Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos foi um ilustre humanista dos séculos XVII e XVIII, natural deTorre de Moncorvo.A sua obra é considerada de enorme relevância e inovação para a época. No entender de Fernando R. de la Flor (professor de literatura da Universidade de Salamanca e ensaísta) Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos foi mesmo um precursor da literatura fantástica em língua espanhola. Uma das suas obras mais conhecidas foi reeditada há cerca de 20 anos: Historia de las cuevas de Salamanca, introdução de Fernando R. de la Flor e ed. de Eugenio Cobo. Madrid: Tecnos, c1987. Também no ano 2000, a professora Ruth Hill, da Universidade de Virginia, EUA, publicou um livro sobre as quatro figuras hispânicas mais importantes da época, entre as quais se encontra Francisco B. M. V.: Sceptres and Sciences in the Spains, Four Humanists and the new Philosophy (ca. 1680-1740), (Francisco Botello de Moraes pp. 191-244). Liverpool: Liverpool University Press, 2000. Outros ensaístas se debruçaram também sobre este autor nosso conterrâneo.
A cidade de Salamanca homenageou-o, atribuindo o seu nome a uma praça situada num bairro com nomes de poetas e escritores ilustres.
Breve biografia:
Não se conhecendo ao certo o dia em que nasceu, sabe-se no entanto que foi baptizado em 06.08.1670 e que faleceu em Salamanca em 1747. Contava poucos anos quando foi para Madrid, sob a protecção de um tio, onde frequentou a corte e moldou a sua formação, adquirindo profundos conhecimentos de artes e ciências.
Viveu maioritariamente em Espanha, sobretudo em Salamanca (onde tem uma praça com o seu nome), alternando com alguns regressos a Portugal, quase sempre a Lisboa e Moncorvo. Percorreu também outros países da Europa, tendo vivido em Roma, desempenhado funções na embaixada de Portugal na Cúria Romana (Vaticano), e convivido com ilustres académicos. Convidado para sócio da Academia dos Árcades, não aceitou a distinção pelas rivalidades nela existentes à época. Numa das vindas a Lisboa – em 1702, aquando do início da Guerra de Sucessão de Espanha – D. João V concedeu-lhe o Hábito de Cristo e uma pensão por ter composto o poema El Alphonso.
Graças ao seu grande domínio da língua castelhana, capacidades inatas e apoio de nobres ilustres da época, desenvolveu obra literária, e outros escritos, na sua quase totalidade em espanhol. A sua aceitação no meio literário castelhano culminou com a nomeação, por unanimidade, para membro da Real Academia Espanhola, em 1738.
No seu último regresso a Portugal, fundou em Moncorvo a Academia dos Unidos, uma academia cultural (na época havia apenas quatro no país: Lisboa, Porto, Coimbra e Évora) dedicada à prosa, à poesia, ao manejo de cavalos, ao exercício da música e da dança e à comédia.
Leonel Brito
Poema en loor de S. Juan de Sahagun en las fiestas, que le hizieron en su Canonizacion. S.I., s.n. Poema que consta de oitenta oitavas e que foi escrito no ano da canonização de San Juan de Sahagun, em 1690;.
