Tiago Rodrigues: o Teatro Nacional e a avó Cândida

Há pouco tempo, Tiago Rodrigues foi visitar a avó Cândida a Trás-os-Montes e contou-lhe que tinha sido convidado para diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II. A avó tem 85 anos e, além de ter perdido a visão, já se esquece de muitas coisas. Mas mostrou-se preocupada com o futuro do neto: "O teatro não é vida...", disse-lhe.

Tiago sorri ao contar esta história. Tem 37 anos e já sabe, há muito, que o teatro é a sua vida: "Tenho uma enorme gratidão por todos os que me antecederam. Não estou vaidoso por estar no Teatro Nacional por achar que é o topo da minha carreira, nada disso. Mas tenho orgulho nesta história e em poder dizer à minha avó, cozinheira, com a 4.ª classe, que o seu esforço deu frutos. Acho que é um enorme desafio e é um sítio para onde eu vou para lutar ferozmente por nós todos."

O mais novo diretor do Teatro Nacional entra em funções em janeiro e só em setembro do próximo ano apresentará a primeira temporada por si delineada. Mas na próxima semana, depois de estrear António e Cleópatra, no Centro Cultural de Belém, começará a aparecer no Rossio. Quer conhecer (ainda mais) os cantos à casa. Quer aprender (ainda mais) com o diretor que está de saída, João Mota - que foi seu professor na Escola Superior de Teatro e que, quando quase todos duvidavam do talento do então jovem ator, lhe disse: "Tu podes não ter muito jeito, mas tens uma energia qualquer."

Fonte: http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4267625