Continuando os passeios pela região de Moncorvo, desta vez avançamos para a freguesia do Felgar, atravessando o rio Sabor para a margem direita em direcção a Cilhades.
Numa volta atenta pela zona, não é muito difícil detectar diversos vestígios arqueológicos da Idade do Ferro, Período Romano e Medieval.
E para não variar, a população conta uma lenda:
“Algures em Cilhades estaria enterrado um bezerro de ouro e que a pesquisa teria de ser feita de noite, lendo à luz de uma candeia um texto do Livro de S. Cipriano. Certa noite, um pequeno grupo de amigos resolveu passar para lá o rio Sabor, trepar pela encosta até ao local do tesouro em busca do bezerro de ouro. Iniciaram o ritual indicado, começando pela leitura. De repente ouviram um terrível mugido de um boi. Pensando ser o diabo, correram a sete pés para o rio, procurando atravessar na barca, mas perturbados pelo medo, acabaram por lançar-se à água, felizmente sem consequências. O mugido era de um boi, que tinha ficado num campo em cilhades”.
De alguns anos para cá, Cilhades assemelha-se mais a uma aldeia fantasma, que só povoa no dia do seu padroeiro, S. Lourenço, a 10 de Agosto.
No centro do pequeno aglomerado de casas, lá está a capela que serviu de casa ao santo durante muito tempo. Até que, mais recentemente, a porta da capela começou aparecer arrombada. Com medo que o santo fosse roubado, a população do Felgar resolveu guardá-lo em outro lugar traze-lo de volta a Cilhades, apenas, no seu dia.
A capela actual terá sido construída entre 1892-93, em substituição da primitiva que se encontrava em ruínas. Em conversa com algumas pessoas do Felgar, fiquei a saber que S. Lourenço era considerado o protector dos que atravessavam o Sabor na barca.
Cilhades ou Silhades, terá sido mesmo um importante ponto de passagem a quem tivesse que obrigatoriamente de cruzar o rio em direcção ao norte.
Esta barca terá tido um papel bastante importante na região juntamente com as barcas da Coroa Real, a barca do Côa (Foz Côa), e a barca do Pocinho, esta última que terá levado a disputas entre Torre de Moncorvo e vila nova de Foz côa como nos conta Maria Assunção Carqueja no livro Subsídios para uma monografia da vila de Moncorvo.
Não sabemos quando ao certo se começou a fazer a travessia do rio com a barca de Cilhades, mas há quem aponte para a época romana. Sabemos, porém, que a última barca terminou as suas viagens, durante o inverno rigoroso de 1981. A estação foi tão rigorosa que terá sido responsável pelo aumento da corrente do rio que esmagou o barco contra os rochedos da margem.
Segundo informações recolhidas, a última embarcação terá sido construída pelo Mestre Carrasqueira (pai).
No centro do pequeno aglomerado de casas, lá está a capela que serviu de casa ao santo durante muito tempo. Até que, mais recentemente, a porta da capela começou aparecer arrombada. Com medo que o santo fosse roubado, a população do Felgar resolveu guardá-lo em outro lugar traze-lo de volta a Cilhades, apenas, no seu dia.
A capela actual terá sido construída entre 1892-93, em substituição da primitiva que se encontrava em ruínas. Em conversa com algumas pessoas do Felgar, fiquei a saber que S. Lourenço era considerado o protector dos que atravessavam o Sabor na barca.
Cilhades ou Silhades, terá sido mesmo um importante ponto de passagem a quem tivesse que obrigatoriamente de cruzar o rio em direcção ao norte.
Esta barca terá tido um papel bastante importante na região juntamente com as barcas da Coroa Real, a barca do Côa (Foz Côa), e a barca do Pocinho, esta última que terá levado a disputas entre Torre de Moncorvo e vila nova de Foz côa como nos conta Maria Assunção Carqueja no livro Subsídios para uma monografia da vila de Moncorvo.
Não sabemos quando ao certo se começou a fazer a travessia do rio com a barca de Cilhades, mas há quem aponte para a época romana. Sabemos, porém, que a última barca terminou as suas viagens, durante o inverno rigoroso de 1981. A estação foi tão rigorosa que terá sido responsável pelo aumento da corrente do rio que esmagou o barco contra os rochedos da margem.
Segundo informações recolhidas, a última embarcação terá sido construída pelo Mestre Carrasqueira (pai).
Susana Bailarim
Fotografias de Santos Júnior e de Susana Bailarim
Nota : para saber mais, consulte o primeiro comentário.
Reedição de posts desde o início do blogue
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PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO:
ResponderEliminarALVES, Manuel (1934), Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, tomo IX, Bragança, pp.479-483;
BRANDÃO, Domingos de Pinho (1961), Denso: uma nova divindade bárbara do panteão lusitano: inscrição de Cilhades, Moncorvo, in Revista Lucerna, vol.I, nº1, Porto, pp. 26-28.