Panegyrico historial, genealogico, de la familia de Sousa. Córdoba: Imp. por Diego de Valverde y Leyva, y Acisclo Cortés de Ribera, 1696;
El nuevo mundo: poema heroyco, con las Alegorias de D. Pedro de Castro ... Barcelona: Imp. por Juan Pablo Marti, 1701;
Loa para la Comedia com que S. Majestad que Dios guarde festeja el dia del nombre de la Reina nuestra Señora. Lisboa: Imp. por Antonio Pedrozo Galraõ, 1709;
Progressos Militares de Leopoldo Enrique Botelho de Magalhaens. S.I., (78 páginas), 1711;
Tres Hymni in laudem B. Joannis á Cruce nuncupati Sanctissimo Domino Clementi XJ. Pontifici Optimo Maximo. Romae per Joannem Franciscum Chracas, 1715;
Gratas expressiones del Cavallero D. Francisco Botello de Moraes, y Vasconcellos al optimo Maximo Pontifici Clemente XI, en la occasion de los triumfos que por influencia de su Santidad tuvo la Iglesia el presente año de 1716. Luca: Imp. por Marescandoli, 1716;
El Alphonso o La fundacion del Reino de Portugal, establecida y perfecta en la conquista de Elysia, (poema Épico). Salamanca: Imp. por Antonio Joseph Villargordo, 1731;
El Alphonso o La fundacion d'el Reino de Portugal, establecida i perfecta en la conquista de Lysboa. Salamanca: Imp. por Antonio Villargordo e Alcaràz, 1731;
Historia de las cuevas de Salamanca. Salamanca: S.I., 1734;
Historia de las cuevas de Salamanca. Salamanca: Imp. por Antonio Joseph Villargordo, 1737;
Satyrae ... cum notis et argumentis ... Joannis Gonzalez de Dios ... Salmanticae : apud Nicolaum Josephum Villargordo, & ejus sumptibus, (quatro sátiras em Latim, ao estilo de Aulo Pérsio Flaco, em que repreende vários abusos), 1741;
Relaçaõ de como se ensinaõ no Collegio Imperial Trilingue da Universidade de Salamanca as três línguas, que lhe daõ nome Grega, Latina, e Hebrea, de que livros se servem seus doutíssimos Mestres. S.I., 1743;
Vida de hum Sargento mór de Dragões, com o título de Epitome da guerra de Filipe V., e Carlos III, em que louva muito os dous Condes de Assumar D. Joaõ, e D. Pedro de Almeida. S.I., 1743;
Discurso político, histórico, e crítico, que em forma de carta escreveo a certo amigo … Passando deste Reino para o de Hespanha, Sobre alguns abusos, que notou em Portugal. Lisboa: Oficinas de Francisco Luiz Ameno, impressor da Congregação Cameraria Santa Igreja de Lisboa, 1752;
Historia das Covas de Salamanca, abreviada e traduzida por Joaquim Manoel D’Araujo Correa de Moraes. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1838;
Historia de las cuevas de Salamanca, introdução de Fernando R. de la Flor e ed. de Eugenio Cobo. Madrid: Tecnos, c1987;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HILL, Ruth, Sceptres and Sciences in the Spains, Four Humanists and the new Philosophy (ca. 1680-1740), (Francisco Botello de Moraes p. 191-244). Liverpool: Liverpool University Press, 2000;
MACHADO, Diogo Barbosa, Biblioteca Lusitana: história, crítica e cronológica. Lisboa: Bertrand, 2ª ed., 4 vol., 1930-1935;
R. DE LA FLOR, Fernando, «Nota sobre el caballero português Francisco Botello de Moraes: un miembro de la R.A.E. y un iberista “avant la lettre” en la Salamanca de la pré-ilustración», em Palabras, norma, discurso: en memoria de Fernando Lázaro Carreter, 1017-1028, coord. por Luis Santos Río. Salamanca: Ed. Universidad, 2005;
R. DE LA FLOR, Fernando, «La ilustración “mágica”: hermetismo, demonología y nigromancia en la Historia de las Cuevas de Salamanca, de Botello de Moraes (1734)», em Brujas, demónios y fantasmas en la literatura fantástica hispânica, 11-126. Lleida: Ed. Universitat, 1999.
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ResponderEliminarmais uma prova de que os transmontanos chegam muito longe :)
ResponderEliminarE este Ilustre é um ilustre desconhecido na sua terra? Que vergonha.
ResponderEliminarManeldabila
Muito mais na aldeia de Felgueiras terra onde ele terá instalado por algum tempo uma espécie de escola. Aliás ainda hoje pode ler-se uma inscrição latina na ombreira da porta que dá acesso à casa da família do dr. Urbano Diogo e que diz mais ou menos o seguinte: Aqui se aprende a sabedoria... Júlio Andrade
ResponderEliminarResumindo: há que rever a toponímia do concelho.
ResponderEliminarSe a antiga rua do Cano é hoje rua Visconde de Vila Maior, a antiga rua do Quebra- Costas(a mesma da biblioteca municipal) devia ter o nome deste ilustre escritor moncorvense.
Uma moncorvense
Eu também estive na Praça Francisco Botello de Moraes, não muito longe da Praça de Miguel de Cervantes e de outros gloriosos nomes da Literatura Universal.
ResponderEliminarJúlia
Conceição Ferreira: Olha, o Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos!! Muito bem! É tempo de se dar a conhecer esta destacada figura moncorvense, que parece não ser devidamente conhecida nem no seu país, nem na sua terra Natal.
ResponderEliminarGostei de ver! Obg. :)