segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Convento de São Francisco de Torre de Moncorvo / Edifício da Fundação Francisco António Meireles















Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Convento franciscano capucho, de construção tardo-medieval, de que não subsistem vestígios, tendo sido remodelado ao longo dos séculos 17 e 18, alterando significativamente a sua estrutura, a última tentando-o adequar às normas da Província da Conceição, também este desaparecido. É de planta rectangular irregular, composto por igreja de planta longitudinal e convento desenvolvido no lado esquerdo. A igreja é de estrutura chã, de planta longitudinal, antecedida por galilé, e capela-mor mais estreita. A fachada principal remata em empena recortada, tendo afinidades com os conventos de Santo António de Viana, Arcos, Caminha, Melgaço, Monção e Orgens, marcada pelo vão da galilé, em silharia almofadada, o janelão do coro-alto e óculo lobulado, todos com molduras de cantaria; na galilé, as portas de verga recta do portal axial, portaria e Capela do Senhor dos Passos. Interior com coro-alto, e, no lado do Evangelho, o púlpito quadrangular surgindo, ainda, confessionários embutidos no muro; no lado oposto, a tribuna do órgão. Arco triunfal de volta perfeita, encimado pelo Calvário, ladeado por retábulos colaterais. Capela-mor com retábulo de talha dourada. O convento desenvolve-se em torno de claustro quadrangular. No lado do Evangelho, o acesso à Via Sacra e sacristia , tendo, na ala oposta à igreja, o refeitório, cozinha e despensa, surgindo, virado à fachada principal, a Casa do Capítulo. No piso superior, o dormitório e a antiga livraria dos frades, sobre a sacristia. Da Via Sacra partem as Escadas das Matinas, de acesso ao corredor do coro-alto

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: Francisco de Jesus Maria (1723); Jorge dos Reis (séc. 17). MESTRE DE OBRAS: Frei Sebastião de Guimarães (1569-1570).

