Esta palavra indicia
prudência, acautelamento com o amanhã que é já hoje. Aplica-se no dia a dia do
indivíduo e de uma qualquer instituição. E dá-se o caso de se ver aplicada
também no Bispado de Bragança e Miranda. Temos sobre a mesa dois desses textos,
um de 1888 e outro de 1905. Ambos são da lavra de D. José Alves de Mariz. Vejamos
agora o de 1905 e deixemos o de 1888 para uma próxima vez.
Em 1905 houve problemas
envolvendo, em certa escala, jovens estudantes do Seminário Episcopal de S. José
de Bragança que,
alegadamente, se terão deixado enredar em “preconceitos de temores ou receios
no apuro prudente das suas vocações para o estado ecclesiastico” de tal sorte
que o “halito do espirito das trevas” os leva a virarem-se “contra os seus superiores”.
E ninguém parece querer dar mostras de arrependimento, o que leva o Sr. Bispo a
emanar o documento a que aqui se alude, dirigido ao clero, aos seminaristas e
aos fiéis. Nele se procura a via do perdão. Há, porém, já em cima da mesa uma
“sentença de expulsão de alumnos do Seminário”, o que terá levado a que em
certa imprensa se acentuassem “infamantes referências” a actos episcopais que
eram tema, por sua vez, de “nefandos comicios”.
Esta provisão sai pelo tempo quaresmal que é “de perdão e de
clemencia, mas também é de penitência e de sincero arrependimento”.
De que modo pretende o Sr. Bispo de então que o pedido de
desculpas, vamos dizer assim, se faça? Pois que seja feito individualmente, por
escrito, em papel selado, dando-se nele, nomeadamente, a “justificação da
innocencia” e o “protesto de arrependimento”, sendo a correspondência chegada
tratada por “uma commissão”.
Indicam-se
ajustamentos no calendário lectivo a fim de evitar que os alunos do seminário
que se venham a submeter a este procedimento vejam prejudicada a evolução
dos seus estudos na referida instituição.
O Sr. Bispo aproveita o ensejo para agradecer os testemunhos
a seu favor por parte de “quasi todos os dignos sacerdotes” da diocese perante
os “tristes acontecimentos” e os “tristissimos desacatos”.
Esta Provisão é “Dada na Quinta da Cruz da Bemcanta (nossa
residência temporária) sob o Nosso signal e sêllo das Nossas armas, aos 19 dias
do mez de março de 1905 – Festa do Patriarcha S. José, padroeiro da Egreja
Universal”.
Fotografia e texto de Carlos Sambade
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