No contexto europeu oitocentista, o fenómeno
monumental tornou-se uma realidade incontornável na área da cultura. Nas
palavras plenas de atualidade de A. Riegl (1858-1905), este fenómeno configura
um verdadeiro culto. Segundo a teorização de Riegl, os critérios em que se
apoia o culto monumental oscilam entre a intenção e a receção, ou seja, entre
os monumentos criados para permanentemente lembrarem alguém ou alguma coisa e
aqueles cuja significação monumental constitui uma aquisição resultante do modo
como as mensagens de que é portador são percecionadas pelos indivíduos num dado
momento histórico. A publicação que ora temos a honra de apresentar
estrutura-se a partir de monumentos cuja significação monumental decorre,
justamente, da receção / perceção: os monumentos são-no na medida em que, no
tempo presente, a(s) sua(s) mensagem(ns) são significantemente atualizadas. Eis
o como e o porquê dos monumentos se constituírem em trama para uma infinidade
de narrativas. Com a publicação do presente livro - dedicado aos monumentos do
Vale do Douro - cumprimos o propósito de demonstrar que a relação com a(s)
Pessoa(s) e a estima que nela se constrói e fortalece, é uma verdadeira seiva
que mantém vivos os monumentos / património.
O presente livro dá pois rosto a uma política
do património; política que se faz com e para a(s) Pessoa(s) e as Comunidades.
No
exercício da missão que legalmente lhe foi confiada nos termos do Decreto
Regulamentar n° 114/2012, de 25 de maio «A Direção Regional de Cultura do Norte
tem por missão, na respetiva circunscrição territorial e em articulação com os
organismos centrais da Secretaria de Estado da Cultura, a criação de condições
de acesso aos bens culturais, o acompanhamento das atividades e a fiscalização
das estruturas de produção artística financiadas pelo Secretaria de Estado da
Cultura, o acompanhamento das ações relativas à salvaguarda, valorização e
divulgação do património arquitetónico e arqueológico e, ainda, o apoio a
museus», entendemos dever ter sempre presente que «... o essencial não está na
conservação do que é material e visível. O que torna o quotidiano ainda
habitável e poético são as artes, inúmeras e secretas, da memória e do
esquecimento. Que as narrativas que
publicamos possam suscitar e renovar o envolvimento da(s) Pessoas(s) com os
seus monumentos.
O Diretor Regional
António Ponte
Abril 2014
Fonte: "ONDE NADA SE REPETE" - crónicas à volta do património.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.