A.G.
Vale mais tarde do que nunca ,diz o ditado.Belo conto de Natal.A minha filha ,tem 4 anos,perguntou-me o que era o musgo.
ResponderEliminarUm dos espectáculos mais intensos que eu recordo da meninice foi foi a visita ao presépio da igreja de Moncorvo, nada comparável com o que nós fazíamos na matriz de felgueiras!... J. Andrade
ResponderEliminarEntre as efemerides, as belissimas fotos do Paulo Patoleia, as velhas reliquias e os textos formidaveis do Dr.Rogerio Rodrigues, caiu muito bem esta estorinha da Dra.Julia Biló.
ResponderEliminarAdorei o comentario de L.A.G.
E isto tudo que nos une.
Maria de Moncorvo - do Prado - mas a viver há mais de 50 anos no Porto.
Moral da estória:às crianças nada lhes escapa,o amor das avozinhas é um sentimento muito lindo.A simplicidade e a profundidade do texto fazem sorrir e comover.Beijinhos à Joana e à avó Julinha.
ResponderEliminarUma moncorvense
Vilarandelo Umdiaumaimagem :Bela "estória" e uma lição de globalização... Musgo chinês? Só faltava esta...
ResponderEliminarVale a pena passar por aqui todos os dias. Todos os dias aprendo coisas que não sabia. De vez em quando topa-se com uma pérola.
ResponderEliminarObrigado ao Lionel Brito, aos colaboradores e aos comentadores. Isto é um trabalho extraordinário. Não o deixem cair.
António Silva Pereira, do Luxemburgo.
Belíssima, quanto comovente, história.
ResponderEliminarA arte do conto é muito dificil; a arte do conto curto...mais arreliadora ainda.
Nesta short story, como dizem os "bifes", temos tudo, até uma moral.
Um bom Natal, atrasado, e um melhor Ano Novo, sem crises...se pudermos.
José Albergaria
PS - Parabéns aos responsáveis do blog: obra conseguida.
Olá, Amigos:
ResponderEliminarSó agora consegui aceder à Internet.
Em primeiro lugar, agradeço ao Lelo a postagem do pequeno texto e das duas fotos.
Depois, quero dizer-vos que os vossos comentários me deixaram muito feliz.
Amigo Albergaria, nunca é tarde para desejar que o 2011 entre, passe e saia sem crises. Seria a melhor prenda que todos poderíamos desejar...
Quanto ao blog, concordo inteiramente consigo: obra conseguida.
Abraços
Júlia
Maria de Moncorvo - do Prado,
ResponderEliminarPrado baixo ou Prado de cima?Lembra-se do Alberto do Prado?Jogava à bola e já por aqui apareceu nas fotos da bola do Kamané.Nesse tempo a rua era de terra batida e em dias de chuva nem com botas de borracha.Conte lá coisas do seu tempo.Aqui a divisa é "PARTILHAR".Bote lá!
Sempre que se fala em presépios vem à memória o que se fazia nas escadas interiores da igreja.Todos o evocamos mesmo aqueles que numca o viram.É uma lenda da vila.Todos falam do senhor Júlio sacristão e nem um cita o seu criador, o homem que o concebeu ,o desenhou e orientou.Foi o professor Alcino ,conhecido como senhor Inspector,(reformado da CP),professor de desenho no colégio.Homem bom, dedicado a causas nobres,escritor ,pintor (ler uma pequena biografia que saíu na revista do colegio).Foi ele que inventou o nosso presépio, que pintou as cartolinas gigantes com o céu azul e as as muralhas de Jerusalem.O senhor Júlio era o obreiro dedicado,que fazia tudo com dedicação de dona de casa.A igreja era o seu lar.Quando faleceu o senhor Inspector, o senhor Júlio já o sabia montar de cor, manteve a tradição até a igreja ser entregue a funcionários do IPPar ou lá como se chama,pois muda de nome constantemente.
ResponderEliminarTemos que entregar o presépio do ano que vem ao GRUPO ALMA DO FERRO, são eles ,hoje ,os nossos guardas da tradição.Não vamos passar o tempo a recordar e lamentar, vamos reconstruir as nossas tradições como já se fez com a PARTIDELA DA AMENDÔA ,a romaria à Senhora da Esperança e outras que não sei.Também eu ,Maria ,vivo no Porto(arredores)e vou a Moncorvo quando a saudade manda.
