É noite. Nem o vento respira
neste jardim
abandonado.Poucas
são as vozes que vão preparando
a grama com folhas dispersas
de
árvores que nem os pássaros
acolhem.
É noite. O relevo das
montanhas
com luzes ao alto não sossega
a alma.
Como direi aos vindouros que
aqui
houve sonhos, sexo sonhado,
ternuras
mal encaminhadas? Nem o vento
respira. Que sussurro alonga
esta
noite? Que culpas há de
envelhecer
com estas cadeiras tão cheias
de vazio?
A sombra das árvores
reflecte-se no chão
como caminho que não se deve
percorrer
nem perguntar aos deuses que
passos
inventaram para sair do
jardim feito
labirinto. São disformes as
sombras.
Inclina-se a noite para um
maior
silêncio. Pessoas passam
dissolvidas
no tempo, restos de mim de
outrora.
Não sei dizer não à
melancolia.
Esta noite amaldiçoarei os
deuses
que o meu destino é chegar ao
fim
sem nada que mereça. AH! O
jardim.
Pedro Castelhano
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