Cronologia

Séc. 16 - a Câmara de Moncorvo solicita ao Cardeal D. Henrique a construção de um Convento franciscano no local, que seria pago pela mesma, a fundar junto à Ermida de Santiago; o Provincial, Frei António de São Vicente, também anuíu; os frades da Província Capucha de Santo António declinaram o local, sendo escolhido para a fundação do Convento, um terreno na Serra do Reboredo oferecido por Sampaio de Melo (Senhor de Vila Flor, Chacim, Vilas Boas, Parada de Pinhão, Frechas, Bemposta e Mós) e a mulher D. Antónia da Silva; 1538, 16 Maio - o terreno revelou-se de pequenas dimensões, tendo sido comprada uma propriedade junto ao caminho de Felgueiras, com o dinheiro doado por António de Araújo, abade de Alfândega da Fé, que acrescentou 100$000 para as obras; 1568, pintura dos Passos da Paixão para o claustro, por ordem de Frei Gaspar de Santo António; 16 Julho - aquisição de vinhas a Luís Carneiro e à esposa; 1569-1570 - construção do convento, o primeiro a ser edificado de raiz pela Província de Santo António, conforme planta delineada por Frei Sebastião de Guimarães, que acompanharia as obras, que seguiu o modelo do primitivo Convento de Mosteiró (v. PT), mas com o dormitório localizado em local inverso, o que não lhe permitia receber os ventos do N., tornando-o doentio; a Câmara solicita autorização ao desembargador do Paço para o corte de madeira nas matas de Souto e Felgar para a construção do edifício; 1576 - cedência da Capela do Capítulo a António Fernandes de Sequeira, a quem sucedeu João Camelo, casado com uma neta e responsável pela reconstrução do espaço; D. Sebastião doa 6$000 para as obras; 23 Dezembro - acordo com a Câmara de Moncorvo para autorizar o encanamento da água do ribeiro e das fontes do Monte do Reboredo, ficando o Convento com um anel de água; 1577 - a cerca tinha o seu perímetro fechado; 1584 - o arcebispo de Braga, D. João Afonso de Meneses doava, anualmente 5$500; séc. 16, final - problemas entre a Câmara e os frades sobre a quantidade de água utilizada; 1591, 8 Junho - alvará régio, dando razão aos frades relativamente aos problemas com a água; 1599, 13 Outubro - a Câmara passa a pagar 14$000 para os sermões e uma porção de carne semanal para alimentação dos frades; séc. 17 - fundação da Capela da Ordem Terceira, na nave da igreja, pelo ministro António Bandeira Pereira; sepultura no claustro de Francisco Carneiro de Almada; 1606 - fundação da capela colateral do Evangelho, dedicada a Santo António, por António Domingues Gamboa, que dava 2 almudes de azeite anuais; 1607 - feitura da Capela de Nossa Senhora da Graça, da cerca, por ordem de Frei Francisco do Espírito Santo; 1615 - perante o erro inicial de construção, Francisco Vaz, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Anunciada de Valverde, pagou as obras de demolição da igreja, que recebeu uma nova orientação, surgindo no local da primitiva o dormitório; 1622, 12 Julho - a Câmara de Moncorvo solicitou um alvará régio para a doação de 20$000 anuais durante 3 anos para as obras; 20 Setembro - a Câmara de Mós solicitou também um alvará régio no mesmo sentido, para a doação de 36$000, renováveis até 1625; as esmolas particulares forma várias, contribuindo António Bandeira Pereira, Francisco de Morais de Mesquita, D. Afonso Furtado de Mendonça, arcebispo de Braga, o abade de Alfândega da Fé; os moradores de Larinho transportaram a pedraria à sua custa; 1626 - terminam as obras, tendo a igreja ficado virada de S. para N., tendo o claustro 62 palmos de comprido e o dormitório com 13 celas; 1638 - sepultura de António Sousa Cardoso na ala da portaria, junto à sepultura de Sebastião da Costa e da mulher, D. Francisca; 1641 - fundação da capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, por Vasco Lobo de Madureira; feitura de uma imagem do orago por Frei Jorge dos Reis, de Braga; 1643 - falecimento de D. Joana de Vasconcelos, sepultada no claustro, em sepultura armoriada, onde também foi depositado o seu marido Francisco Ribeiro de Andrade; 1647, 18 Julho - D. João IV doa 26 cântaros de azeite; 1649 - Manuel António de Sampaio, Senhor de Vila Flor, doou 12 panos de seda para a Capela de Santo Cristo, que assumia o duplo orago de Santíssimo Sacramento; 1651 - Frei Bernardo de São Boaventura ordenou o encanamento da água de São Lourenço, com autorização da Câmara de Moncorvo, que recebia um quinto do caudal; 1652 - falecimento de Paulo Botelho, sepultado no claustro, junto ao seu pai, Francisco Botelho, falecido em 1583; 1663 - feitura do cruzeiro do início da calçada, por ordem de Frei Boaventura de São João; 1665 - a Ordem Terceira já possuía casa própria; 1670 - Frei Cristóvão dos Mártires ordena a passagem de São Francisco da capela colateral do Evangelho para o retábulo-mor, passando o primeiro a ter a invocação de Nossa Senhora da Conceição; 1676, 6 Fevereiro - Ana de Madureira e o filho António Bandeira fazem desistência do padroado da Capela de Santo António; 1677, 10 Abril - a Capela