CARQUEJA, Mª da Assunção (2007), Documentos Medievais de Torre de Moncorvo, C.M.T.M., s/l,;
GOMES, Paulo Dordio (1993), O povoamento medieval em Trás-os-Montes e no Ato Douro.
Primeiras impressões e hipóteses de trabalho, (Dissertação de Mestrado), FLUP, Porto, (policopiado).
LEMOS, Francisco Sande (1993), Povoamento romano de Trás-os-Montes Oriental (Tese de
doutoramento), Universidade de Braga, (policopiado).
Joaquim Silva: lembro-me que o meu avõ me falava daquela passagem para o outro lado - para o FELGAR - passava a barca . essa passagem . eu já não conheci pois era pequenito . mas conheci muito bem a aldeia de SILHADES , passei por lá algumas vezes --conheci talvez o último casal que ainda lá habitou
ResponderEliminarPovoado antiquíssimo e berço da freguesia do Felgar está em vias de classificação desde 2004
ResponderEliminarSilhades: história e património submerso
Rodeado de paisagens bucólicas, o lugar de Silhades, na freguesia do Felgar, concelho de Torre de Moncorvo, é um local místico, onde o tempo passa devagar e a natureza pode ser contemplada no seu estado mais puro. Os habitantes do Felgar guardam memórias não muito distantes deste sítio, onde, até há cerca de 4 décadas atrás, pernoitavam nas campanhas da azeitona ou da amêndoa.
As casas de xisto, algumas delas em ruínas, rodeiam a capela de S. Lourenço, que se ergue mesmo no centro do povoado impregnado de história. Nos registos do Instituto Português do Património Arquitectónico é feita referência ao sítio de Silhades como um lugar de interesse arqueológico. Aliás, este património está em vias de classificação desde 2004. Na nota histórica é referido que é um núcleo de povoamento utilizado desde a Idade do Ferro, onde foram recolhidos artefactos que apontam para a existência de um povoado fortificado. Além disso, foram recolhidos vários fragmentos cerâmicos, que remontam à época romana.
Mais distantes dos marcos históricos estão as memórias dos populares, que associam aquele local às lides agrícolas. “Antigamente, não havia semana nenhuma que não fosse para lá. Na época da azeitona chegava a ficar lá durante um mês e durante a apanha da amêndoa também. Agora vai-se com sol e vêm-se com sol, porque há carros, mas antes ia-se a pé ou em animais”, recorda Augusto Neves, de 75 anos.
Também José dos Santos lembra os tempos em que ia trabalhar para as ladeiras.
“Cheguei a dormir muitas noites em Silhades. Tínhamos lá casas e ficava mais perto, porque eram dias e dias de trabalho. Quando iam os ranchos à azeitona, as pessoas dormiam lá nas casas”, recorda este habitante de 87 anos.
EDP vai brindar a freguesia do Felgar com um Centro de Interpretação e Reabilitação Animal
Já o presidente da Junta de Freguesia do Felgar, António Manuel Gonçalves, lembra que Silhades terá sido o berço da freguesia.
“Reza a lenda que as pessoas eram atacadas por mosquitos à beira rio. Então vinham para a parte de cima folgar. Dizem que foi a partir daí que surgiu o Felgar”, conta o autarca.
A par de ser um vale agrícola fértil, povoado, maioritariamente, com oliveiras e amendoeiras, aquele local também tem um forte simbolismo religioso. Todos os anos, em Agosto, a população do Felgar faz uma romaria com procissão até à capela de S. Lourenço.
Para preservar o seu significado religioso, a capela de S. Lourenço vai ser transladada para uma zona mais alta, onde vai ser criado um miradouro, com uma zona de lazer, sobre o rio Sabor. “ Com a construção da barragem do Baixo Sabor, o vale vai ficar todo inundado, incluindo o lugar de Silhades”, reforça António Gonçalves.
Na óptica do autarca, a construção da albufeira não vai afectar a economia da freguesia, visto que grande parte dos terrenos agrícolas já não são cultivados. “Se fosse há 30 ou 40 anos atrás seria uma catástrofe para a economia do Felgar.
Agora já ninguém vive directamente da agricultura. Só há 2 ou 3 pessoas que ainda trabalham para proprietários de terrenos”, justifica o autarca.
Quanto aos benefícios trazidos pela barragem, António Gonçalves afirma que é uma incógnita. “Felgar é a freguesia mais afectada. Quanto aos benefícios só esperando para ver”, acrescenta.
Para já, a EDP comprometeu-se a criar na freguesia um Centro de Interpretação e Reabilitação Animal, que poderá atrair turistas ao Felgar.
Por: Teresa Batista
Encontrado no Jornal do Nordeste ,via net, por GOOGLEMAN
PARA VER:
ResponderEliminarhttp://video.google.com/videoplay?docid=-8417773735218092595#
http://antoniocristino.no.sapo.pt/Locais%20a%20Visitar.htm
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