O Camané assistiu, encantado, à apresentação do livro do
Tiago Patrício “Mil Novecentos e Setenta
e Cinco”, a qual teve lugar no dia 30 de Maio passado, na Biblioteca de Moncorvo.
A propósito, lembrou-se do 25 de Abril de 74, que o apanhou
com 12 anos e sem qualquer ideia do que fossem marxismo, comunismo, fascismo ou
nazismo.
Era seu professor de Português o nosso amigo A.J.Andrade
que foi assediado pela garotada para que
explicasse esses -ismos todos. O
professor explicou. E todos aprenderam, digamos, cada um a seu modo, pois que
pais e mães, e vizinhos e o padre também deram a sua achega.
Messes depois chegou a apanha da azeitona. Com os
-ismos uns mais outros menos arrumados, a canalhada foi ao rebusco, enquanto as mães andavam na apanha.
Era assim nas férias do Natal.
Os garotos maiorzinhos, pelo meio do rebusco,
escapuliam-se e iam à bretcha. Sabiam muito bem onde estavam as oliveiras mais
carregadinhas. Num virar de mão enchiam os taleigos duas, três vezes e depois
podiam ir jogar a bilharda. O dono, latifundiário, não ficava mais pobre por
isso.
Uma tarde, andavam todos a ripar azeitona, linda que nem
botões de rosa, quando ouviram o feitor que já de longe os ameaçava: “Ladrões,
seus ladrões! Eu dou-vos a roubalheira! Já chamei a polícia que vem já aí !” .
Os garotos corriam ladeira acima e um disse: “Parecemos judeus a fugir dos
nazis”. A essa ideia pararam e começaram a gritar para o feitor: “ Bufo ! Seu
bufo! Não temos medo da pide. Não temos medo de fascistas” . E puseram cá para
fora todos os ensinamentos que o bom do professor lhes havia transmitido.
Ergueram o punho e soltaram o seu grito de guerra: “A terra a quem a trabalha”.
E o feitor desandou.
*”bretcha”, ir à bretcha = roubar azeitona das oliveiras
ainda não varejadas. (pronúncia popular).
Júlia Ribeiro
Enquanto uns andam à brecha eu ando ao rebusco do meu vencimento e de tudo que sem pudor me têm roubado.Nem ismos usam: brecham e pronto.Viva o grande Camané e a sua cronista oficial.
ResponderEliminarLeitor.
amigo Camané,a bretcha tinha que ser na mecha.tens que ler o conto/crónica das 11 castanhas,passado na primeira republica em Carviçais e escrito pela dra Júlia Barros Biló.
ResponderEliminarBotem lá no blog.
Camone
Vivam Dra Júlia e grande Camané : o que eu me divirto com estas cenas. venham mais.
ResponderEliminarAG