da Senhora da Conceição passa a ser administrada por Gaspar de Sousa Falcão, genro do fundador, com a obrigação de pagar $010 anuais e 1 almude de azeite para a lâmpada; este exigia a colocação da pedra de armas e de um banco junto à capela, para assistência à liturgia; 1679 - era padroeiro do Capítulo António de Carvalho Gamboa, que doou $800 anuais para a fábrica; 1668 - o Verão seco levou a população a desencaminhar a água dos frades para o chafariz da praça; 1677, 26 Março - alvará de D. Pedro II devolvendo a água aos frades; 1694, 16 Janeiro - decisão de dividir a Província de Santo António em duas; 1699, 19 Setembro - aprovação dos estatutos da Ordem Terceira; séc. 18 - fundação da Capela de Nossa Senhora das Dores, na nave, com doações várias de Leonor Angélica de Melo, das filhas do sargento-mor Leopoldo Henriques; o papa Bento XIV privilegia o altar de Nossa Senhora da Conceição; pintura e douramento das coberturas da nave e capela-mor por ordem do guardião Frei Manuel de São Bento; 1705, 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição *2, por Breve de Clemente XI; 1713 - doação da capela de Santo António a Manuel Alves Teixeira e à mulher, Isabel Joana de Magalhães e Lacerda, para o que deixavam $010, uma propriedade e um olival, em troca de sepultura junto ao mesmo; 1719, 22 Setembro - falecimento de Luís Roldão, sepultado no claustro; 1713 - data inscrita no acesso à antiga portaria, ladeado por inscrição; 1715 - forro em madeira da capela-mor por ordem de Frei Marcos da Conceição; feitura do retábulo-mor por ordem de Frei Bernardo de Santa Clara, com 50$000 doados pelos padroeiros da capela, Manuel Alves Teixeira e Isabel Joana de Magalhães e Lacerda; 1719, 28 Outubro - ínício da renovação do dormitório existente e feitura de um segundo no espaço da antiga enfermaria, por ordem de Frei António de São Lourenço; 1723 - construção da Capela do Senhor dos Passos, na galilé, por ordem de Frei Francisco de Jesus Maria, o qual terá executado a imagem, que estava ladeada por dois anjos tocheiros; 1724 - feitura da capela da enfermaria por José Ferreira; 1726 - construção de uma varanda na ala E., que viria a servir a enfermaria, por ordem de Frei Paulo da Esperança; o mesmo mandou fazer o Santo Cristo para o nicho do dormitório; 1729 - conclusão da obra do dormitório, na guardiania de Frei Francisco de Jesus Maria; 9 Janeiro - início da construção de uma enfermaria na ala E., para o que contribuiu José Ferreira, um nobre local, com 220$000; 1732 - douramento do retábulo-mor, por ordem de Frei Manuel de Santa Ana; 1751 - execução da imagem da Virgem para o altar da escada, em Braga, por ordem de Luís Alves Malheiro, a qual tinha "(...) cinco para seis palmos de altura, e a seu dulcissimo Filho amorosamente reclinado nos braços", estando flanqueada por dois tocheiros de madeira e protegida por cortinas dadas por Josefa Matilde de Melo Tenreiro (JOSÉ, 1760); o culto a esta imagem passou a ficar a cargo de frei António da Ressurreição; séc. 18, década de 70 - reconstrução do templo, com a remodelação da fachada *; 1779, 4 Outubro - criação de uma escola de ensino primário, recebendo os frades 70$000; o primeiro mestre foi Frei Bento de Santa Clara; 1799 - tinha 13 religiosos, 6 leigos, 4 donatos e 2 moços, recebendo anualmente 620$000; 1814-1815 - deslocação a Moncorvo de militares do Real Corpo de engenheiros, composto pelo capitão Miguel José Pinto Castelinho, os majores Joaquim José de Almeida Freitas e Joaquim Pedro Pinto de Sousa, e o coronel Joaquim de Oliveira, verificando a hipótese de transformar o convento em quartel; 1822, 10 Junho - projecto para transformar o imóvel em edifício militar, criando espaços amplos nos dormitórios; 1834 - no Inventário a que se procedeu, surgem referidas apenas 9 celas, revelando que ocorreu uma remodelação em data desconhecida; é referenciada a existência de uma maquineta sobre a guarda do coro-alto, tendo as imagens resplendores de prata; 16 Setembro - requisição do imóvel para estabelecimento de um colégio., por iniciativa de Quevedo Pizarro; 1837, 11 Fevereiro - solicitação do imóvel pelo Batalhão de Caçadores n.º 3, tendo sido feita planta e novo projecto de readaptação; 1841, 8 Novembro - colocação do imóvel em hasta pública, avaliado em 2:400$000, não tendo sido arrematado; 22 Dezembro - nova colocação em hasta pública, não tendo sido arrematado; 1864 - instalação na igreja de uma fábrica de sabão, por António Caetano de Oliveira, dirigida pelo farmacêutico local, José Henriques Pinheiro; funcionamento de um teatro no edifício; 1913 - 1915 - demolição do convento para dar lugar à construção, no terreno, do Asilo Francisco Meireles, fundado por Francisco Bernardino Pinheiro de Meireles; séc. 20, meados - destruição da fachada da igreja; década de 80 - compra da igreja pela Câmara Municipal, por sugestão da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia, passando a ser utilizada como oficina de reparação de viaturas municipais.

