No mistério de Cristo, a natureza da Eucaristia está
intimamente unida à natureza da Igreja: «A Liturgia, pela qual, especialmente
no sacrifício eucarístico, “se opera o fruto da nossa Redenção”, contribui em
sumo grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério
de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja» (SC 2). É evidente a
importância da liturgia eucarística como lugar privilegiado da redenção, do
mistério de Cristo e da genuína natureza da verdadeira Igreja, como recentemente
afirmou o Papa Francisco: «A Eucaristia tem o lugar central na Igreja porque é
a Eucaristia a “fazer a Igreja”».
A publicação em língua portuguesa do breve estudo do
liturgista beneditino Ildebrando Scicolone, professor emérito do Pontifício Instituto
Litúrgico em Roma acerca da Eucaristia – l’Eucaristia fa la Chiesa – resultado
do convénio diocesano de Roma, realizado em 2010, é uma preciosa ocasião de
permanente formação litúrgica.
Educar para a participação no mistério da fé não é só uma
questão de animação litúrgica, mas uma verdadeira pastoral litúrgica, no
sentido de uma ciência e uma arte que valorizam a potencialidade comunicativa
dos sinais da Liturgia (ritos e orações) e se tornam momento de reflexão
sistemática sobre a actividade litúrgica da Igreja na vida da comunidade.
A participação activa dos fiéis é um facto teológico, em
razão do Baptismo e da natureza da Liturgia. Não é um elemento secundário, para
ser deixado às iniciativas pastorais, mas um aspecto que goza de plena dignidade
teológica: um elemento constitutivo da própria natureza da Eucaristia. Por
isso, a participação activa dos fiéis deve ser a primeira preocupação do
pastor. E o sacramento é constituído para ser frutuoso, não para ser um fim em
si mesmo. Isto não significa que sem participação activa dos fiéis o sacramento
não seja frutuoso, mas só que a participação activa dos fiéis é o modo
ordinário e normal para dar fruto.
Na excelente comunicação litúrgico-pastoral do Padre
Scicolone aparece o vínculo entre a lex credendi (norma da Fé) e a lex orandi
(norma da Liturgia), manifestando a mistagogia da Eucaristia que faz a Igreja,
antes que seja a Igreja a fazer a Eucaristia, porque a Eucaristia é sacramento
que forma o corpo eclesial na fé e é «fonte e centro de toda a vida cristã» (LG
11).
José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e
Espiritualidade
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