Moncorvo, 5 de Novembro de 1967 - Mal a caçado
acabou, pus-me o curar no dicionário da memória uma palavra onde pudesse caber
a serra do Reboredo, que calcorreei, o dia inteiro. Queria guardar nela as
emoções que senti, para as ter à disposição quando novamente me apetecessem
algumas horas de violência e dispersão.
Teria de ser negra, pesada, férrea, e ao mesmo tem, alta e circular, aberta a
onfindos e seros horizontes de luz doirada, reflectida dos restolhos ondulados.
Mas não havia maneira de a encontrar. E quando desesperava, dei conta que tinha
os óculos na testa, como os velhos tontos. Era Reboredo, mesmo.
Este texto está incluído no livro "Pátria Breve" de Ernesto Rodrigues, edição Textype.
Nota do editor: fotografia de Leonel Brito - Arquivo Fotográfico do Blogue.
E palavras para quê?
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