Características Particulares

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito; coberturas em telha.

Bibliografia

DEOS, Frei Martinho do Amor de, Escola de Penitencia, caminho de perfeição estrada segura para a vida Eterna Chronica da Santa Provincia de Santo António, Lisboa, António Pedrozo Galram, MDCCXL (1740); JOSÉ, Frei Pedro de Jesus Maria, Chronica da Santa, e Real Provincia da Immaculada Conceição de Portugal da mais estreita e regular Observancia do Serafim Chagado S. Francisco, 2.ª ed., 2 vols., Lisboa, Officina de Miguel Manescal da Costa, MDCCLX (1760); ABREU, Carlos de, "O antigo chafariz da praça de Torre de Moncorvo" in Brigantia, vol. XX, n.º 1 e 2, Bragança, Arquivo Distrital de Bragança, 1988, pp. 43-51; ARAÚJO, António de Sousa (Frei), Antoninhos da Conceição - dicionário de capuchos franciscanos, Braga, Editorial Franciscana, 1996; ABREU, Carlos de, "A construção do Convento de São Francisco no contexto da evolução urbanística da vila de Torre de Moncorvo" in Côavisão - Cultura e Ciência, n.º 6, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2004, pp. 15-33; FIGUEIREDO, Ana Paula Valente, Os Conventos Franciscanos da Real Província da Conceição - análise histórica, tipológica, artística e iconográfica, [tese de doutoramento], 3 vols., Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008.

Documentação Gráfica

DIE: Projecto para o quartel do Batalhão de Caçadores, n.º 3, 2653-2-23A-33, s.d.

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: AHMF, Conventos extintos, Convento de São Francisco de Torre de Moncorvo, cx. 2238

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1698, 20 Junho - reparação da parede do dormitório, que se achava arruinada, por ordem de Frei Bernardino de São João.

