Castro Vicente |
Era uma vez em Castro Vicente
de almas negras com fumo de maldição.
As mulheres sofriam em
silêncio
e as crianças não nasciam em Castro Vicente.
Das ruínas do castro fugiam
os corvos
crocitando negros até ao
Rio
e as cobras invadiram as
pedras
e sugaram o leite das crias
dormentes e amargas ao
anoitecer.
Era uma vez em Castro Vicente
com padre temente que o sino
caísse
no silêncio da terra
amaldiçoada.
As pedras vertiam sangue e as
cobras
falavam a língua rascante do
Oculto.
Fugiam as aves do céu em peste.
Até em Castro Vicente o
padre chorava.
Veio o Bruxo quando o Diabo
já chegara.
E pela primeira vez em Castro Vicente
um Bruxo foi santo ungido de
urtigas
e ossos ressequidos com
danças de freira
vestida de sambenito, ave
livre do Planalto.
E as crianças começaram nascer
no tempo em que se anunciava
o fim do Mundo.
Era uma vez e aconteceu em Castro Vicente
no dia em que o Diabo se
esqueceu do Oculto.
Pedro Castelhano
Pois sim, mas o diabo tem fama de nunca se esquecer de nada. Desta vez pode ter querido falhar a fim de deixar campo aberto a nós outros.
ResponderEliminarSe as pedras não falam, ou por outra, nem sempre entendemos o seu estático aceno; se os animais «naquele tempo» falaram e por isso se diz isso, então comunguemos nestes olvidos sem outras armas que não sejam as que são susceptíveis de conduzir ao (re)conhecimento, nas coisas aparentemente espalhadas, daquilo que as origens carregam.
Carlos Sambade
Não conhecia a lenda de Castro Vicente de que o nosso amigo Rogério construiu tão fantástica toada.
ResponderEliminarQue o Diabo se esquecesse do Oculto só é possível pelos seus muitos afazeres. Mas o Oculto não se esqueceu do Diabo e falou através dos corvos, das cobras e dos bruxos . O Bruxo de Castro Vicente, ungido de urtigas e santificado ... e eis que a maldição se esfuma .
Belo poema. E eu que gosto tanto da lendas !
Um abraço grande
Júlia
Gostava de ouvir esta balada, musicada e cantada, pelo nosso padre Victor.
ResponderEliminarEscreve tão bem este senhor.Bem haja.
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