Um dos IMBURRENTES
Olhai, quem não se lembra do Alberto do Prado? Eu tinha 7 anos quando fomos para a Senhora da Hora no Porto porque alguém conhecido arranjou trabalho à minha mãe numa oficina grande de lençóis. O meu pai só conseguiu ser varredor. Sem saber ler que se podia arranjar? Mas mesmo assim sempre era melhor que o lamaçal do Prado de Baixo. Os meus dois irmãos mais novos estudaram na Escola industrial. O Manel morreu cedo de acidente, o Zé também já faleceu de doença má. Ando há tantos anos para dar um passeio com a minha filha e o meu neto pelo Douro acima, até à Foz e depois um saltinho até Moncorvo. Pode ser que aconteça.
ResponderEliminarQuem escreve no computador é o meu neto. Gosto do que o Lelo do Sr.Brito está a fazer. É muito bonito.E gosto do que a Julinha escreve porque a entendo muito bem. Tenho os dois livros dos contos ao Luar de Agosto. São tão lindos.
Bom Ano para todos e que Deus vos abençoi.
Maria do Prado
O seu a seu dono : são estes esclarecimentos que repõem a verdade.O senhor inspector era,de facto, um artista e um homem bom.Infelizmente,não foi meu professor de desenho no colégio,mas,felizmente,foi-o de português no 1º ano.Sempre bem disposto e com muito sentido de humor.
ResponderEliminarAo senhor Júlio devemos o empenho em não ter deixado morrer a tradição enquanto foi guardião do templo.
Bem-haja o imburrente por nos informar.
Uma moncorvense
Bom Ano para si também,Maria do Prado!O que escreve acima é muito bonito.Não sente vergonha da sua origem humilde.O seu pai não sabia ler,mas o seu neto já sabe escrever no computador e andar pela internet.Sente-se orgulhosa,não é verdade?E achar lindos os contos da Julinha revela bom gosto e sensibilidade.
ResponderEliminarSerá este o ano do seu passeio pelo Douro e da visita à sua terra?Os meus votos de que assim aconteça.
Uma moncorvense
O IPPAR agora é IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico).
ResponderEliminarAntonio escreveu:
ResponderEliminar"A propósito do Sr. Julio Sacristão, de quem toda a gente tem um carinho eterno ( eu também ) tenho ainda uma história deliciosa.
Meteu-me por 2 horas na prisão (?). Ainda se tocava o meio dia e eu e um colega ( um tal Teófilo do Felgar) fomos tocar lá acima.
O Teófilo andava com uma fisga. E puxa da fisga atirou numa pomba das centenas que habitam a torre. Pontaria do caraças !! Acerta na avezinha, ela cai no adro, quase aos pés do Sr Julio.
Quando descemos da torre, ele estava á nossa espera, e não foi de modas ....entregou-nos á Policia. Ao tempo o posto da PSP era mesmo em frente antes da Escola Industrial onde hoje é um restaurante de que não lembro o nome. ( lagar?). O Subchefe, ajudou ao filme e manteve-nos lá dentro até chorarmos baba e ranho. Foi mais um homem bom de Moncorvo que me ajudou a dar mais um passo no meu crescimento e na minha formação de homem e cidadão."
O restaurante Lagar é nas antigas instalações(lagar) do sr.Montenegro.A PSP ficava num pequeno edifício ao lado,onde hoje é o Centro de Dia,que também ocupa a antiga Escola Industrial,anteriormente hospital velho.
ResponderEliminarManeldabila
Tudo lindo tudo belo. Foi a época mais feliz da minha vida. Nesse tempo tinha tudo, tudo era possível na minha vida, tinha dezasseis anos! Moncorvo tem um cheiro e um especial. Podem passar os anos que a essência é eterna. Mas uma coisa é certa tenho saudades da magia do presépio de Natal que o sr Julio fazia.
ResponderEliminarBonito este texto da Julinha, que nos recorda o presépio, cheio de magia, dos tempos de criança.
ResponderEliminarA voz das crianças é sempre oportuna, e por isso, também, têm sempre tanta graça!
Um bom ano para todos! Que os Farrapos continuem a trazer-nos muitas lembranças de todos e para todos!
Obrigada senhor administrador pelo seu trabalho; um beijinho muito amigo para uma moncorvense e para a Julinha. Um 2014 com muita saúde!
Tininha
Também recordo, com muitas saudades, o presépio que o senhor Júlio fazia!
ResponderEliminarSubscrevo, naturalmente, o comentário anterior.
Arinda Andrés