terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos - ILUSTRE HUMANISTA, por Leonel Brito

Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos foi um ilustre humanista dos séculos XVII e XVIII, natural deTorre de Moncorvo.A sua obra é considerada de enorme relevância e inovação para a época. No entender de Fernando R. de la Flor (professor de literatura da Universidade de Salamanca e ensaísta) Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos foi mesmo um precursor da literatura fantástica em língua espanhola. Uma das suas obras mais conhecidas foi reeditada há cerca de 20 anos: Historia de las cuevas de Salamanca, introdução de Fernando R. de la Flor e ed. de Eugenio Cobo. Madrid: Tecnos, c1987. Também no ano 2000, a professora Ruth Hill, da Universidade de Virginia, EUA, publicou um livro sobre as quatro figuras hispânicas mais importantes da época, entre as quais se encontra Francisco B. M. V.: Sceptres and Sciences in the Spains, Four Humanists and the new Philosophy (ca. 1680-1740), (Francisco Botello de Moraes pp. 191-244). Liverpool: Liverpool University Press, 2000. Outros ensaístas se debruçaram também sobre este autor nosso conterrâneo.


 
A cidade de Salamanca homenageou-o, atribuindo o seu nome a uma praça situada num bairro com nomes de poetas e escritores ilustres.
 
Breve biografia:

Não se conhecendo ao certo o dia em que nasceu, sabe-se no entanto que foi baptizado em 06.08.1670 e que faleceu em Salamanca em 1747. Contava poucos anos quando foi para Madrid, sob a protecção de um tio, onde frequentou a corte e moldou a sua formação, adquirindo profundos conhecimentos de artes e ciências.
Viveu maioritariamente em Espanha, sobretudo em Salamanca (onde tem uma praça com o seu nome), alternando com alguns regressos a Portugal, quase sempre a Lisboa e Moncorvo. Percorreu também outros países da Europa, tendo vivido em Roma, desempenhado funções na embaixada de Portugal na Cúria Romana (Vaticano), e convivido com ilustres académicos. Convidado para sócio da Academia dos Árcades, não aceitou a distinção pelas rivalidades nela existentes à época. Numa das vindas a Lisboa – em 1702, aquando do início da Guerra de Sucessão de Espanha – D. João V concedeu-lhe o Hábito de Cristo e uma pensão por ter composto o poema El Alphonso.
Graças ao seu grande domínio da língua castelhana, capacidades inatas e apoio de nobres ilustres da época, desenvolveu obra literária, e outros escritos, na sua quase totalidade em espanhol. A sua aceitação no meio literário castelhano culminou com a nomeação, por unanimidade, para membro da Real Academia Espanhola, em 1738.
No seu último regresso a Portugal, fundou em Moncorvo a Academia dos Unidos, uma academia cultural (na época havia apenas quatro no país: Lisboa, Porto, Coimbra e Évora) dedicada à prosa, à poesia, ao manejo de cavalos, ao exercício da música e da dança e à comédia.