Observações

*1 - o edifício desaparecido tinha acesso ao Convento procedia-se por uma rampa, no princípio da qual existia um cruzeiro monolítico. Convento de planta rectangular irregular, com uma das alas a prologar-se para a fachada principal, composto por igreja e zona conventual. IGREJA era de planta longitudinal composta por nave e capela-mor bastante profunda. A fachada principal tinha, inicialmente, um remate em empena, constituindo o esquema mais anacrónico da Província, remodelada posteriormente, desconhecendo-se se por influência dos imóveis da Província do Minho se das da Beira, com amplo vão de acesso à galilé, encimado pelo janelão do coro, com moldura recortada, e por óculo de perfil lobulado; após a reforma, ficou com dois nichos sustentados por mísulas e encimados por frontões triangulares. No lado esquerdo, campanário de dois registos separados por cornija, o inferior cego, rematado por cornija e pináculos de bola, com um remate simples, semelhante a Caminha, Melgaço, Monção, Mosteiró, Arcos e Vila Real. No INTERIOR três confessionário e o púlpito no lado do Evangelho, surgindo, no oposto, uma tribuna lateral, revelando a existência de um órgão junto ao coro-alto. Na nave, a Capela da Senhora das Dores era a segunda do lado da Epístola, com o orago, possuindo resplendor e espada de prata, com 4 palmos, de madeira estofada e as mãos cruzadas sobre o peito; sobre o altar, uma banqueta pintada de branco e dourado. Existiam, ainda, as capelas profundas de São José e Senhor dos Aflitos. A primeira com a imagem do orago e banqueta dourada com um Crucificado; a Capela do Senhor dos Aflitos com a escultura do titular sobre a banqueta de madeira pintada. rco triunfal encimado por um Calvário, composto pelo Cristo, com resplendor dourado, a Virgem e São João, com resplendores de latão. Estava ladeado por capelas dedicadas a Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e Santo António (Epístola), a primeira com a imagem ornada por coroa de prata, a segunda por resplendor de latão, e, sobre os altares, banquetas de madeira dourada; a primeira estava iluminada por uma lâmpada de latão dourado. O retábulo-mor, de talha dourada, tinha, na boca da tribuna, um painel com a representação do Milagre da Porciúncula, encomendado na cidade de Valência, em Espanha, por frei Marcos da Conceição; encontrava-se flanqueado pelas imagens de São Francisco (Evangelho) e São Bernardino de Siena, no oposto, tendo embutido na base da tribuna, uma Nossa Senhora das Dores e, sobre a banqueta, São Diogo e São Pedro de Alcântara. As imagens tinham resplendores de latão, surgindo, sobre o sacrário, um Crucificado e, sobre o altar, uma banqueta dourada. A capela-mor, iluminada por uma lâmpada, possuía três mochos. A ornar a igreja, existiam dois painéis grandes, um figurando a Natividade e outro uma Adoração, podendo corresponder a tábuas de primitivas estruturas retabulares. CONVENTO desenvolvido em torno de claustro quadrangular, onde, se situava a sepultura de Frei Gaspar do Salvador e, no lado N., a portaria, que tinha uma sineta, um banco de encosto e uma mesa com gaveta; ao lado, a Casa do Capítulo e a Hospedaria; esta tinha oito bancos de madeira de pinho, para formar as camas, dois bancos de encosto, quatro cadeiras de palhinha e uma banca. A ala E. com o refeitório, cozinha, "De Profundis" e lavabo; o refeitório era ornado por uma pintura da "Última Ceia" e era iluminado por candeeiros de latão com quatro lumes, possuindo dois armários de castanho. Ao lado da igreja, a Via Sacra, com acesso à Escada das Matinas e à sacristia; esta tinha um arcaz de madeira, encimado por espaldar de talha dourada, tendo, ao centro, um nicho com várias relíquias, em dois braços, três custódias e "(...) huma Cruz de Jerusalem de dous palmos toda esmaltada de madre perola, e a orla perfilada de marfim" (JOSÉ, 1760), com vinte e duas relíquias em cada face, tendo, junto à peanha, relíquias dos Santos Mártires de Marrocos e, nos braços, as de São Cândido e São Natense, trazidas de Roma por Sebastião Soares da Fonseca. Na sacristia existia, ainda, uma sineta que servia para a chamada das missas, com as seguintes alfaias: uma custódia de exposição do Santíssimo Sacramento, em prata dourada e lavrada, quatro cálices, quatro colheres, cinco coroas, uma custódia, quatro patenas, duas píxides, quatro resplendores, tudo em prata e avaliado em 241$258. No segundo piso, existia o dormitório, o primitivo virado a N. e o mais moderno desenvolvendo-se de N. para S., com as janelas a abrir para o terreiro da cerca, situada a E.; os dois dormitórios ficaram com um total de 15 celas e uma janela regral no lado N.. A casa do fogo ficava no topo do dormitório. No lado S., a biblioteca e, na ala que se prolongava, a enfermaria, com varanda própria. A barbearia, na ala E., virada para o claustro, tinha duas cadeiras de madeira de castanho e uma mesa com duas gavetas, pintadas de vermelho. A CERCA tinha um terreiro a E., de onde partia uma rua, orlada de assentos, cobertos por parreiras em latada; no extremo, surgiam umas escadas, que levavam a um alpendre com um nicho de Santo António; constituindo uma fonte; mais acima, a Capela de São Pedro, situando-se no topo a de Nossa Senhora da Graça, com uma imagem de madeira com 3 a 4 palmos, tendo o Menino no braço esquerdo; a cerca era atravessada por um ribeiro, em cuja margem cresciam figueiras; havia uma zona de cultivo, com horta e vinha, um pomar de fruta e uma mata com medronheiros, azevinho, zimbros e frutos silvestres, mandados plantar por Frei Pedro Moreira, em data desconhecida. Junto ao Convento, a casa do forno, a casa dos moços, uma estrebaria, um lagar, iluminado por duas janelas, e um coberto para porcos. *2 - fazem parte da Província os seguintes Conventos: Santa Maria de Mosteiró (v. PT011608030013), Santa Maria da Ínsua (v. PT011602120133), São Francisco de Viana (v. PT011609310047), Santo António de Ponte de Lima (v. PT011607350252), Santo António de Caminha (v. PT011602070044), São Bento de Arcos de Valdevez (v. PT011601340059), São Bento e Nossa Senhora da Glória de Monção (v. PT011604170011), Nossa Senhora da Conceição de Melgaço (PT011603180044), Santo António do Porto (v. PT011312120035), São Francisco de Lamego (v. PT011805010074), São Francisco de Orgens (v. PT021823190031), São Francisco de Moncorvo, São Francisco de Vila Real (v. PT011714240091), Santo António de Serém (v. PT020101120131), Santo António de Viseu (v. PT021823240358), Santo António de Viana (v. PT011609310048), Santo António de Vila Cova de Alva (v. PT020601180012), Santo António de Pinhel (v. PT020910170012), São José de São Pedro do Sul (v. PT021816140005), Convento do Senhor da Fraga (v. PT021817040031), Colégio de Santo António de Coimbra (v. PT020603020036 e PT020603020163) e o desaparecido Hospício de Lisboa.

Autor e Data

Paula Noé 2008 / Paula Figueiredo 2009
Fonte:http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=27424
Foto a cores do Asilo Francisco Meireles ( A.F.M.) .
Postal do Convento de São Francisco (1908)


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