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Coimbra-Rua da Sofia
Do Pátio da Inquisição ...
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04.11.1659 – Faleceu em Lisboa o
dr. António Leitão Homem. Era natural de Bragança, filho de Francisco Rodrigues, boticário, morador na rua do Espírito Santo, frente à igreja de S. Vicente. Fez os estudos preparatórios em Bragança, no colégio dos Jesuítas e estudou cânones na universidade de Salamanca entre 1610 e 1615. Em 3.5.1623 foi nomeado professor de cânones do colégio de S. Pedro, em Coimbra e em 2.10,1629 despachado lente de prima da universidade. Em 2.11.1634 foi nomeado deputado do
tribunal da Inquisição de Coimbra. Alcançou o cargo de Desembargador do paço, sendo jubilado em 1659.Tinha um irmão chamado Mateus Homem Leitão que seguiu percurso semelhante, estudando em Salamanca nos anos de 1622 – 1623 e formando-se em cânones. Em 2.11.1640 foi nomeado deputado da Inquisição de Coimbra. Em 17.3.1646 foi promovido a inquisidor do tribunal de Évora e em 7.5.1649 despachado para idêntico cargo em Coimbra.
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Ponte do Pocinho |
04.11.1767 –
António Rodrigues, da freguesia de
Felgar requer ao juiz de fora de Moncorvo que mande registar a Carta de Exame de Carpinteiro, pois foi examinado e aprovado pelo juiz do dito ofício.
Este longo documento é interessante pois apresenta uma tabela de preços extremamente minuciosa que começa assim: - Não levarão os carpinteiros (…) pelas arcas que fizerem, sem fechadura, a saber, de castanho, por alqueire 80 réis; de pinho 50 réis, sendo arcas bem feitas e boas madeiras e sem rebolo e bem pregadas, o que examinarão os compradores. Por uma masseira de castanho, ordinária, para amassar um saco de paão…
04.11.1911 – Extinção do pagamento de portagem na Ponte do Pocinho sobre o rio Douro.
04.11.1931 – Levantamento do interdito lançado pelo bispo de Bragança, em 24.08.1926, sobre a capela de Santo Antão da Barca
António Júlio Andrade
Reedição de posts desde o início do blogue
Coimbra-Rua da Sofia VI- Do Pátio da Inquisição ao “colégio do Cardeal”
ResponderEliminarLogo no início da rua, foram construídos dois colégios quinhentistas, em terrenos do Mosteiro de Santa Cruz: o Colégio de Todos os Santos e Colégio de São Miguel.
Cedo foram reformulados por D. João III para aí se instalar o Colégio das Artes. Em 1566 o Colégio das Artes muda-se para a Alta, e os seus edifícios passaram para a Inquisição, onde esteve até ser extinta em 1821. Todas as instalações e o típico Pátio da Inquisição, onde decorriam as atrocidades do Santo Ofício, foram magnificamente restaurados por João Mendes Ribeiro, Prémio Diogo Castilho (2003), para adaptação ao Centro de Artes Visuais; curiosamente a partir de uma obra com inicial participação de ...Diogo Castilho.
Destaca-se a existência de parte de um claustro com colunata jónica, que tem no seu pátio uma obra contemporânea de Pedro Cabrito Reis, e que representou Portugal na 50º Bienal de Veneza em 2003, de seu nome de Longer Journey. A mesma peça foi distinguida com o Prémio de Arte Pública da Tabaqueira 2003.
À entrada do pátio, à direita, situavam-se os aposentos dos secretários, no topo ficavam os aposentos dos inquisidores, com um terraço avarandado de onde se alcança uma bela vista sobre a colina sagrada, tendo por baixo a casa do tormento; e onde agora se situa o Centro de Artes Visuais, um dos espaços mais importantes da imagem em Portugal, ficavam os cárceres.
A sua função inicial relacionada com o ensino das Artes, foi novamente reactivada, quase 500 anos depois com o CAV.
http://lusitanianotavel.canalblog.com/archives/coimbra/p10-0.html
Romaria secular - Santo Antão da Barca
ResponderEliminarpor Virgínia do Carmo
O eremita Santo Antão é o santo da devoção dos milhares de pessoas que todos os anos, em Setembro, acorrem ao santuário localizado num vale profundo, junto ao rio Sabor, ladeado por margens íngremes, território de três concelhos diferentes.
Uma romaria que traz a memória de lendas e milagres relatados pelos fiéis.
Nenhuma pessoa viva pode precisar quando começou a devoção a Santo Antão da Barca, cujo santuário é ainda hoje palco de uma romaria que junta num vale profundo, dividido pelo rio Sabor, a seis quilómetros de Parada, freguesia do concelho de Alfândega da Fé a que pertence a capela, milhares de pessoas todos os anos, no primeiro fim de semana de Setembro.