Leonel Brito

OBRAS: 
Poema en loor de S. Juan de Sahagun en las fiestas, que le hizieron en su Canonizacion. S.I., s.n. Poema que consta de oitenta oitavas e que foi escrito no ano da canonização de San Juan de Sahagun, em 1690;.
Panegyrico historial, genealogico, de la familia de Sousa. Córdoba: Imp. por Diego de Valverde y Leyva, y Acisclo Cortés de Ribera, 1696;
El nuevo mundo: poema heroyco, con las Alegorias de D. Pedro de Castro ... Barcelona: Imp. por Juan Pablo Marti, 1701; 
Loa para la Comedia com que S. Majestad que Dios guarde festeja el dia del nombre de la Reina nuestra Señora. Lisboa: Imp. por Antonio Pedrozo Galraõ, 1709;
Progressos Militares de Leopoldo Enrique Botelho de Magalhaens. S.I., (78 páginas), 1711;
Tres Hymni in laudem B. Joannis á Cruce nuncupati Sanctissimo Domino Clementi XJ. Pontifici Optimo Maximo. Romae per Joannem Franciscum Chracas, 1715;
Gratas expressiones del Cavallero D. Francisco Botello de Moraes, y Vasconcellos al optimo Maximo Pontifici Clemente XI, en la occasion de los triumfos que por influencia de su Santidad tuvo la Iglesia el presente año de 1716. Luca: Imp. por Marescandoli, 1716; 
El Alphonso o La fundacion del Reino de Portugal, establecida y perfecta en la conquista de Elysia, (poema Épico). Salamanca: Imp. por Antonio Joseph Villargordo, 1731;
El Alphonso o La fundacion d'el Reino de Portugal, establecida i perfecta en la conquista de Lysboa. Salamanca: Imp. por Antonio Villargordo e Alcaràz, 1731;
Historia de las cuevas de Salamanca. Salamanca: S.I., 1734;
Historia de las cuevas de Salamanca. Salamanca: Imp. por Antonio Joseph Villargordo, 1737;
Satyrae ... cum notis et argumentis ... Joannis Gonzalez de Dios ... Salmanticae : apud Nicolaum Josephum Villargordo, & ejus sumptibus, (quatro sátiras em Latim, ao estilo de Aulo Pérsio Flaco, em que repreende vários abusos), 1741;
Relaçaõ de como se ensinaõ no Collegio Imperial Trilingue da Universidade de Salamanca as três línguas, que lhe daõ nome Grega, Latina, e Hebrea, de que livros se servem seus doutíssimos Mestres. S.I., 1743;
Vida de hum Sargento mór de Dragões, com o título de Epitome da guerra de Filipe V., e Carlos III, em que louva muito os dous Condes de Assumar D. Joaõ, e D. Pedro de Almeida. S.I., 1743;
Discurso político, histórico, e crítico, que em forma de carta escreveo a certo amigo … Passando deste Reino para o de Hespanha, Sobre alguns abusos, que notou em Portugal. Lisboa: Oficinas de Francisco Luiz Ameno, impressor da Congregação Cameraria Santa Igreja de Lisboa, 1752; 
Historia das Covas de Salamanca, abreviada e traduzida por Joaquim Manoel D’Araujo Correa de Moraes. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1838;
Historia de las cuevas de Salamanca, introdução de Fernando R. de la Flor e ed. de Eugenio Cobo. Madrid: Tecnos, c1987;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HILL, Ruth, Sceptres and Sciences in the Spains, Four Humanists and the new Philosophy (ca. 1680-1740), (Francisco Botello de Moraes p. 191-244). Liverpool: Liverpool University Press, 2000;
MACHADO, Diogo Barbosa, Biblioteca Lusitana: história, crítica e cronológica. Lisboa: Bertrand, 2ª ed., 4 vol., 1930-1935;
R. DE LA FLOR, Fernando, «Nota sobre el caballero português Francisco Botello de Moraes: un miembro de la R.A.E. y un iberista “avant la lettre” en la Salamanca de la pré-ilustración», em Palabras, norma, discurso: en memoria de Fernando Lázaro Carreter, 1017-1028, coord. por Luis Santos Río. Salamanca: Ed. Universidad, 2005;
R. DE LA FLOR, Fernando, «La ilustración “mágica”: hermetismo, demonología y nigromancia en la Historia de las Cuevas de Salamanca, de Botello de Moraes (1734)», em Brujas, demónios y fantasmas en la literatura fantástica hispânica, 11-126. Lleida: Ed. Universitat, 1999.

8 comentários:

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  3. mais uma prova de que os transmontanos chegam muito longe :)

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  4. E este Ilustre é um ilustre desconhecido na sua terra? Que vergonha.


    Maneldabila

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  5. Muito mais na aldeia de Felgueiras terra onde ele terá instalado por algum tempo uma espécie de escola. Aliás ainda hoje pode ler-se uma inscrição latina na ombreira da porta que dá acesso à casa da família do dr. Urbano Diogo e que diz mais ou menos o seguinte: Aqui se aprende a sabedoria... Júlio Andrade

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  6. Resumindo: há que rever a toponímia do concelho.
    Se a antiga rua do Cano é hoje rua Visconde de Vila Maior, a antiga rua do Quebra- Costas(a mesma da biblioteca municipal) devia ter o nome deste ilustre escritor moncorvense.

    Uma moncorvense

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  7. Eu também estive na Praça Francisco Botello de Moraes, não muito longe da Praça de Miguel de Cervantes e de outros gloriosos nomes da Literatura Universal.

    Júlia

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  8. Conceição Ferreira: Olha, o Francisco Botelho de Moraes e Vasconcelos!! Muito bem! É tempo de se dar a conhecer esta destacada figura moncorvense, que parece não ser devidamente conhecida nem no seu país, nem na sua terra Natal.
    Gostei de ver! Obg. :)

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