— O patrão manda — disse João com simplicidade. — Vou então amanhã de manhã no comboio das sete.
Uma sombra de contrariedade passou pelo rosto de D. Lourenço.— Sabes — disse ele um pouco hesitante —, eu queria que tu assistisses à vindima desde o começo. E se fores nesse comboio não podes. Chega ao Pocinho ao meio-dia e a Moncorvo às duas. Não conseguias estar em Peredo antes das cinco da tarde. Tinha pensado outra coisa: que fosses no «mercadorias» que passa aqui às dez e que tem uma carruagem de passageiros, que faz ligação com a linha de Carviçais. E uma maçada, mas assim ao romper da manhã estás lá. Sempre gostava de ver a cara do Fóia quando te vir chegar...
Excerto do conto O PRIMEIRO CRIME DE SIMÃO BOLANDAS in CONTOS E NOVELAS, VOI. III , de DOMINGOS MONTEIRO
tratava-se do comboio de mercadorias conhecido por «carroção», saía de Campanhã á meia noite com uma carruagem no fim destinada a passageiros sem classes. Demorava cerca de 2 horas na Régua para manobras, cargas e descargas e chegava na manhã seguinte ao Pocinho. Servia-me dele quando andava na tropa para aproveitar algum tempo no Porto e mais meio dia na terra e como havia pouca gente dava para dormir no banco destinado a 4 pessoas.
ResponderEliminarEu não sabia. Pensava que era apenas um comboio ronceiro de mercadorias.
ResponderEliminarVamos sempre aprendendo.
Abração
Júlia
No centenário da linha deviam publicar mais textos.
ResponderEliminarComboios mistos, assim se chamavam, houve vários, sobretudo na via estreita.
ResponderEliminarDomingos Monteiro (Barqueiros, Mesão Frio, 6 de Novembro de 1903 - Lisboa, 17 de Agosto de 1980) foi um advogado, poeta e escritor português.
ResponderEliminarDomingos Monteiro Pereira Júnior era filho de Domingos Monteiro Pereira, lavrador abastado, e de Elvira da Assunção Coelho Monteiro, ambos naturais da mesma freguesia de Barqueiros, concelho de Mesão Frio. Entre 1918 e 1920, foi aluno interno do Liceu Central de Camilo Castelo Branco, em Vila Real. Veio para a capital portuguesa e concluiu a licenciatura em Direito pela Universidade de Lisboa, em 1927, com a classificação de 18 valores.
Carreira profissional
Domingos Monteiro exerceu a advocacia, sendo que no início da sua carreira defendeu diversos opositores do regime político então vigente. A sua preocupação democrática levou-o também a fundar, ainda muito jovem, o Partido da Renovação Democrática, bem como, mais tarde, o Diário Liberal.
A vocação literária acabou por se sobrepor à actividade forense e política, e foi como escritor que ganhou projecção e reconhecimento. Exerceu também algumas actividades afins, como as de jornalista, crítico, editor e foi ainda responsável pelo Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1948 fundou a Sociedade de Expansão Cultural que veio a ter uma acção notável na divulgação dos autores portugueses.
Ainda durante o ensino liceal em Trás-os-Montes, publicou alguns poemas em O Dilúculo, um jornal local de jovens que se publicou entre 1 de Dezembro de 1918 e o primeiro trimestre de 1921, dirigido por Joaquim Rodrigues Grande. Com apenas dezasseis anos estreou-se nas letras com a edição do seu primeiro livro de versos, Orações do Crepúsculo. Este livro foi elogiosamente prefaciado por Teixeira de Pascoaes a quem Domingos Monteiro dedica o segundo livro, também de versos, Nau Errante, de 1921. Três décadas mais tarde voltaria a publicar poesia, com Evasão, de 1953, e, em 1978 publicaria o seu último livro de versos, Sonetos.
Domingos Monteiro fez também algumas incursões no domínio da história (de que se destaca uma História da Civilização em três volumes), do ensaio, da crítica e do teatro. Mas foi sobretudo como ficcionista que alcançou renome. E, dentro da ficção, a sua forma preferida de criação é a novela, género intermédio entre o conto e o romance, em matéria de complexidade de enredo e extensão. Escritor realista, a que todavia não é estranho o fantástico, muito influenciado pelo naturalismo francês e russo, publicou mais de uma quinzena de títulos, de que se destacam, entre outros, O Mal e o Bem, O Primeiro Crime de Simão Bolandas com o qual obteve o Prémio Nacional de Novelística e o Prémio Diário de Notícias, e ainda Letícia e o Lobo Júpiter agraciado com o Prémio Nacional de Novelística. Vários livros e contos foram traduzidos em castelhano, catalão, inglês, alemão, polaco e russo, e outros foram incluídos em diversas antologias nacionais e estrangeiras.
[editar] Obras publicadas
[editar] Poesia
1919 - Orações do Crepúsculo
1921 - Nau Errante
1953 - Evasão
1978 - Sonetos
[editar] Ficção
1945 - O Mal e o Bem
1952 - Contos do Dia e da Noite
1957 - O Homem Contemporâneo
1957 - Sortilégio do Natal
1958 - O Caminho para Lá
1961 - Histórias Castelhanas
1961 - Histórias deste Mundo e do Outro
1962 - Enfermaria, Prisão e Casa Mortuária
1963 - O Dia Marcado
1964 - Contos de Natal
1965 - O Primeiro Crime de Simão Bolandas
1966 - Histórias das Horas Vagas
1967 - Histórias do Mês de Outubro
1969 - A Vinha da Maldição
1970 - O Vento e os Caminhos
1971 - O Destino e a Aventura
1972 - Letícia e o Lobo Júpiter
1978 - O Sobreiro dos Enforcados e Outras Narrativas Extraordinárias
[editar] Ensaio
1931 - Bases da Organização Política dos Regimes Democráticos
1933 - A Crise de Idealismo na Arte e na Vida Social
1944 - Paisagem Social Portuguesa
1951 - História da Civilização (3 volumes)
1965 - A Medicina e a Literatura nas suas Múltiplas Relações
[editar] Teatro
1958 - A Traição Inverosímil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Monteiro
Antonio Abrunhosa escreveu:só chegava ao PEREDO ÀS 19 HORAS EU FIZ ALGUMAS VESES porque a carreira saia de moncorvo 2h30 se apanha-ses senao era só as 19h
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