Para lá vão dois caminhos, um que parte do lugar de Sardão, no concelho de Alfândega da Fé, e outro de Meirinhos, no concelho de Mogadouro, fazendo ainda fronteira com a ermida as freguesias de Carviçais e Felgar, do concelho de Torre de Moncorvo.
Os crentes, esses vinham outrora de todas as aldeias circundantes num raio de distância significativo, e hoje talvez mais reduzido, desde Carviçais a Castro Vicente, de Mogadouro a Vila Nova de Foz Côa.
Hoje em dia, os carros descem ao vale, através de um caminho íngreme mas possível até para os veículos sem tracção, e o regresso, por isso, acontece mais cedo. Mas em tempos, era a pé ou de macho que o percurso de cerca de sete quilómetros a partir do lugar de Sardão era feito. E o regresso, esse só acontecia ao romper da aurora do dia seguinte, como recorda a senhora Guilhermina, de 76 anos, uma das poucas que ainda habita no lugar de Sardão. "Havia dois caminhos", recorda, "um para os machos e outro para as pessoas". "Vínhamos por volta do meio-dia", prossegue, e quando lhe perguntamos se era uma boa oportunidade para "engendrar" namoricos, responde prontamente que sim. Afinal, tratava-se de uma oportunidade rara de convivência um pouco mais prolongada entre rapazes e raparigas. Por todos os cantos se viam "a conversar", diz a D. Guilhermina.
Os preparativos para a romaria começavam a ser providen-ciados com uma semana de antecedência.
O tempo, depois da missa e da procissão, que já há muitos anos segue por um arruamento aberto exclusivamente para o efeito, era passado a dançar e a cantar quadras, algumas delas feitas para a ocasião, mas que a D. Guilhermina já não consegue repetir na íntegra. Os homens jogavam "ao ferro", lembra, e havia ainda animação musical. Bandas, diz, chegavam a ser "três ou quatro". À noite, ninguém dormia, a não ser as crianças, que acabavam por não resistir ao cansaço e eram então deitadas em mantas, ao relento.
CONTINUA
A história e as lendas
ResponderEliminarA capela foi mandada construir pelos Távoras, família proprietária de grandes herdades naquela região, há mais de 200 anos, no local conhecido como Poço da Barca, pois nesse local o rio era atravessado de uma margem para outra por uma barca que transportava pessoas e mercadorias diversas, como relata António dos Santos Lopes, numa pequena compilação de dados que reuniu num livro sobre a ermida. Segundo este autor, a última barca terá desaparecido no ano de 1953. Mas esta capela terá, segundo a lenda, substituído uma outra mais antiga, erguida já em honra de Santo Antão, eremita egípcio que terá vivido nos séculos III e IV, até aos 105 anos de idade, adoptado, então, pelas gentes da região como padroeiro da barca.
Os populares nem sempre relatam esta versão da história do santo padroeiro. A maioria das pessoas, especialmente as mais velhas, contam outra, embora as duas não sejam necessariamente incompatíveis. Dizem que este santo terá dado todos os seus bens aos pobres, dedicando-se depois à humilde tarefa de guardar porcos. Isto explica a imagem do santo, que tem aos pés a figura de um porco, e numa das mãos a campainha para chamar os animais quando se dispersavam.
São também os populares que relatam alguns dos milagres alegadamente alcançados por intercessão do santo, muitos deles têm a ver com barcas que se afundavam, sem que no entanto ninguém perdesse a vida. Um dos mais importantes, e que os populares puseram em verso, terá acontecido num dia de Natal. Transportava a barca doze pessoas e "cinco bestas", quando se afundou no rio, causando grande agitação nos que da margem viam o desastre. Todos recorreram então a Santo Antão, e todos acabaram por se salvar, incluindo os "cinco jumentos carregados" sem qualquer "prejuízo".
Um outro milagre que os populares relatam tem a ver com outro objecto da devoção das gentes locais: o Divino Senhor da Barca. Reza a lenda que, em tempos, as gentes da aldeia de Meirinhos quiseram roubar a imagem para a sua igreja, o que chegaram a fazer. Mas quando se deslocavam na barca para a outra margem, a imagem ia-se tornando mais pesada e começava a estalar, pelo que os forasteiros se viram obrigados a regressar e a deixar a imagem na capela onde hoje permanece.
Olá, Virgínia:
ResponderEliminarGostei muitíssimo do seu texto. Acho que deveria ter ido para o corpo do Blog em vez de permanecer em comentário. O nº de leitores não é igual.
Eu só o li, porque hoje, Domingo, não tenho a netinha comigo e ando por aqui a bisbilhotar comentários e tudo.
Um abraço grande
Júlia