[São João das Arribas. Miranda do Douro] |
pendones de papoulas sboláixan anriba un mundo para que naide mira, puis todos
ls uolhos sorbe l’amponiente queluobra de l Douro, mas ye defrente la mirada de
l retratista, assi le dando outro ser a este rei de ls assomadeiros mirandeses,
ponendo an purmeiro ls eiternos miradores de l Douro, yá zde quando
ls zoelas bibien naquel amponiente castro: magarças, papoulas, yerba amarielha,
cebada de rato, yerba bota, carniçuolos, garabatina, xaramagos, yerba
pingoneira, azedas brabas, arroç de ls telhados, trebos bários, penheiras,
foguetes, almendricas de Nuossa Senhora i tantas mais yerbas a rumper pul
scaleto dun galho de carrasco;
lhebantas ls uolhos i tenes Spanha a la mano squierda i Pertual a la mano dreita, cun la lhinha de la raia a passar pula bena de l’auga i las centinelas que siempre eilhi stubírun a bestir de berde las Arribas: carrasqueiras, fedieiras, niebros, scobas, piornos, berceu, lantisco, tomielhos, tomelinha, scobielha, garrocheiras ou roseiras brabas, algue almendreira ou até figueira, cebolhetas bárias, talbeç mesmo cebolas almorrainas i, quien sabe, algue rosa sarnosa, que todo béien ls uolhos afeitos a este mundo;
son retratos singelos como este ua scuola de l mirar que siempre mos oubrígan a ber todo dun outro modo, recustruindo mundos muito mais ricos do que ls que se mos ampónen al mirar, anque an todos eilhes more un assombro que mos lhieba al que somos i a adonde pertencemos.
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lhebantas ls uolhos i tenes Spanha a la mano squierda i Pertual a la mano dreita, cun la lhinha de la raia a passar pula bena de l’auga i las centinelas que siempre eilhi stubírun a bestir de berde las Arribas: carrasqueiras, fedieiras, niebros, scobas, piornos, berceu, lantisco, tomielhos, tomelinha, scobielha, garrocheiras ou roseiras brabas, algue almendreira ou até figueira, cebolhetas bárias, talbeç mesmo cebolas almorrainas i, quien sabe, algue rosa sarnosa, que todo béien ls uolhos afeitos a este mundo;
son retratos singelos como este ua scuola de l mirar que siempre mos oubrígan a ber todo dun outro modo, recustruindo mundos muito mais ricos do que ls que se mos ampónen al mirar, anque an todos eilhes more un assombro que mos lhieba al que somos i a adonde pertencemos.
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pendões de papoilas esvoaçam sobre um mundo em que ninguém repara, pois
todos os olhos sorve a imponente cobra do Douro, mas é diferente o olhar do
fotógrafo, assim dando outro ser a este rei dos miradouros mirandeses,
colocando em primeiro plano os eternos observadores do Douro, já desde quando
os zoelas viviam naquele imponente castro: … [e aqui nomeio todas as ervinhas
que consigo divisar, quase adivinhar, mas de que não sei o nome em português,
por isso não prescindo das minhas duas línguas, o mirandês e o português, para
dizer o meu mundo];
levantas os olhos e tens a Espanha à esquerda e Portugal à direita, com a linha de fronteira a passar pelo centro da linha de água e as sentinelas que sempre ali estiveram a vestir de verde as Arribas, … [e aqui segue-se mais uma enumeração de plantas desconhecendo o nome português de algumas delas];
são fotografias simples como esta uma escola do olhar que sempre nos obrigam a ver tudo de um outro modo, reconstruindo mundos muito mais ricos do que os que se impõem ao olhar, embora em todos eles more um assombro que nos reconduz ao que somos e adonde pertencemos.
levantas os olhos e tens a Espanha à esquerda e Portugal à direita, com a linha de fronteira a passar pelo centro da linha de água e as sentinelas que sempre ali estiveram a vestir de verde as Arribas, … [e aqui segue-se mais uma enumeração de plantas desconhecendo o nome português de algumas delas];
são fotografias simples como esta uma escola do olhar que sempre nos obrigam a ver tudo de um outro modo, reconstruindo mundos muito mais ricos do que os que se impõem ao olhar, embora em todos eles more um assombro que nos reconduz ao que somos e adonde pertencemos.
Luís Borges e Amadeu Ferreira
VER:
Julieta Pega escreveu:Que texto maravilhoso bem como a foto...
ResponderEliminarMaria De Jesus Fernandes escreveu: Tanta coisa bela no nosso cantinho e que tantos desconhecemos!!! Obrigada a quantos nos dão a conhecer estas maravilhas... Fica a vontade de ir até lá um dia...
ResponderEliminarAinda que atrasada como o tempo, dou-lhe os parabéns e até lhos cantaria se tivesse boa voz.
ResponderEliminarUm texto fantástico tal como a foto que o acompanha. Só tenho pena de não saber a tradução dos nomes de todas as ervas que o Amadeu refere. Por aproximação, quase atingi os 50% em "corredourense". Mas não o maço mais. Desejo-lhe uma recuperação rápida e total.
Um abraço para o escritor e outro para o fotógrafo. (O que surgiu primeiro? O texto ou a fotografia?)
Júlia