segunda-feira, 28 de novembro de 2016

PROVISÃO ,por Carlos Sambade

Esta palavra indicia prudência, acautelamento com o amanhã que é já hoje. Aplica-se no dia a dia do indivíduo e de uma qualquer instituição. E dá-se o caso de se ver aplicada também no Bispado de Bragança e Miranda. Temos sobre a mesa dois desses textos, um de 1888 e outro de 1905. Ambos são da lavra de D. José Alves de Mariz. Vejamos agora o de 1905 e deixemos o de 1888 para uma próxima vez.
Em 1905 houve problemas envolvendo, em certa escala, jovens estudantes do Seminário Episcopal de S. José de Bragança que, alegadamente, se terão deixado enredar em “preconceitos de temores ou receios no apuro prudente das suas vocações para o estado ecclesiastico” de tal sorte que o “halito do espirito das trevas” os leva a virarem-se “contra os seus superiores”. E ninguém parece querer dar mostras de arrependimento, o que leva o Sr. Bispo a emanar o documento a que aqui se alude, dirigido ao clero, aos seminaristas e aos fiéis. Nele se procura a via do perdão. Há, porém, já em cima da mesa uma “sentença de expulsão de alumnos do Seminário”, o que terá levado a que em certa imprensa se acentuassem “infamantes referências” a actos episcopais que eram tema, por sua vez, de “nefandos comicios”.
Esta provisão sai pelo tempo quaresmal que é “de perdão e de clemencia, mas também é de penitência e de sincero arrependimento”.
De que modo pretende o Sr. Bispo de então que o pedido de desculpas, vamos dizer assim, se faça? Pois que seja feito individualmente, por escrito, em papel selado, dando-se nele, nomeadamente, a “justificação da innocencia” e o “protesto de arrependimento”, sendo a correspondência chegada tratada por “uma commissão”.
 Indicam-se ajustamentos no calendário lectivo a fim de evitar que os alunos do seminário que se venham a submeter a este procedimento vejam prejudicada a evolução dos seus estudos na referida instituição.
O Sr. Bispo aproveita o ensejo para agradecer os testemunhos a seu favor por parte de “quasi todos os dignos sacerdotes” da diocese perante os “tristes acontecimentos” e os “tristissimos desacatos”.

Esta Provisão é “Dada na Quinta da Cruz da Bemcanta (nossa residência temporária) sob o Nosso signal e sêllo das Nossas armas, aos 19 dias do mez de março de 1905 – Festa do Patriarcha S. José, padroeiro da Egreja Universal”.
Fotografia e texto de Carlos Sambade

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