O principal grupo ibérico de cogumelos,
Sousacamp, queixa-se da dificuldade em encontrar mão-de-obra para a
empresa-mãe, sediada na aldeia de Benlhevai, no distrito de Bragança. A empresa
é "obrigada" a ir buscar trabalhadores a Espanha e outros de países do
Leste europeu.
O grupo, que controla 90% do mercado português
de cogumelos e é líder na Península Ibérica, tem unidades em Paredes, Vila Real
e Espanha, mas nasceu e mantém a sede e a principal fábrica nesta aldeia
transmontana.
É nesta unidade, com cerca de 170 postos de
trabalho, que tem a maior dificuldade em recrutar trabalhadores e onde continua
a precisar de mão-de-obra, segundo afirmou à agência Lusa Amável Teixeira,
director do departamento de produção do grupo. "Muita gente fala de desemprego,
mas nós continuamos a ter problemas quando queremos empregar pessoas",
apontou.
O responsável reconhece que tanto neste
concelho, com menos de 6.500 habitantes, como em todo o Nordeste Transmontano,
os recursos humanos são cada vez menos, devido ao despovoamento e ao
envelhecimento da população. Porém, afirmou não entender "por que é que as
pessoas não migram para o Interior", onde " a qualidade de vida será
muito melhor do que no Litoral".
Ainda assim, segundo disse, a maioria das
pessoas que trabalha na fábrica de Benlhevai é do concelho de Vila Flor, mas a
empresa é "obrigada a ir buscar [trabalhadores] ao exterior", alguns
a Espanha e outros de países do Leste europeu.
Quem quiser trabalhar, "tem aqui uma
oportunidade, depois há que demonstrar que quer mesmo trabalhar", vincou o
director.
Empresas exigentes
O concelho de Vila Flor apresenta uma taxa de
desemprego que ronda os 10,7%, inferior à média nacional.
O presidente da Câmara, Fernando Barros,
encontra uma explicação para este desajustamento entre o desemprego, as
necessidades da empresa e a disponibilidade da população activa.
"Muitas vezes tem a ver com o valor que é
pago", considerou, argumentando que pode prender-se também com o problema
das deslocações porque "há sempre algumas distâncias entre o local de
trabalho e a origem das pessoas", embora a empresa em causa disponibilize
transporte aos seus trabalhadores.
Outra razão apontada pelo autarca tem a ver
com o grau de exigência destas empresas e a cultura laboral existente numa região
onde o trabalho em fábricas é escasso.
"São empresas também muito exigentes
porque quando o cogumelo tem de ser colhido, tem mesmo de ser colhido, de dia
ou de noite, ou ao sábado ou ao domingo ou num dia de semana. É natural que, às
vezes, as pessoas não queiram trabalhar por turnos, por exemplo, mas isso é
aqui e é em todo o lado", concretizou.
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