Os monges de Cister - ao contrário dos de
CLuny -escolhiam para os seus mosteiros locais discretos, ajeitados à prática
do preceito ora et labora que vinha já da regra beneditina. Bernardo de Claraval,
o grande inspirador da ordem, insistia nesse ponto, uma espécie de retoma da
austeridade e simplicidade monacal primitiva. As comunidades religiosas deviam
tanto quanto possível isolar-se do mundo, à semelhança dos primeiros eremitas,
que procuraram o deserto e a solidão para viverem mais intensamente a relação
com Deus. Por isso implantavam os seus conventos em Lugares onde não dessem
demasiado nas vistas, como os vales apertados e as dobras das serras -
metáforas do deserto -, raramente em espaços
amplos ou sobranceiros. Um requisito contudo
exigiam do local eleito: que tivesse água em abundância, de preferência
corrente, com que irrigar os campos que trabalhavam como sua forma única de
subsistência, considerando que os produtos da lavoura sempre seriam uma dieta
mais nutritiva, saborosa e variada do que os gafanhotos de que se alimentavam
os ascéticos eremitas do deserto.
A. M. PIRES CABRAL
Fonte:"ONDE NADA SE REPETE" - crónicas à volta do património. (excerto)
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