O presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves,
denunciou esta segunda-feira que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das minas
de ferro está "parado" para apurar se os morcegos que habitam o local
"hibernam ou invernam".
Em declarações à Lusa, o autarca social-democrata atribui a
situação à posição, que classificou como "preciosista", do Instituto
de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que pretenderá averiguar se os
morcegos permanecem no local ou se deslocam para outras paragens.
"Esta questão está a ser levada de tal forma, que o
organismo em causa está a cair no ridículo e a tomar uma atitude demasiado
preciosista face ao projecto em questão", afirmou. O autarca acusou o ICNF
de dar "mais importância aos morcegos do que propriamente aos postos de
trabalho que possam vir a ser criados com o projecto mineiro de Torre de
Moncorvo".
Para Nuno Gonçalves, "o que está em causa é uma questão
de semântica, que pelos vistos faz toda a diferença num projecto que pode
aumentar em 0,2 por cento o PIB (Produto Interno Bruto) nacional e em 0,26 por
cento as exportações, mas que se mantém no impasse".
As minas de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da
região, na década de 1950, chegando a recrutar 1500 mineiros. A exploração de
minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas, e o ferro esquecido
até que a MTI - Minas de Ferro de Torre de Moncorvo, uma empresa de capitais
nacionais e estrangeiros, ganhou, em 2008, os direitos de prospeção e pesquisa
e, em 2011, foi-lhe atribuída pelo Governo a concessão de exploração durante 60
anos, até 2070.
Menos de um ano depois da atribuição da concessão, o Governo
confirmava, em Outubro de 2011, que estava a negociar com a detentora da
concessão e o gigante anglo-australiano do sector mineiro Rio Tinto a
exploração do ferro em Torre de Moncorvo, onde se estima que existam ainda 80
milhões de toneladas de minério.
A Rio Tinto saiu do processo e, um ano depois, a MTI- Ferro
de Moncorvo assinou um contrato com o Estado para início da exploração
experimental das minas, com a perspectiva de início para 2016, a criação
gradual de até 500 postos de trabalho e um investimento de 600 milhões de euros
ao longo do período de concessão.
A concessionária deu início aos estudos necessários e a
questão dos morcegos está presente desde o início do processo, com a empresa a
disponibilizar-se para investir entre 250 a 500 mil euros na construção de uma
galeria para os animais. O presidente da Câmara de Torre de Moncorvo defende
que "está provado que a colónia de morcegos só se encontra no espaço das
minas porque houve uma exploração mineira, caso contrário não existiria".
O autarca social-democrata lamentou ainda que "o
Governo esteja sempre a dizer que o Nordeste Transmontano é uma região
deprimida, de baixa densidade e onde não há postos de trabalho e agora está [o
ICNF] a tentar travar um projecto que vai permitir subir a empregabilidade no
distrito de Bragança e a nível nacional".
"Quando temos a possibilidade de desenvolver a região,
um Instituto que está dependente do Poder Central preocupa-se se os morcegos
invernam ou hibernam. Está é uma situação caricata que tem de ser
denunciada", frisou. O autarca expôs este assunto ao eurodeputado do PSD,
José Manuel Fernandes, que visitou a região nos últimos dias e que se
disponibilizou a colocar "o assunto na agenda nacional", sugerindo a
organização de um seminário com responsáveis políticos, quer na área do
Ambiente quer na área da Economia, para "confrontá-los diretamente com as
questões".
Fonte: http://www.publico.pt/local/noticia/exploracao-de-ferro-de-moncorvo-parada-para-avaliar-se-morcegos-hibernam-ou-invernam-1675050
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