Vou contar uma estorinha que aconteceu na semana passada com o
Director da Escola Municipal Sabor & Arte de Torre de Moncorvo. Conhecemo-nos
precisamente nesse dia.
Mas agora reparo que tenho de começar pelo princípio e que já remonta
a uns tempos atrás. Comecei a fazer teatro amador precisamente há 5 anos. Nunca
tinha pisado um palco. A primeira vez
foi com uma peça do Dr. Manuel Daniel de Vila Nova de FozCoa : “Um Auto de
Natal” Encarnei o papel de Diabo
“maior”, o Belzebu. Estava muito nervoso, o que não seria de estranhar, mas
lembro-me perfeitamente desse dia e dos
que antecederam a estreia dessa excelente peça.
E agora volto a reparar que ainda tenho de acrescentar outra
coisa antes de começar a prometida narrativa. (Se calhar, isto de contar
estórias não é tão fácil como parece ... )
Devo explicar que nunca fui pessoa de desistir às primeiras. Mergulho
de cabeça e enfrento as dificuldades, pois aprendi que para desempenhar um
papel, não basta ler a peça: é preciso ler várias outras coisas em que nunca
havia pensado e estudar muito a sério. E o mermo se passa na vida.
A esse “Auto de Natal” outras peças se seguiram e as personagens
sucediam-se, todas diferentes, umas bem complexas
outras nem tanto . Confesso que o papel
de vilão, azedo e rabugento me encaixa na perfeição e as acções de formação em
que o Grupo de Teatro Alma de Ferro de Torre de Moncorvo tem participado, bem como a amizade no grupo e novas amizades que se
estabelecem, têm-me ajudado imenso.
É entre amigos, nos cafés ou noutro lugar qualquer, que vou
procedendo à construção das minhas personagens: uma ou outra frase desta ou daquela
personagem é deitada cá para fora nessas conversas da treta, sem que os meus
amigos de tal se apercebam. Se as falas se tornarem convincentes e se a
personagem ganhar vida própria, será assim que a encarnarei no palco .
Pois agora começa a estórinha que vos quero contar .
Na próxima peça vou desempenhar o papel de Heitor Falcão, de “O
Morgade de Fafe Amoroso” de Camilo Castelo Branco. Fidalgo minhoto, senhor do
seu nariz e controlador da sua única filha, a personagem já está construída.
Aconteceu numa conversa de acaso na semana passada,
Fui ter com o meu amigo Beto Mesquita que estava acompanhado
pelo Director da Escola Municipal Sabor&Arte de Moncorvo. Cumprimentei o
meu amigo, saiu-me uma frase do Heitor Falcão, e começou o diálogo seguinte:
--- Quero falar com você.
O Beto Mesquita encolheu os ombros.
----- Diga a esse Borra-Botas que sou homem para lhe arrancar a
culatra pelas costas, ouviu ? --- disse eu.
---- Mas que se passa? --- disse o Beto Mesquita ---- Não sei de nada.
Entretanto, o Director da Escola Municipal Sabor & Arte, que
não me conhecia de lado nenhum, estava estupefacto com aquele início de
conversa.
Eu continuei, agora virado de frente para ele:---- És tu que
andas com a minha filha.
---- Mas eu não conheço a sua filha.
--- Tu estás a gozar comigo ou quê? --- disse eu, (Heitor
Falcão), já enfurecido.
---- Palavra que eu não o conheço, nem a si nem à sua filha.
---- Se tornas a bulir na minha filha, mando-te quebrar o
espinhaço, estás a ouvir-me ou não?
O rapaz, depois de ouvir tais desaforos , deve ter pensado que
eu era doido varrido, e toca de se escapulir, no que só foi travado pelo riso
do meu amigo Beto que o chamou e lhe contou quem eu era. Rimos todos com
gosto.
Fiquei radiante: a personagem estava construída.
NOTA -- Quero realçar os
elementos que compõem este grupo fabuloso que dá pelo
nome de Grupo de Teatro Alma de
Ferro de Torre de Moncorvo, Beto Mesquita, Fernando Barreto, Nela Costa,
Esperança Moreno, Daniela Serra, Américo Monteiro, Luis Pires, Paulo Medeiros,
Mizé Camelo, João Almeida, José Sá, Paulo Maximino, Zé Rachado, Marilú Brito,
São Lemos .
1 de Março de
2014
Camané contou e escreveu; Júlia Ribeiro aplaudiu.
Contrair os músculos da face em consequência da alegria, ou mais precisamente, rir, pode ser o melhor remédio, estas estorinhas contadas aqui neste Blog pela Júlia Ribeira são hilariantes, esta contada a aqui é simplesmente de partir o coco a rir, continuem, um abraço
ResponderEliminarJá lá diz o ditado :quem tem cu tem mêdo.O Camané é o máximo e a dra Júlia a grande cronista da nossa terra.Bem dita terra que tais filhos tem.Mais estória contra a p...da crise.RIR FAZ BEM À SAÚDE.
ResponderEliminarValentão
Eu também estou a aplaudir .De facto rir faz bem a saúde.
ResponderEliminarleitora dos Farrapos
Já anda pelas redes sociais,por este andar o Camané ainda acaba no parlamento:só aceitam actores e a escritora vai fazer as actas da Assembleia .
ResponderEliminarViva Moncorvo e a Corredoura.
Já que estamos numa de VIVAS, viva o Blog "Farrapos de Memória", Viva o Grupo de Teatro "Alma de Ferro", vivam Moncorvo e a Corredoura e, claro, vivam os Amigos Blogueiros.
ResponderEliminarMuito bom mesmo, estão de parabens continuem é um consolo passar por este blog e ler isto se continuarem tenho a certeza que passará por este excelente blog algum argumentista de Hollywood que se lembrará de colocar estas estorias em filme e ganhará o tão almejado "Oscar" graças á estorias que são colocadas aqui neste blog e nos faz bem á alma, continuem
ResponderEliminarDivertidas estas estórias. Contem mais.
ResponderEliminar