sábado, 9 de junho de 2012

COISAS DE ALUNOS : A PROVA DOS NÓS, por Júlia Ribeiro

Numa aula do Curso de Tradutores, portanto alunos do Ensino Superior, após termos trabalhado um pequeno texto literário , as alunas procederam individualmente à respectiva tradução. Não era um texto difícil; havia apenas três ou quatro vocábulos menos usuais. Tratando-se essencialmente de uma questão de léxico, teriam de lançar mão do dicionário, ferramenta de que um tradutor não pode prescindir. No final, duas alunas discutiram, porque no dicionário de uma não estaria uma palavra como estava no dicionário da outra. Deve dizer-se que os dicionários eram iguais.
Peguei no dicionário de uma terceira aluna , igual aos das duas anteriores e disse: ” Vamos tirar a prova dos nove” .
Ouve-se então uma voz, talvez num ligeiro tom de desafio: “ A pessora também se engana” .
“Claro que sim, eu também me engano. Mas quem falou?”
“Fui eu” , disse uma mocinha, toda fresca e sorridente.
“Olá, caríssima. Acredita que não foi a primeira vez e certamente não será a última. Mas ... não faço ideia em que é que eu me enganei agora. Diz-me lá”.
“A pessora disse : a prova dos nove” .
“ Sim. E como é que tu dizes?”
“Oh, pessora, como é que eu havia de dizer? A prova dos nós, é claro “.
“Ah! Muito bem. Queres explicar-nos , por que é que dizes a prova dos nós?”
“ Era como a minha pessora primária dizia”.
“Era? Ela dizia a prova dos nós?”
“Oh, pessora! “ (Via-se que a aluna estava já a ficar espantada, talvez algo indignada, com tanta ignorância minha) . “ Eu vou explicar: por exemplo, quando dizemos ... 7 X 8 .... “ (parou, porque a tabuada lhe falhou ali, bateu as pálpebras, abanou um pouco a cabeça e retomou com um ar vitorioso), “ por exemplo: ... 7 X 5 = 35 , NÓS FORA OITO” .
A gargalhada não foi tão geral como eu esperava. Aquela lacuna não era caso isolado. Então, parei com a tradução, fui ao quadro e expliquei, o melhor que soube, algumas das propriedades do dígito 9 , e por que razão serve para fazermos essa prova: a PROVA DOS NOVE, não totalmente fiável, mas muito prática.
Eram alunos do 2º ano de um Curso Superior, mas a maioria não sabia esta coisa básica.

Leiria, 19 de Setº de 2011

Júlia Ribeiro

14 comentários:

  1. A prova dos nós, é claro....que eramos nós que faziamos a prova!
    Não adimira que fossem alunos do 2º ano de um Curso Superior,o que admira é como passaram no exame da 4ª.
    Nas nobas upurtrinidas ,ssdotora,temos binte limpinhos ha belucidade dum sms,topa? nós ó noses é = ao litro,nobes fora nada.se os nós sam cegus é como a justissa pois.nós propriamente temolos bem abertus e faltame 52 domigos pa ser ingenheiro.até já

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  2. Asim vai o ensino em Portugal.Exemplar.

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  3. RECEITA:
    Batendo-nos muito nos nós dos dedos com uma régua, se não pegávamos na pena como devia ser….
    In “Os Meus Amores”de Latino Coelho (página 13)
    Leitor

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  4. Ó Sr. Lelodemoncorvo, eu já comentei, mas a minha espertesa nisto é como a dum tamanco. Perdeu-se o comentario ou bou ter de escreber tudo otra vez .

    Hugo Lemos

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  5. Senhor Hugo Lemos, tem que mandar outra vez.

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  6. Tá bem. A pessora Júlia diz que às vezes também se engana, não é? eu dizia que conheço alguém que NUNCA SE ENGANA e raraMENTE TEM DÚVIDAS.

    Adebinhem lá quem é.

    Hugo Lemos (Binhais)

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  7. Sei muito bem quem é: é aquele sujeitinho que fala meio apatetado e que adora “o sorriso das vacas açorianas, contemplando com deleite os prados verdes das ilhas”

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  8. Eh Eh Eh. Tou a topar. Só pode ser o mesmo sujeitinho de sorrisinho amarelo, que fala dsopinha de madssa e que tem uma fixasação nas vacas açoreanas . Numa cena porreira numa ilha dos Açores ele disse “edxalto-me com o padsso apredssado dass vacass a caminho da maquineta que lhess vai dsugar ass tetass! “.
    Pudera, ass códssegas dsão tantass !! Cala-te boca, senão inda falo dos vampiros que andam a sugar o sangue de nós todos .

    N.S.

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  9. Olá, Amigos e demais Blogueiros:

    O que isto tem de melhor, para além de quase nos conhecermos, é divertirmo-nos com os comentários. Alguns são hilariantes.

    Abraços
    Júlia

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  10. "A maioria não sabia esta coisa básica".Nem essa nem outras elementares,como,por exemplo,o uso da vírgula.Uma vez fui insultada pela mãe de uma aluna por lhe ter dado nota negativa numa tradução.O texto não tinha nenhuma correcção,nenhum risco,limpinho...,e só por causa da falta de vírgula,aquela injustiça!
    Pois sim,mas o sentido do texto ficou totalmente alterado.
    Não consegui convencer nem mãe nem filha.
    Professor/a sofre ...

    Uma moncorvense

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  11. Infelizmente esta situação não me espanta, embora a considere muito triste. É que não obstante a ignorância, podia existir a humildade. Mas nem isso.

    Uma delícia as suas histórias, Júlia. Bem haja pela partilha.

    Um beijinho

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  12. Olá Virginia:

    Muito obrigada pelas suas palavras, com as quais concordo inteiramente.

    Retribuo o beijinho.
    Júlia

    PS - Vamos ver se conseguimos organizar um encontro qualquer dia. O Lelo é homem para tratar disso.

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  13. Olá, Virginia:

    Voltei atrás, para dizer que concordo com as suas palavras no que se refere à cena de ignorância narrada nesta estorinha.
    Mas ficaria mal incluir nessa concordância a tal "delícia" de que a minha Amiga fala.
    São apenas umas estorinhas verídicas, com uns pozinhos de ficçção de onde em onde, contadas ao correr da pena e para "animar a malta" nestes tempos de crise.

    Um grande abraço
    Júlia

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  14. Amiga,
    Já tenho saudades tuas...
    A tua maneira tão especial de nos narrares as tuas aventuras e experiências nunca deixará de encantar.Continua porque estamos todos com água na boca.
    Até breve.
    M.Lucinda T.da S.

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